Demanda por milho no Brasil avança em 2025 e maior importação pelo país é provável, diz Rabobank

Publicado em 04/04/2025 13:57 e atualizado em 04/04/2025 15:09

Logotipo Reuters

SÃO PAULO (Reuters) - A produção total de milho do Brasil em 2024/25 está estimada para crescer menos do que o consumo do cereal no país, que tem tido demanda adicional da indústria de etanol, indicando um aumento das importações brasileiras do grão amarelo, na avaliação do Rabobank.

A colheita de milho, que ainda depende de boas condições climáticas para a segunda safra, poderá crescer 3 milhões de toneladas ante o ciclo passado, para 126 milhões de toneladas, enquanto o consumo nacional vai aumentar 5 milhões de toneladas, a 91 milhões de toneladas, segundo a analista de grãos e oleaginosas do banco holandês Marcela Marini.

Este cenário já vai colaborar para uma redução de cerca de 3 milhões de toneladas as exportações do Brasil, que vem sendo o segundo exportador mundial da commodity. Mas deverá também levar a mais importações, inclusive abrindo algum espaço para compras de fora do Mercosul, notadamente nos Estados Unidos, os maiores fornecedores mundiais.

O fato de o milho brasileiro estar mais caro do que outras origens também é fator a ser considerado, mas ainda "não deu conta" para importação, disse Marini à Reuters. As cotações estão quase 40% mais altas em relação ao mesmo período do ano passado, para cerca de 85 reais a saca de 60 kg, segundo indicador do Cepea, também pelo fato de o Brasil ter começado 2025 com estoques mais baixos. 

"Este ano, como tem situação de preço do mercado interno descolado, olhando para a bolsa de Chicago, entendemos que pode sim surgir oportunidade para algum volume adicional de milho na importação", disse a analista.

Na média dos últimos cinco anos, o Brasil importou cerca de 2 milhões de toneladas de milho anualmente, calculou Marini, que acredita que há espaço para volumes um pouco maiores em 2025.

As importações brasileiras geralmente são concentradas no Paraguai, de onde o Brasil trouxe praticamente todo o volume importado de 1,6 milhão de toneladas em 2024, segundo dados do governo, em operações feitas normalmente pelo modal rodoviário, com o Paraguai abastecendo o mercado do Paraná. Mas em 2025 as portas podem se abrir mais para a Argentina.

"Pode vir algo pontual da Argentina, vindo para o Sul...", disse a analista, citando também o milho dos EUA, caso sejam feitas importações para abastecer as regiões Norte e Nordeste.

"Podemos ver ocasionalmente algum volume maior de importação, quando a conta fechar, hoje a conta ainda não fecha, mas se ela fechar vem volume adicional."

Segundo a especialista, eventuais compras de fora do Mercosul seriam feitas por grandes consumidoras de milho, como as produtoras de carne de frango e suína, mas tais volumes não devem ser muito relevantes.    

Em uma série de mais de dez anos, o maior volume de milho importado pelo Brasil somou 3,2 milhões de toneladas, em 2021.

Nos dois primeiros meses do ano, as importações brasileiras de milho aumentaram quase 60%, para 220,4 mil toneladas, todas elas com o origem no Paraguai, segundo números do governo.

OFERTA DOS EUA

Questionada se a oferta dos Estados Unidos, que deverá elevar sua área plantada em 5% em 2025, poderia ser facilitada ao Brasil após uma isenção tarifária anunciada pelo governo brasileiro no mês passado para amenizar pressões inflacionárias, a especialista comentou que o país já importou dos EUA em anos anteriores, quando surgiu oportunidade.

A analista acrescentou que o Brasil começou com estoques menores de milho, e que ao final de dezembro eles estarão 5% abaixo do que foram no ano passado.

O cálculo já considera uma segunda safra "relativamente boa", para fazer frente a uma demanda adicional da indústria de etanol de milho, estimada em 24 milhões de toneladas, e também da indústria de ração animal e de carnes, que está sustentada.

Neste contexto, o Rabobank vê a exportação de milho do Brasil caindo de quase 39 milhões em 2024 para 36 milhões de toneladas em 2025.

(Por Roberto Samora)

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
Reuters

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário