Dólar sobe 0,60% ante real e renova máxima em mais de dez anos

Publicado em 26/02/2015 17:23

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Por Bruno Federowski

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar renovou a máxima em mais de uma década ante o real nesta quinta-feira, após uma rodada de dados mistos sobre os Estados Unidos sugerirem que o Federal Reserve pode começar a elevar a taxa de juros em meados deste ano, apesar de declarações cautelosas da chair do banco central norte-americano, Janet Yellen.

A moeda norte-americana subiu 0,60 por cento, a 2,8852 reais na venda, após atingir 2,8414 reais na mínima da sessão e 2,8945 reais na máxima. Trata-se do maior nível de fechamento desde 15 de setembro de 2004, quando foi a 2,903 reais. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,7 bilhão de dólares.

Os preços ao consumidor dos EUA tiveram em janeiro a maior queda desde 2008, mas o núcleo da inflação, que não inclui energia e alimentos, subiu 0,2 por cento no período. Em outros dados, as encomendas de bens duráveis subiram, revertendo a queda de dezembro, e os novos pedidos de auxílio-desemprego aumentaram mais que o esperado na semana passada.

"Na margem, eu diria que os dados mantêm o Fed em vias de elevar os juros entre junho e setembro", disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta.

Na terça-feira, a falta de uma sinalização mais contundente de que o aperto monetário teria início em breve no discurso de Yellen, do Fed, em comitê do Senado dos EUA havia levado os contratos futuros dos juros norte-americanos a embutir aumento de juros em outubro, sendo que até então apontavam setembro.

Economistas em pesquisas da Reuters, contudo, vêm repetidamente projetando que o banco central agirá em junho. Juros mais altos nos EUA podem atrair para a maior economia do mundo recursos investidores atualmente em países como o Brasil.

Mais cedo, o dólar chegou a recuar firmemente, após o analista da Moody's Mauro Leos afirmar que, mesmo num cenário que envolve algum tipo de apoio financeiro à Petrobras, a dívida brasileira não ultrapassaria 70 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ainda compatível com o rating "Baa2".

A moeda norte-americana havia avançado 1,22 por cento na sessão passada em reação ao rebaixamento da petroleira pela Moody's ao grau especulativo.

"O mercado percebeu que pelo menos parte do mau humor de ontem foi exagero", disse o operador de câmbio de uma corretora internacional.

A estatal, envolvida em um escândalo bilionário de corrupção, pode ter de quitar antecipadamente sua dívida devido ao atraso na divulgação de seu balanço financeiro, o que geraria intensa pressão de liquidez sobre a companhia.

Alguns operadores acreditavam que o dólar pode chegar a níveis relativamente equilibrados no curto prazo, enquanto investidores aguardam sinais que indiquem se o aperto fiscal promovido pelo governo está dando resultados.

"Nesses últimos dias, o dólar tem feito esses movimentos: busca níveis mais altos, depois volta. O mercado está dando um tempo antes de voltar a ficar tomador", disse o operador da corretora Walpires José Carlos Amado, ressaltando, contudo, que a moeda norte-americana ainda tem "potencial" para se apreciar.

Nesta manhã, o Banco Central brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 98,0 milhões de dólares.

O BC também vendeu a oferta total no leilão de rolagem dos swaps que vencem em 2 de março. Se repetir o comportamento dos últimos meses e não realizar oferta para rolagem no último pregão do mês, a autoridade monetária terá rolado praticamente o lote integral.

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Fonte:
Reuters

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