Taxas de juros curtas têm leve alta e longas pequenos recuos com expectativa por arcabouço e decisões de política monetária
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros tiveram leves altas na ponta curta e pequenos recuos na ponta longa nesta segunda-feira no Brasil, com os investidores à espera de eventos importantes nesta semana, como a apresentação do novo arcabouço fiscal pelo governo brasileiro e as decisões de política monetária do Banco Central e do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Como estes eventos poderão estimular ajustes profundos na curva de juros e nos demais mercados, os negócios nesta segunda-feira permaneceram travados, com investidores guardando a maior parte das posições antes dos anúncios.
A expectativa é de que o novo arcabouço fiscal saia ainda esta semana. Já as decisões do BC e do Fed ocorrem na quarta-feira –chamada de “super quarta” pelos participantes do mercado, em função da importância das decisões.
No fim da tarde, a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2024 estava em 12,975%, ante 12,968% do ajuste anterior. Já a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,08%, ante 12,064%. A taxa para janeiro de 2027 estava em 12,44%, ante 12,472% do ajuste anterior.
Desde cedo, a curva de juros exibia altas entre os contratos mais curtos e recuos entre os mais longos. O movimento, no entanto, foi limitado durante toda a sessão.
“O mercado está em compasso de espera para ver o texto do arcabouço fiscal. E tem também a super quarta, que será importante após as dificuldades com os bancos no exterior. Até lá, o mercado está aguardando”, comentou Wagner Varejão, especialista em investimentos e sócio da Valor Investimentos.
Pela manhã, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu que membros do governo façam mais reuniões com os presidentes da Câmara e do Senado, com líderes partidários e economistas antes da apresentação oficial do arcabouço fiscal.
O próprio Haddad se reuniu nesta segunda-feira com os líderes do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE), e no Senado, senador Jaques Wagner (PT-BA). Além disso, o ministro foi até a residência oficial do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O governo busca apoio para a proposta, vista como fundamental para aliviar as pressões no mercado de juros.
No exterior, foi bem recebida a notícia de que o UBS comprou no fim de semana, com apoio do governo suíço, o banco Credit Suisse, que estava em crise. Ainda assim, os investidores estão em dúvida sobre se o Fed manterá sua taxa básica de juros ou promoverá alta de 0,25 ponto percentual em sua decisão de política monetária. Se por um lado a inflação ainda preocupa, por outro existe o temor de que um aperto monetário poderá ser negativo neste momento de crise bancária.
Às 16:58 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 9,30 pontos-base, a 3,4903%.
No Brasil, existe maior confiança de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC manterá a Selic (a taxa básica de juros) em 13,75% ao ano. No relatório Focus divulgado na manhã desta segunda-feira pelo BC, a mediana do mercado aponta para manutenção da Selic tanto na reunião desta semana do Copom quanto na de maio.
O governo Lula, porém, segue pressionando por um corte de juros. Em evento no Rio de Janeiro, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou pela manhã que não há nada que justifique 8% de juros reais (descontada a inflação) no Brasil. Além disso, afirmou que o novo arcabouço fiscal proposto por Haddad terá como base a curva da dívida, o superávit e o controle de gastos.
(Por Fabrício de Castro)
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