Bovespa sobe quase 3%, maior alta desde janeiro
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A Bovespa fechou a terça-feira em forte alta e com o seu principal índice perto da máxima do dia, acima dos 50 mil pontos, após a aceleração na segunda etapa da sessão dos ganhos de ações do setor financeiro, bem como dos papéis da mineradora Vale e da estatal Petrobras <PETR4.SA.
O Ibovespa avançou 2,94 por cento, a 50.285 pontos, a maior alta desde 7 de janeiro. Na máxima da sessão, chegou a subir 3,14 por cento. O volume da sessão somou 7,2 bilhões de reais.
Profissionais no mercado de renda variável ouvidos pela Reuters disseram não ter visto evento específico e relacionaram o movimento a uma correção técnica, amparada principalmente no fluxo de capital externo diante da depreciação do Ibovespa em dólar acumulada em 2015, de 17 por cento.
"A única coisa que explica é o câmbio, que faz com que a bolsa se torne mais atraente para os estrangeiros", disse o gerente de renda variável da Fator Corretora, Frederico Lukaisus.
"Há investidores preferindo reduzir posições vendidas em Brasil antes da decisão do Fed. Há sempre o risco da Yellen (Janet Yellen, chair do BC norte-americano) manter o tom cauteloso sobre os juros", disse o operador Alexandre Soares, da Gradual Investimentos.
O Federal Reserve anuncia sua decisão de política monetária na quarta-feira e o mercado estará atento principalmente ao comunicado, em busca de sinais sobre quando o banco central dos Estados Unidos elevará os juros pela primeira vez em quase uma década.
As preferenciais da Petrobras fecharam em alta de 5,08 por cento, enquanto os papéis ordinários subiram 5,58 por cento. Apesar da alta no dia, os papéis da estatal ainda acumulam em 2015 queda ao redor de 25 por cento em dólares.
Vale também teve avanço expressivo, apesar do preço do minério de ferro renovar mínima histórica. A companhia divulgou que o pagamento da primeira parcela de remuneração mínima aos acionistas em 2015 deverá acontecer em 30 de abril.
Os papéis de bancos privados Itaú Unibanco e Bradesco reforçaram o tom positivo, uma vez que seguem entre os preferidos nas listas de recomendações e detêm relevante fatia no principal índice da bolsa paulista.
Também no setor financeiro, embora não bancário, BM&FBovespa disparou 7,93 por cento, maior alta percentual do Ibovespa, referendando o quadro benigno pelo segundo dia consecutivo no pregão local.
O dólar chegou a subir 1 por cento sobre o real nesta sessão, com a cotação superando 3,28 reais, mas encerrou o dia em queda de 0,42 por cento. Ainda assim, siderúrgicas sustentaram fortes ganhos.
No caso de Usiminas, a ação ordinária, que não faz parte do índice, voltou a disparar, fechando em alta de 16,71 por cento e já contabiliza ganho superior a 100 por cento em três pregões, enquanto segue a disputa entre a Nippon Steel & Sumitomo Metal Corp e o grupo Ternium e Techint pelo controle da gestão na empresa.
De acordo com profissionais do mercado ouvidos pela Reuters, a alta estaria relacionada a movimentos do empresário Lirio Parisotto, acionista minoritário da Usiminas por meio do fundo L.Par, visando disputa no Conselho da siderúrgica, bem como do grupo Ternium-Techint. O empresário não estava disponível para comentários.
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