Dólar cai após indicação de BC dos EUA de crescimento moderado
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - Após chegar a subir mais de 1,5 por cento durante a sessão, o dólar reverteu a trajetória e fechou em queda pelo terceiro dia consecutivo, após o comunicado de política monetária do Federal Reserve levar investidores a apostar que os juros norte-americanos não devem começar a subir tão cedo quanto o esperado.
A moeda norte-americana caiu 0,52 por cento, a 3,2141 reais na venda, acumulando baixa de 1,07 por cento nas últimas três sessões. Na máxima da sessão, a divisa subiu 1,54 por cento, atingindo 3,2809 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 600 milhões de dólares.
Após o fechamento do mercado, o dólar ampliou as perdas, marcando queda de 1,27 por cento, a 3,1901 reais.
Apesar de descartar a promessa de ser "paciente" para elevar os juros, o Fed reduziu suas estimativas de crescimento, juros e inflação para 2015 e 2016. Alguns operadores já esperavam que o banco central norte-americano adotasse uma postura mais cautelosa, com medo de impactos adversos da alta do dólar global e queda dos preços do petróleo.
"Foi um comunicado relativamente 'dovish', mas não tanto", disse o economista da 4Cast, Pedro Tuesta, que vê chance "muito menor" de o aperto monetário norte-americano ter início em junho. A manutenção de juros baixos nos EUA por mais tempo sustentaria a atratividade de ativos denominados em reais.
Mas, segundo Tuesta, o efeito do comunicado do Fed sobre o comportamento do real nas próximas sessões pode ser limitado. "Reduz a pressão, mas o real está em um mundo próprio. Há uma chance de o Banco Central anunciar o fim do programa de swaps cambiais e há a questão do ajuste fiscal", acrescentou.
Também por isso, a queda do dólar sobre o real foi menos expressiva do que o movimento em outros mercados de câmbio. O euro, por exemplo, subiu mais de 2 por cento em relação à divisa norte-americana, maior ganho diário desde julho de 2010.
Outro fator que limitou a queda do dólar à vista no Brasil foi um ajuste técnico. Na sessão passada, a moeda dos EUA recuou na reta final do pregão devido ao ingresso de investidores estrangeiros na bolsa, mas, após o fechamento, o dólar futuro reduziu a queda à medida que o impacto do fluxo se dissipou. Por isso, contrato para abril apresentou maior do que o dólar pronto nesta sessão.
No front doméstico, as preocupações com o quadro político e econômico do Brasil mantiveram os investidores cautelosos. O Congresso aprovou na noite passada o Orçamento Federal de 2015, com o maior valor já consignado na lei orçamentária para emendas individuais de deputados e senadores.
"Olhando pelo lado positivo, (a aprovação do Orçamento) parece ser uma trégua temporária nos atritos entre o Executivo e o Legislativo. Mas, é claro, isso não significa que os problemas acabaram", disse um operador de uma corretora nacional, que pediu para não ser identificado.
Pesquisa Datafolha mostrou que a avaliação ruim/péssima do governo da presidente Dilma Rousseff disparou para 62 por cento em março, na maior rejeição a um presidente desde Fernando Collor de Mello às véspera do impeachment em 1992.
A dúvida sobre a possível prorrogação do programa de intervenções diárias do BC no câmbio completou o quadro de incertezas. Nesta tarde, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que a autoridade monetária ainda está por decidir o futuro da atuação, mas ressaltou que o atual programa já tem tamanho significativo.
"Tudo sugere que o fim dos leilões diários já está no preço do dólar", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.
Nesta manhã, a autoridade monetária deu continuidade às rações diárias vendendo a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a 97,2 milhões de dólares. Foram vendidos 100 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.900 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 46 por cento do lote total, que corresponde a 9,964 bilhões de dólares.
