Datafolha: Reprovação a Dilma chega a 65% e só não é pior que a de Collor

Publicado em 20/06/2015 18:06
Numa simulação para presidente, Aécio aparece com 10 pontos de vantagem sobre Lula

A presidente Dilma Rousseff chega ao final do primeiro semestre avaliada como ruim ou péssima por 65% do eleitorado, um novo recorde na série do Datafolha desde janeiro de 2011, início de seu primeiro mandato.

No histórico de pesquisas nacionais de avaliação presidencial do instituto, essa taxa de reprovação só não é pior que os 68% de ruim e péssimo alcançados pelo ex-presidente Fernando Collor de Mello em setembro de 1992, poucos dias antes de seu impeachment.

Considerando a margem de erro de dois pontos para mais ou para menos, trata-se praticamente de um empate.

No levantamento realizado na quarta (17) e na quinta (18), o Datafolha apurou que apenas 10% dos brasileiros classificam o governo da petista como bom ou ótimo.

Essa taxa —só comparável às dos momentos mais críticos de Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso— equivale a um terço da pior marca de Dilma em seu primeiro mandato, os 30% pós-junho de 2013, quando uma onda de grandes protestos espalhou-se pelo país.

Em relação à pesquisa de abril, a reprovação de Dilma subiu cinco pontos; a aprovação oscilou três para baixo.

A atual taxa de aprovação da presidente é baixa, e em patamares muito parecidos, entre eleitores de diferentes níveis de renda. No grupo dos mais pobres, os que têm renda familiar mensal de até dois salários mínimos, 11% a aprovam, 62% a reprovam. No segmento dos mais ricos (acima de 10 salários), 12% a aprovam, 66% a reprovam.

Tendências parecidas ocorrem nos recortes por sexo, idade e escolaridade.

Algum contraste pode ser observado na aprovação por região. No Sudeste, a área mais populosa, só 7% aprovam a presidente. No Nordeste, 14%. Já a reprovação nos nove Estados nordestinos, área onde Dilma obteve enorme vantagem de votos na eleição de 2014, é de 58%.

 

AGENDA

Os resultados ocorrem em meio à uma série de eventos negativos para a imagem da presidente, como o risco de rejeição das contas do governo em 2014 pelo Tribunal de Contas da União e o aprofundamento da Operação Lava Jato, que apura um esquema de corrupção na Petrobras.

O ajuste fiscal que tem sido defendido e promovido pelo governo tampouco parece ajudar. Para 63%, as medidas afetam principalmente os mais pobres. Outros 29% acham que afetam igualmente pobres e ricos.
A pesquisa foi feita antes da prisão de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, as duas maiores empreiteiras do Brasil.

Mas sob forte efeito da queda do emprego, cujo resultado estatístico mais chamativo foi anunciado na sexta (19) pelo Ministério do Trabalho.

Conforme a pasta, 115 mil vagas de trabalho com carteira assinada foram encerradas em maio, o pior resultado para o mês desde 1992. Foi, conforme os dados do Caged (Cadastro-Geral de Empregados e Desempregados), o quarto mês de queda no emprego neste ano, que já acumula um saldo negativo de quase 244 mil vagas formais.

No Datafolha, o tema aparece no capítulo que investiga as expectativas econômicas da população. E também como recorde. Para 73%, o desempego irá aumentar no próximo período ante 70% que pensavam assim três meses atrás e 62% em fevereiro.

Outro sinal detectado pela pesquisa nessa área é que o desemprego passou a ser visto como o principal problema do país por 11% do eleitorado. Em fevereiro, eram 6% os que pensavam dessa forma.

Com isso, essa questão trabalhista subiu para o terceiro lugar no ranking de preocupações, atrás da saúde (o principal problema para 22%) e da corrupção (21%).

Embora o indicador de expectativa com a economia como um todo aponte para uma tendência de melhoria, o resultado final não pode ser considerado positivo. O pessimismo, neste caso, caiu de 60% para 53% desde abril. Está um pouco menos pior.

O Datafolha ouviu 2.840 pessoas em 174 municípios.

 

Em 1992 (época do pré-impeachment), Collor era rejeitado por 68% dos brasileiros (em O GLOBO)

SÃO PAULO — O governo da presidente Dilma Rousseff foi avaliado como ruim ou péssimo por 65% dos eleitores, segundo pesquisa do Datafolha divulgada neste sábado. É um recorde. Segundo o instituto, essa taxa de reprovação só não é maior do que a do ex-presidente Fernando Collor de Mello no período pré-impeachment, em setembro de 1992. Na época, Collor era rejeitado por 68% dos brasileiros.

A pesquisa ouviu 2.840 pessoas; a margem de erro é de dois pontos percentuais.

No levantamento realizado nas últimas quarta e quinta-feiras, o governo Dilma é classificado como bom ou ótimo por apenas 10% dos brasileiros. Trata-se, de acordo com o instituto, da maior taxa de impopularidade da petista desde o início de 2011. Em dezembro de 2014, logo após ser reeleita, o índice de aprovação da presidente era de 42% (que consideravam seu governo ótimo ou bom) - apenas 24% achavam seu governo ruim ou péssimo. Hoje, 24% consideram o governo apenas regular.

