Petrobras reduz em 9,9% preço do diesel na refinaria
Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier
SÃO PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) -A Petrobras informou nesta sexta-feira que reduzirá a partir de sábado o preço médio de venda de diesel para as distribuidoras em 9,9%, uma vez que a empresa busca adequar sua cotação a variáveis como câmbio e valor do petróleo, além de questões de competitividade com o produto importado.
O preço médio na refinaria cairá de 3,84 reais para 3,46 reais por litro, uma redução de 0,38 real por litro, segundo comunicado de empresa.
A diminuição era aguardada pelo mercado, uma vez que os preços da Petrobras estão acima dos valores internacionais e também do produto importado que está chegando ao Brasil, especialmente com origem na Rússia.
"Essa queda no diesel já era esperada porque havia um prêmio de 56 centavos por litro de diesel (ante o valor externo). Agora, com a redução de 38 centavos, ainda sobra alguma coisa. Não zerou a defasagem", disse o especialista em energia Adriano Pires, do centro de estudos CBIE.
Segundo ele, o mercado já esperava essa redução na semana passada. "Mas a Petrobras demorou um pouco. Continuamos na política de paridade internacional, tem prêmio, tem que reduzir preço", acrescentou Pires.
Mas a Petrobras também pode estar perdendo mercado para o produto importado, o que seria um fator para reduzir o preço.
O produto importado da Rússia tem chegado a preços mais baixos, disseram especialistas à Reuters neste mês.
Desde o início do ano, a Petrobras reduziu o preço médio do diesel em cerca de 23%, conforme cálculos da Reuters com base em dados da empresa. Com a redução, a cotação será a menor desde o início de 2022.
Especialistas concordam que a Petrobras mantém uma política de preços conectada ao mercado internacional e ao câmbio.
Mas se perguntam, diante das declarações anteriores de integrantes do governo Lula sobre política de preços, se ela seria seguida se as cotações no mercado externo estivessem subindo.
"Por enquanto a empresa continua seguindo a paridade de preços, mas resta saber até quando. Pelas declarações do novo governo, haverá uma nova política de preços considerando aspectos da produção doméstica", disse o consultor e ex-diretor de Refino da Petrobras Jorge Celestino.
Na véspera, assembleia de acionistas da Petrobras aprovou integrantes do novo Conselho de Administração da companhia sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o que em tese poderá abrir caminho para as estratégias prometidas em campanha e defendidas pelo CEO Jean Paul Prates.
Entre as mudanças prometidas estavam alterações nas políticas de preços e dividendos, além de um novo planejamento para a companhia, que passará a investir em transição energética.
"A redução do preço da Petrobras tem como objetivos principais a manutenção da competitividade dos preços da companhia frente às principais alternativas de suprimento dos seus clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos de refino", explicou a Petrobras.
A companhia também reforçou que "na formação de seus preços busca evitar o repasse da volatilidade conjuntural do mercado internacional e da taxa de câmbio, ao passo que preserva um ambiente competitivo salutar nos termos da legislação vigente".
(Por Roberto Samora e Rodrigo Viga Gaier; edição de Letícia Fucuchima e Isabel Versiani)
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