Bovespa fecha com alta reduzida por NY e temores de falta de energia
Por Priscila Jordão
(Reuters) - Depois de subir quase 2 por cento na primeira etapa do pregão, o principal índice da bolsa paulista fechou com uma valorização tímida nesta terça-feira, com o ânimo do mercado após o anúncio de medidas fiscais dividindo a atenção com persistentes preocupações com o fornecimento de energia no país.
O Ibovespa fechou com variação positiva de 0,25 por cento, a 47.876 pontos. O giro financeiro do pregão totalizou 5,37 bilhões de reais.
Apesar do pregão positivo das bolsas asiáticas e europeias, que apoiou mais cedo o mercado brasileiro, Wall Street retomou os negócios depois do feriado de segunda-feira em baixa, após o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduzir suas previsões de crescimento global para 2015 e 2016.
O desempenho negativo do pregão norte-americano contribuiu para minar o ânimo de investidores da Bovespa, que haviam comemorado mais cedo o anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo federal brasileiro para colocar as contas públicas do país em ordem.
"O humor estava muito ligado à forte queda da Bovespa ontem (segunda-feira), então houve um pouco de ajuste (para cima) pela manhã. Quando abriram as bolsas dos EUA, o mercado voltou para o seu rumo normal", disse o analista Raphael Figueredo, da Clear Corretora. Depois do fechamento do mercado brasileiro, as bolsas nos EUA passaram a subir.
As preocupações do mercado sobre o fornecimento de energia no Brasil, que levaram o Ibovespa a recuar 2,57 por cento na véspera, também ajudaram a conter o otimismo do mercado acionário brasileiro. Na segunda-feira, o Operador Nacional do Sistema (ONS) exigiu que distribuidoras de energia fizessem um corte seletivo no fornecimento.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, afirmou que não houve falta de geração de energia na segunda-feira, mas uma falha "aparentemente técnica na rede Norte-Sul". A declaração, no entanto, não diminuiu os temores do mercado nem impediu nova queda de ações de empresas que fazem uso intensivo de eletricidade, como a da petroquímica Braskem. O papel recuou 6,54 por cento nesta terça, na esteira da queda de 7,7 por cento registrada na segunda-feira.
Ações do setor elétrico, como Eletrobras e CPFL Energia, também caíram com a percepção cada vez mais alta de risco de racionamento por conta dos níveis baixos de chuvas e do aumento do consumo de energia.
Já Cosan registrou alta de 4,47 por cento, beneficiada pelo anúncio de aumento da tributação sobre sobre gasolina e diesel, com a expectativa de que a medida possa incentivar o consumo de etanol.
A companhia de shoppings BR Malls e a siderúrgica CSN foram outros destaques de alta.
A preferencial de Petrobras, que chegou a subir mais de 7 por cento, reduziu ganho para apenas 1,41 por cento no fechamento.
A estatal surpreendeu o mercado ao informar pela manhã que os preços da gasolina e do diesel cobrados nas refinarias serão acrescidos do PIS/Cofins e da Cide, sem alterações para os valores recebidos pela empresa.
"Era consenso que quando aumentasse o preço do combustível a Petrobras deixaria o preço na bomba igual ou muito parecido para não pressionar a inflação", disse o economista Hersz Ferman, da Elite Corretora. "Essa mudança indica de certa maneira um princípio de independência da Petrobras em relação à ingerência política."
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