Em relação à pesquisa anterior, realizada em abril, a reprovação a Dilma cresceu cinco pontos. Em abril, 13% achavam o governo ótimo ou bom, e 27% regular.

 

A pesquisa, que foi feita antes da prisão dos executivos da Andrade Guttierez e da Odebrecht, mostrou que a reprovação a Dilma atinge patamares muito parecidos, entre eleitores de diferentes rendas. Nos de renda mensal de até dois salários mínimos, por exemplo, 62% reprovam Dilma. Entre os mais ricos (que recebem acima de 10 salários), 66% reprovam o governo.

CORRIDA PRESIDENCIAL

A insergurança com o salário e o emprego é a principal frustração dos pesquisados pelo instituto, que também simulou um cenário eleitoral para a Presidência da República. Aécio Neves (PSDB-MG) alcançou 35% das intenções de voto — 10 pontos à frente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marina Silva aparece com 18%.

 

REVISTA EXAME:

O que as favelas pensam dos protestos contra Dilma?

São Paulo – O que os moradores das periferias pensam dos protestos contra a presidente Dilma Rousseff que tomaram as ruas do país no início do ano? Foi com base nesta pergunta que surgiu a pesquisa "Política & Favelas", realizada em 104 comunidades no Rio de Janeiro e em São Paulo.

“Na época dos protestos e panelaços, muitos analistas disseram que essas manifestações representavam apenas uma classe privilegiada, e que a periferia estaria alheia a esse movimento. Fiquei com uma pulga atrás da orelha”, diz Roseane Rocha Faria, responsável pela pesquisa.

O resultado mostra um quadro de pessoas indignadas com a corrupção, conta a pesquisadora: 99% dos entrevistados disseram que existe muita corrupção no Brasil. “Esse foi o dado que mais me chamou a atenção. Não imaginava que essa percepção estaria tão generalizada”, afirma oseane.

Porém, na visão dos entrevistados, se os políticos são corruptos, o restante dos brasileiros também é. Segundo o levantamento, 71% dos entrevistados concordaram com a afirmação que diz "a maioria dos brasileiros aceita a corrupção porque também faz isso, quando tem chance”.

Em relação à política, 66% disseram que este é um assunto de seu interesse. Na visão de Roseane, o dado confronta o senso comum, que entende que o povo não se interesse pelo tema.

A maioria dos entrevistados também se posicionou a favor dos protestos contra a presidente Dilma Rousseff que ocorreram no início do ano – foram 60%.

Porém, a pesquisa não questionou se os entrevistados participaram das manifestações nas ruas ou dos panelaços. A possibilidade de impeachment da presidente também não estava entre os temas da pesquisa.

“O objetivo não era saber se eles são a favor de impeachment, mas sim mensurar o interesse da população por política, corrupção e pelos protestos. Os resultados derrubam a ideia de que o brasileiro só se interessa por política na época da eleição”, explica Roseane.

O levantamento foi realizado pela DataBasse, a pedido do Outdoor Social, um projeto de publicidade nas favelas. Foram feitas 567 entrevistas, sendo 315 no Rio de Janeiro e 252 em São Paulo. A pesquisa tem margem de erro de 4 pontos percentuais.

Os entrevistados responderam se concordavam ou não com dez afirmativas. Veja abaixo o que eles disseram:

1- No Brasil acontece muita corrupção.

Respostas Base %
Sim 563 99
Não sei 4 1
Total 567 100

2 - A corrupção tira dinheiro da saúde, como clínica da família e hospitais.

Respostas Base %
Sim 547 96
Não sei 11 2
Não 9 2
Total 567 100

3 - A corrupção na Petrobras é invenção.

Respostas Base %
Não 482 85
Não sei 62 11
Sim 23 4
Total 567 100

4 - Concordo com as manifestações contra o governo da presidente Dilma.

Respostas Base %
Sim 340 60
Não 194 34
Não sei 33 6
Total 567 100

5 - A maioria dos brasileiros aceita a corrupção porque também faz isso, quando tem chance.

Respostas Base %
Sim 405 71
Não 83 15
Não sei 79 14
Total 567 100

6 - A política no Brasil é um assunto que me interessa.

Respostas Base %
Sim 376 66
Não 183 32
Não sei 8 1
Total 567 100

7 - Se roubassem menos, haveria mais escolas para as crianças.

Respostas Base %
Sim 514 91
Não sei 39 7
Não 14 2
Total 567 100

8 - Confio na Justiça para prender políticos desonestos.

Respostas Base %
Não 332 59
Sim 171 30
Não sei 64 11
Total 567 100

9 - Alguns políticos são honestos.

Respostas Base %
Sim 340 60
Não 145 26
Não sei 82 14
Total 567 100

10 - Se existir um disque-corrupção, vou denunciar o que vejo de errado.

Respostas Base %
Sim 454 80
Não sei 62 11
Não 51 9
Total 567 100

Tópicos: CorrupçãoEscândalosFraudesDilma Rousseff,PersonalidadesPolíticosPolíticos brasileirosPTPolítica no BrasilPesquisasProtestosProtestos no Brasil


 

 

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Fonte:
Folha de S. Paulo + O GLOBO

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