Furacão interrompe um quarto da produção de petróleo e gás dos EUA
Por Erwin Seba
HOUSTON (Reuters) - Mais de um quarto da produção "offshore" de petróleo e gás dos Estados Unidos foi interrompida e portos fundamentais para as exportações do país foram fechados nesta terça-feira, diante da chegada do furacão Sally à Costa do Golfo norte-americano, inundando cidades costeiras e levando fortes chuvas a diversos Estados.
Na tarde desta terça, o Sally se enfraquecia em um furacão de categoria 1, com ventos contínuos de 128 quilômetros por hora em áreas marítimas. Mas o fenômeno deve causar graves inundações do Mississippi à Flórida na quarta-feira, segundo o Centro Nacional de Furacões dos EUA.
A trajetória da tempestade envolve as principais áreas de produção "offshore" dos EUA, com movimentos em direção ao oeste do Alabama, mas poupa algumas refinarias de grande porte da Costa do Golfo dos ventos poderosos.
A petroleira Shell disse que fechou sua plataforma de petróleo de Appomattox, a cerca de 80 milhas da costa da Louisiana, juntando-se às gigantes BP , Chevron e Equinor na interrupção de instalações menos de um mês depois de o furacão Laura causar o corte temporário de oferta de até 1,5 milhão de barris por dia (bpd) na região.
Quase 500 mil bpd de produção de petróleo e 28% da produção de gás natural foram interrompidas na parcela norte-americana do Golfo do México, segundo o Departamento de Interior dos EUA.
Refinarias da região também desaceleraram operações. A Phillips 66 fechou sua refinaria de Alliance, que processa 255.600 bpd, enquanto a Shell reduziu a produção a níveis mínimos em sua unidade de Norco, na Louisiana, que refina 227.400 bpd.
Preços do petróleo sobem mais de 2% com chegada de furacão à Costa do Golfo dos EUA
NOVA YORK (Reuters) - Os preços do petróleo avançaram mais de 2% nesta terça-feira, apoiados pelas interrupções de oferta causadas por um furacão nos Estados Unidos, embora preocupações com a demanda também tenham se manifestado, com membros da indústria projetando uma recuperação mais lenta após a pandemia de coronavírus.
O petróleo Brent fechou em alta de 0,92 dólar, ou 2,3%, a 40,53 dólares por barril, enquanto o petróleo dos EUA (WTI) avançou 1,02 dólar, ou 2,7%, para 38,28 dólares o barril. Ambos os contratos haviam recuado na véspera.
Os contratos futuros operaram em alta antes de o furacão Sally chegar à Costa do Golfo nos EUA. Mais de um quarto da produção de petróleo e gás norte-americana foi interrompida e portos fundamentais para as exportações do país foram fechados, à medida que a tempestade avança rumo ao oeste do Alabama --poupando algumas refinarias dos ventos mais fortes. [L1N2GC1SV]
"Eventos climáticos severos nos EUA causam uma dose de imprevisibilidade na produção de petróleo, e isso é sempre uma boa notícia para os preços", disse Bjornar Tonhaugen, diretor de mercados de petróleo da Rystad Energy.
Por outro lado, o panorama da demanda por petróleo segue enfraquecido, o que limita as altas dos preços. A Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) reduziu sua projeção para 2020 em 200 mil barris por dia (bpd), para 91,7 milhões de bpd, citando cautela sobre o ritmo de recuperação da economia.
"Nós esperamos que a recuperação da demanda desacelere de forma marcante no segundo semestre de 2020, com a maior parte dos ganhos fáceis já tendo sido alcançada", disse a IEA em relatório mensal.
Os contratos futuros do petróleo norte-americano avançaram quase 3% nesta terça-feira, enquanto os futuros da gasolina tiveram alta de 2,2%, na esteira das interrupções.
(Reportagem de Erwin Seba e Gary McWilliams em Houston, Devika Krishna Kumar em Nova York)
0 comentário
Petróleo sobe com temores sobre o Líbano e novos cortes de fornecimento da Opep+
Produção de petróleo do Brasil recua com paradas no pré-sal; Petrobras vê baixa de 11% em óleo e gás
Petróleo fica estável enquanto há esperanças com demanda da China, mas preocupações com Fed
Petróleo fecha em queda com cessar-fogo entre Israel e Hezbollah; recua mais de 3% na semana
Painel do Diesel: São Paulo registra aumento no diesel comum
Opep+ adia reunião sobre política de produção para 5 de dezembro