Dólar fecha na máxima em mais de 10 anos e vai a R$2,7782
Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subiu mais de 1 por cento ante o real e fechou na máxima em mais de dez anos nesta sexta-feira, após números fortes sobre o mercado de trabalho dos Estados Unidos reforçarem as apostas de que os juros começarão a subir em meados do ano na maior economia do mundo.
O avanço também foi impulsionado pela apreensão dos investidores com o futuro da Petrobras e com as mudanças na diretoria do Banco Central brasileiro. Na avaliação de alguns analistas, a nova diretoria do BC sinaliza uma política monetária menos austera no futuro.
A moeda norte-americana avançou 1,34 por cento, a 2,7782 reais na venda, após atingir 2,7852 reais na máxima da sessão. A cotação de fechamento é a maior desde 9 de dezembro de 2004 (2,781 reais). Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 900 milhões dólares.
A criação de empregos nos EUA acelerou de forma sólida e superou as expectativas do mercado no mês passado, enquanto a renda média mostrou forte recuperação.
O resultado jogou um balde de água fria sobre as apostas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, poderia elevar os juros mais tarde do que o esperado.
"O mercado vinha trabalhando com alguma possibilidade de o Fed postergar o início do aperto monetário para a segunda metade do ano. Hoje veio um dado extremamente bom, então o mercado está caminhando na direção contrária", disse o economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano.
Juros mais altos tendem a atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em outros mercados, como o brasileiro. Esse movimento pode se intensificar se a nova composição do BC brasileiro realmente se traduzir em menos altas da Selic, como alguns investidores temem.
O BC anunciou na véspera que Luiz Awazu substituirá Carlos Hamilton Araújo, de perfil mais austero, na diretoria de Política Econômica, que naturalmente tem forte influência sobre a condução da política monetária. Awazu acumulava as diretorias de Assuntos Internacionais e de Regulação.
"A impressão é que o BC vai ter uma composição menos rígida, mais tolerante", disse o gerente de câmbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo.
O BC também indicou Tony Volpon, atualmente no banco Nomura, para a diretoria de Assuntos Internacionais. O nome não convenceu os mercados financeiros, que entendem que as últimas projeções sobre a inflação publicadas por ele são "otimistas demais".
A pressão sobre o câmbio foi corroborada pela indicação de Aldemir Bendine para a presidência da Petrobras, envolvida em esquema bilionário de corrupção. A indicação do executivo, que atualmente preside o Banco do Brasil, aumentou ainda mais a desconfiança dos investidores sobre o rumo que será dado à estatal.
"Não vejo um choque de gestão com essa nomeação", disse o estrategista de uma corretora nacional.
Nesta manhã, o BC deu continuidade às atuações diárias e vendeu a oferta total de até 2 mil swaps, que equivalem a venda futura de dólares. Foram vendidos 1 mil contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1 mil contratos para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 98 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a 10,438 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 30 por cento do lote total.
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