Consultas ao BNDES têm forte queda neste trimestre, dizem fontes
Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As consultas por novos financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) apresentam forte queda neste trimestre na comparação com um ano antes, colocando a cúpula da instituição em estado de atenção, disseram três fontes a par do assunto à Reuters nesta sexta-feira.
As consultas ao BNDES são um termômetro importante do apetite de empresários para realizar investimentos e um indicativo da atividade da economia brasileira. A consulta é o primeiro passo dado por uma companhia para obter empréstimo do BNDES.
"Houve uma parada expressiva nas consultas e na demanda por recursos", disse à Reuters uma das fontes.
Nenhuma das três fontes, que falaram sob condição de anonimato, soube informar valores precisos.
Em 2014, o BNDES já viu uma redução de 15 por cento no valor das consultas à instituição, que totalizaram 236,2 bilhões de reais, em um ambiente de estagnação da economia.
Neste ano, a economia brasileira deve ter contração de 0,78 por cento, segundo as previsões no mais recente boletim Focus, do Banco Central.
Procurada, a assessoria de imprensa do BNDES informou que o banco não vai se pronunciar sobre as consultas nos primeiros meses de 2015, uma vez que o desempenho operacional do primeiro trimestre será divulgado em data a ser confirmada.
REDUÇÃO DO BALANÇO
O BNDES foi o principal instrumento da política anticíclica dos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff para conter os efeitos da crise global de 2008 e 2009 sobre a economia doméstica.
Nos últimos anos, o Tesouro Nacional injetou quase 500 bilhões de reais no BNDES para suportar o crescimento do balanço patrimonial do banco.
"A redução do tamanho do banco em 2015 parece ser inevitável", disse uma das fontes. "Isso vai causar uma acomodação desejada das liberações do banco, porém esse tamanho menor acontece da pior maneira possível, que é pela falta de demanda e não pela diversificação de fontes de financiamento", prosseguiu a mesma fonte.
Não há previsão de aportes no BNDES pelo Tesouro em 2015 e o governo federal reduziu de forma relevante os subsídios a empréstimos concedidos pelo banco de fomento, como aqueles dentro do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).
Nesta sexta, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, se reuniu por horas a portas fechadas com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Nenhum deles falou com a imprensa após o encontro.
LAVA JATO
A falta de apetite por empréstimos do BNDES estaria relacionada também às consequências da operação Lava Jato, que investiga um escândalo bilionário de corrupção envolvendo Petrobras, empreiteiras e políticos.
"As empreiteiras estão paradas. Elas atuam nas mais diversas áreas. Elas e os seus fornecedores usam recursos do BNDES, e isso rebate aqui", revelou uma das fontes.
"O banco está se blindando e se protegendo de todas as formas para ficar longe dessa história da Lava Jato e represou muitos recursos para essas empresas citadas", completou a mesma fonte.
Diante da ociosidade de algumas áreas do BNDES, a orientação interna seria a de suspender por tempo indeterminado contratações e concursos públicos para novas posições, remanejando parte dos profissionais, de acordo com a fonte.
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