Na FOLHA: Dólar cai após indicação de BC dos EUA de crescimento moderado
O dólar comercial, que tinha subido na manhã desta quarta-feira (18), inverteu a tendência após o Federal Reserve (banco central dos EUA) sinalizar um aumento nas taxas de juros nos próximos meses, mas com uma análise considerada mais cautelosa dos indicadores da economia americana.
O dólar à vista, referência no mercado financeiro, teve queda de 0,31%, para R$ 3,267. O dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou em baixa de 0,55%, para R$ 3,213. Na máxima, a moeda bateu R$ 3,28 e na mínima, R$ 3,20.
A Bolsa fechou em alta pelo terceiro dia seguido. O Ibovespa, principal índice do mercado acionário, subiu 2,47%, para 51.526 pontos. Das 68 ações negociadas, 59 subiram e nove caíram.
EUA
O Federal Reserve deu mais um passo nesta quarta para iniciar o aumento das taxas de juros americanos a partir de meados deste ano. Em seu comunicado, que tem sido uma espécie de bússola sobre o início da alta de juros, o Fed retirou a palavra "paciência", que servia para sinalizar que seguiria observando com paciência a evolução dos indicadores de inflação e de emprego antes de aumentar as taxas de juros.
O banco central praticamente descartou um aumento dos juros na reunião de abril, o que fez com que os mercados passassem a esperar uma alta das taxas a partir de junho, como já era esperado pelos mais pessimistas. Os otimistas acreditavam que as taxas pudessem subir a partir de setembro.
Embora o Fed tenha mostrando que está se aproximando de elevar os juros, novas projeções do banco central revelaram uma visão mais cautelosa do cenário econômico. O relatório trimestral do Fed de projeções econômicas apontou corte na perspectiva de inflação para 2015 e reduziu dramaticamente a trajetória para a taxa de juros. O banco central americano reduziu sua visão sobre a atividade econômica, dizendo que o crescimento "moderou um pouco", uma diferença em relação a dezembro, quando citou que a atividade econômica estava se expandindo a um ritmo sólido
Uma alta de juros nos EUA tem o potencial para retirar investimentos nos demais países, com impacto previsto de desvalorizar moedas dos países emergentes, como o Brasil.
"O Fed deu sinais claros de que não está convicto de que, no curto prazo, a economia americana está forte o suficiente para que possa subir os juros", avalia Fabiano Rufato, gerente-sênior da mesa de câmbio da corretora Western Union.
Para Carlos Pedroso, economista sênior do Banco de Tokyo-Mitsubishi, a queda da moeda americana não só em relação ao real mas ante outras divisas emergentes sinaliza uma maior aposta de aumento a partir de setembro.
"Aumentou a chance de que o Fed não comece as elevações em junho. O aumento vai ser mais suave, pois as próprias projeções dos membros do Fed foram revistas para baixo", avalia. O dólar fechou em queda em relação a 17 das 24 principais moedas emergentes.
Na manhã desta quarta, o Banco Central deu sequência às vendas de contratos de swap cambial (que equivalem a uma venda futura de dólares) que tem sido feitas normalmente, segundo programa de intervenções no mercado já em vigor.
BOLSA
Após subir 2,94%, o Ibovespa fechou em alta de 2,47% nesta quarta-feira, impulsionado pelas valorizações de papéis da Petrobras e de bancos.
As ações preferenciais da petrolífera –mais negociadas e sem direito a voto– subiram 4,27%, para R$ 9,27. As ações ordinárias, com direito a voto, fecharam com alta de 4,36%, para R$ 9,09.
Os papéis do Itaú Unibanco encerraram o dia com avanço de 3,02%, para R$ 35,85, enquanto as ações do Bradesco avançaram 3,94%, para R$ 36,90.
As ações da Ecorodovias registraram a maior baixa do pregão. Os papéis da empresa caíram 3,68%, para R$ 9,15, após o resultado do leilão da ponte Rio-Niterói. A empresa venceu o leilão ao apresentar uma tarifa de pedágio de R$ 3,2844, um deságio de 36,67% em relação à tarifa máxima de pedágio estipulada, de R$ 5,1862.
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