EUA buscam Brasil para impulsionar produção de petróleo ante crise da Ucrânia, diz ministro
Por Nidhi Verma
NOVA DELHI (Reuters) - Washington procurou duas vezes o Brasil para discutir o papel do país sul-americano na manutenção dos preços globais do petróleo sob controle, desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, disse o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, à Reuters em entrevista nesta quarta-feira.
O Brasil, que produz cerca de 3 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) atualmente, vem aumentando a produção há anos e tem como meta um crescimento de 10%, para 3,3 milhões de bpd, em 2022.
"Temos cooperação com os Estados Unidos, já tive duas reuniões com a secretária de Energia dos EUA (Jennifer) Granholm, e temos conversado sobre isso, a importância de estabilizar a oferta e demanda de petróleo e gás no mundo", disse o ministro.
Os comentários de Albuquerque mostram a amplitude da campanha diplomática do governo Biden para encontrar alternativas ao petróleo russo.
Entretanto, o ministro disse que um impulso forte de curto prazo seria logisticamente difícil.
"Aumentar a produção não é como um interruptor que você pode ligar. Temos investido muito em nossos setores de petróleo e gás nos últimos três anos e é por isso que o Brasil está aumentando sua produção, e continuamos aumentando a produção para os próximos anos."
O Departamento de Energia dos EUA não respondeu imediatamente a pedidos por comentário.
Albuquerque acrescentou que, embora os altos preços do petróleo de certa forma beneficiem o Brasil como grande produtor e exportador, o nível atual não é economicamente saudável para nenhuma das partes.
Questionado se ele vê os preços globais do petróleo permanecendo em cerca de 100 dólares o barril pelo resto deste ano, ele disse: "Espero que não".
"É bom para o Brasil como produtor e exportador de petróleo, mas temos que estabilizar o preço, e mais de 100 dólares o barril é demais para qualquer país, para países em desenvolvimento e para países desenvolvidos", acrescentou.
O ministro, que falava em Nova Delhi, disse que gostaria de ver mais investimentos indianos no setor de petróleo e gás do Brasil, e que a nação sul-americana está disposta a atender a demanda de petróleo da Índia, embora os negócios do setor sejam contratos comerciais entre empresas.
Ele espera que o Brasil exporte de 1,1 milhão a 1,2 milhão de bpd este ano. A Índia obtém apenas uma fração de suas importações de petróleo do Brasil.
(Reportagem adicional de Timothy Gardner em Washington, Texto de Gram Slattery)
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