COP28 entra em momento crítico com países em desacordo sobre combustíveis fósseis
Por Kate Abnett e Gloria Dickie e David Stanway
DUBAI (Reuters) - As negociações climáticas da COP28 entraram em um momento decisivo nesta segunda-feira, com os países à caminho de um confronto final na cúpula sobre a possibilidade de se chegar a um acordo global para se eliminar gradualmente o uso de combustíveis fósseis.
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, procurou incentivar um consenso, dizendo que uma referência central de sucesso para a COP28 será se a cúpula produzir um acordo para reduzir o uso de carvão, petróleo e gás com rapidez suficiente a fim de evitar consequências climáticas desastrosas.
"Isso não significa que todos os países devam eliminar os combustíveis fósseis ao mesmo tempo", disse ele a jornalistas na cúpula de Dubai, que está programada para terminar na terça-feira, mas pode se estender por mais tempo se as negociações se arrastarem.
Guterres fez eco a um apelo de muitos países em desenvolvimento que têm afirmado que qualquer acordo da COP28 para reformular o sistema energético mundial deve ser acompanhado de apoio financeiro suficiente para ajudá-los a cumprir o compromisso.
"A lacuna não está relacionada à ambição, mas à questão dos meios de implementação", disse a ministra do Meio Ambiente da África do Sul, Barbara Creecy, aos outros ministros no domingo.
Uma coalizão de mais de 100 países, incluindo Estados Unidos, Canadá e Noruega, bem como a União Europeia e os países insulares vulneráveis ao clima, desejam um acordo que inclua uma linguagem para "eliminar gradualmente" os combustíveis fósseis, um feito não alcançado em 30 anos de cúpulas da ONU.
As emissões provenientes da queima de combustíveis fósseis são, de longe, o principal fator das mudanças climáticas.
O ministro do Meio Ambiente canadense, Steven Guilbeault, disse à Reuters que a Opep, o clube dos países produtores de petróleo, se opõe a um acordo sobre a eliminação gradual dos combustíveis fósseis.
"Eles se opõem à linguagem dos combustíveis fósseis e estão tentando bloquear as negociações sobre praticamente todo o resto. E isso não ajuda em nada. E, para algumas partes do mundo, é uma ameaça à vida", disse Guilbeault.
Para os países produtores de petróleo, um acordo global na COP28 para abandonar os combustíveis fósseis - mesmo sem uma data final definida - poderia sinalizar uma disposição política de outros para reduzir o uso dos produtos lucrativos dos quais suas economias dependem.
Negociadores e observadores dentro da COP28 disseram à Reuters que a Arábia Saudita, líder de facto da Opep, estava entre os principais oponentes de um acordo para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis.
Os acordos nas cúpulas climáticas da ONU devem ser aprovados por consenso entre os quase 200 países presentes. Isso tem como objetivo estabelecer um acordo sobre os próximos passos do mundo para enfrentar as mudanças climáticas, que os países devem concretizar de forma individual por meio de suas políticas e investimentos nacionais.
0 comentário
Petróleo sobe 1% para máxima de 2 semanas com intensificação da guerra na Ucrânia
Petrobras manterá foco em petróleo em 2050, mas com maior fatia em renováveis, diz CEO
Petróleo sobe 2% com avanço da guerra entre Rússia e Ucrânia
Petrobras propõe investimentos de US$111 bi em plano 2025-29, com alta de 9%
Preços do petróleo sobem com paralisação do campo Sverdrup e escalada da guerra na Ucrânia
Etanol e gasolina sobem, enquanto diesel mostra queda, aponta levantamento Veloe