No El País: Efeito dominó da seca afetará toda a economia, começando pela alface

Publicado em 29/01/2015 13:33

A máxima no maior entreposto de abastecimento da América Latina diante da maior crise hídrica de que se recorda é se encomendar a Deus. Os produtores e vendedores na Ceagesp, na zona oeste de São Paulo, tentam superar as dificuldades típicas dos verões, mas a falta de água os empurra ao precipício: sem chuva, 60% dos produtores da região, dizem, desistiram de plantar suas safras e, para não comprometer os reservatórios, o Governo do Estado vai restringir a irrigação nas bacias do Alto Tietê e do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), o que pode afetar os cultivos responsáveis por 50% do abastecimento de hortifrútis do Estado, segundo cálculos do jornal Valor Econômico.

“Se não chover até maio de Minas Gerais para cima, não vamos ter com que trabalhar”, anuncia Antônio Bernardo, pequeno produtor e vendedor de frutas. “Estamos preocupadíssimos, e já trazendo mercadorias do Chile, do Peru, da Argentina. Como vamos sustentar nossas famílias?”, questiona. “Ainda não estamos vendo as consequências, mas 60% dos produtores não estão plantando ou plantaram muito menos pela falta de água, e isso vai se sentir daqui a um mês nos preços, quando a produção vai ser muito menor”, alerta Maurício Fraga, que vende por dia quatro toneladas de hortaliças folhosas –rúcula, alface, repolho ou brócolis–, principal cultivo dos abastecidos pelas captações da bacia do Alto Tietê, hoje com 10,6% da sua capacidade.

O que os vendedores contam entre caminhões, caixas e calculadoras está sendo sentido pelos especialistas que, sem água, já preveem um aumento dos preços, especialmente dos alimentos, mas também na conta de água e de luz que, em um efeito cascata, vão acabar impactando na cadeia produtiva e na economia do país. “Parte desse aumento nós estamos percebendo nas frutas, verduras e legumes, cujos preços já acumulam alta de 8% de média no último mês”, explica André Chagas, economista da Fundação do Instituto de pesquisas Econômicas (Fipe). “Se pegarmos apenas as verduras, esse aumento chega a 10%, a alface, por exemplo, já acumula 16%, enquanto nossa expectativa oficial era que o aumento não superasse 5%”.

Marcio Salvato, coordenador da Graduação em Ciências Econômicas do Ibmec, como os demais especialistas consultados, acredita que o impacto econômico da falta de água vai acabar afetando a economia nacional. “Os índices de inflação ao consumidor irão subir, e é claro que à medida que existe uma expectativa de subida, o Banco Central vai responder a isso com juros elevados, o que vai provocar ainda um maior desaquecimento da economia”, afirma o economista. 

Leia a notícia na íntegra no site do site do El País.

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Fonte:
El País

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2 comentários

  • Ronaldo Brejauba goiania - GO

    As secas são cíclicas e a espécie humana nada tem a ver com ela. O Brasil está dominado por incompetentes corruptos e a imprevidência destes destrói a Nação. Hidrelétricas, ferrovias, portos, rodovias, linhas de transmissão, aeroportos, hospitais foram relegados como supérfluos. Estádios, propagandas de Petrobras, salários altos para políticos são prioridade. O populismo detonou as esperanças de quem produz.

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  • wilfredo belmonte fialho porto alegre - RS

    A comunidade científica nacional e, muitos pesquizadores estrangeiros, por décadas afirmavam que a destruição, o desmatamento desenfreado acabaria alterando irreversívelmente o ciclo das chuvas.

    Os "governos e os grandes latifundiários" debocharam dos chamados "ecochatos", claro que houveram exageros e falta de bom senso em ambos os lados mas, uma coisa é certa, muitos levantamentos e estudos científicos com o passar dos anos apontavam para a possibilidade

    de grandes áreas do país serem afetadas por secas cíclicas em virtude da "remoção de grandes

    áreas de florestas". Alia-se a isto a cultura "medieval de queimar-se pastos e restos de cultura como

    da cana de açucar" e temos a colaboração do efeito estufa. Portanto meus amigos, qualquer medida paliativa, de transferir águas de um lado para outro terá um efeito momentâneo pois, a longo prazo a solução é investir na manutenção de áreas florestadas, proibir definitivamente a

    derrubada de qualquer área de florestas inclusive criminalizando seus autores, não com multa

    mas com pena de privação de liberdade, cadeia mesmo e, o mesmo para quem usa o fogo pa

    ra limpar áreas de pastagens ou lavouras. Não tem outra solução, ou o "estado" toma medidas

    radicais ou haverá grandes e graves problemas sociais nas regiões metropolitanas principalmente

    no sudeste do pais. E, esta questão deve ser encarada sériamente, não é uma bandeira política

    pertencente a um determinado partido ou governo é uma questão de "segurança nacional" em que

    a estabilidade social e econômica do país poderá ser posta em jogo com consequências imprevisí

    veis e, deverá ser visto como uma questão de "estado" pois entre governo ou saí governo, o proble

    ma da seca ocasionado pelo desmatamento da região da amazônia legal tem que começar a ser

    encarado de frente pelas próximas gerações. Doa a quem doer. O Brasil como nação corre sérios

    riscos de estabilidade provocado pela seca, pela falta de energia e, consequentemente pelos racionamentos de ambos que irão ocorrer com mais frequência. Todos temos responsabilidades perante estes fenômenos climáticos. As nossas monoculturas de hoje serão a causa das desgraças

    do futuro. Quem viver verá.

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