Dólar passa a cair ante real com realização de lucro e exportadores
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar recuava ante o real no início da tarde desta quarta-feira, reagindo à ação de exportadores e a operações de realização de lucro após fortes altas recentes, além de rumores de que o Banco Central poderia estender sua intervenção diária no mercado de câmbio além de março.
Às 13h01, a moeda norte-americana recuava 0,40 por cento, a 3,0915 reais na venda. Na véspera, o dólar interrompeu uma série de seis altas seguidas, por ajuste em carteira. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 213 milhões de dólares.
Alguns operadores já começavam a considerar o cenário de a moeda norte-americana não encontrar fôlego para subir muito mais no curto prazo.
"A verdade é que ninguém sabe direito onde o dólar vai parar, mas nos últimos dois dias vimos alguma resistência nesse patamar de 3,10 reais", disse o gerente de câmbio da corretora BGC Liquidez, Francisco Carvalho. "Talvez seja um novo equilíbrio".
Mais cedo, o dólar chegou a subir mais de 1 por cento e alcançar 3,1410 reais, retomando a alta das últimas sessões em meio a persistentes preocupações com a situação econômica e política brasileira.
Na noite passada, o governo acertou com líderes do Congresso Nacional a correção escalonada do Imposto de Renda da Pessoa Física proposta por seus aliados no Congresso Nacional, abrindo mão de mais de 6 bilhões de reais em receitas.
Embora a decisão aponte na direção de desanuviar as tensões entre os dois Poderes, deu força às preocupações nos mercados financeiros com a possibilidade de o governo ter de fazer mais concessões à base aliada que diminuam o impacto do ajuste fiscal.
"O fato concreto é que a questão fiscal continua no centro das atenções e resta conhecer o impacto que as concessões trarão sobre a meta de superávit primário", escreveu o operador da corretora Correparti Ricardo Gomes da Silva em nota a clientes.
Investidores também adotavam uma postura mais defensiva diante do desenrolar da investigação sobre o escândalo bilionário de corrupção na Petrobras.
Nesta manhã, a Controladoria-Geral da União determinou a abertura de processos contra mais de dez empresas, que poderiam impedi-las de celebrar novos contratos, golpeando a já enfraquecida economia brasileira.
Esse clima de preocupações contribuiu para elevar o dólar em quase 17 por cento ante o real neste ano até a sessão passada, o que alimentou a ansiedade dos mercados financeiros sobre o futuro do programa de intervenções diárias no câmbio do BC, marcado para durar até o fim deste mês.
"Está havendo boato de que o BC pode continuar com os swaps. Não seria uma surpresa, com o dólar tão alto", disse o operador de um banco internacional, que pediu anonimato.
O BC vendeu a oferta total de swaps cambiais pelo leilão diário desta manhã, colocando o equivalente a 97,9 milhões de dólares no mercado. Foram vendidos 1.300 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 700 para 1º de março de 2016.
A autoridade monetária também vendeu a oferta integral no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 1º de abril. Até agora, foram rolados cerca de 29 por cento do lote total, que corresponde a 9,964 bilhões de dólares.
(Por Bruno Federowski; Edição de Alexandre Caverni e Flavia Bohone)
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