Milho: hEDGEpoint Global Markets estima cenário apertado devido às quebras nos EUA, Ucrânia e perdas potenciais Argentina

Publicado em 10/02/2023 12:35

A produção vacilante da Ucrânia, o fracasso da colheita na União Europeia (UE) e a queda na produção dos EUA são os três principais fatores que vão impactar na dinâmica do mercado de milho neste ano. A constatação está no novo relatório “Perspectivas 2023 - Commodities agrícolas e energéticas” lançado hoje pela hEDGEpoint Global Markets.

 

Na Ucrânia, a safra 22/23 se iniciou com boas perspectivas. Já se esperava uma produção menor por conta da guerra -- mas o clima favorável até setembro alimentou a expectativa de que o impacto do conflito seria menos intenso. “No entanto, outubro e novembro anormalmente úmidos impediram os agricultores de entrar nos campos a tempo e atrasaram a colheita de todas as safras de verão, incluindo o milho. Limitações adicionais impostas pelo conflito, como mão de obra insuficiente, alto custo de combustível, problemas de transporte, acesso a locais de armazenamento, retardaram ainda mais a colheita do milho. Com isso, a Ucrânia provavelmente teve uma redução de 1,5M ha (-27%) e 15,1M ton (-36%) em sua área colhida e produção, respectivamente”, ressalta Alef Dias, analista de Grãos e Macroeconomia da hEDGEpoint Global Markets.
 

Para o analista, certamente, o impacto dessa menor produção no fluxo comercial global foi ofuscado pelo estoque de milho da safra anterior que estava sendo exportado desde julho pelo acordo do corredor de grãos. Ainda assim, ele continuará a ser um fator de alta para os preços do milho ao longo de 2023, já que a Ucrânia terá uma menor capacidade de exportação durante o ano.
 

Além disso, se não houver uma resolução do conflito até abril -- quando os agricultores ucranianos começam a plantar milho -- uma recuperação da produção é muito improvável, pois os agricultores podem reduzir seu uso de insumos agrícolas (como fertilizantes) para reduzir riscos e custos e algumas áreas podem não estar prontas para o plantio devido à colheita tardia.

UE: Brasil mais favorecido devido aos problemas da Ucrânia

Em relação à União Europeia, alguns dos principais produtores do continente enfrentaram as piores secas e ondas de calor já registradas durante o desenvolvimento da safra de 22/23, levando aos menores rendimentos e safras desde 2007/2008. Com uma oferta interna menor, as importações de milho da UE dispararam na campanha atual, sendo o Brasil o mercado mais favorecido devido aos problemas da Ucrânia. “Esse cenário deve permanecer até que a Europa comece a colher sua safra 23/24 -- que provavelmente se recuperará da quebra deste ano, caso o clima permaneça estável como apontam as previsões”, afirma Dias.

Tendência de queda nas exportações americanas

No que diz respeito aos EUA, a alta de preços causada pelo início do conflito na Ucrânia chegou um pouco tarde para a maioria dos agricultores mudar para o milho, já que a soja era mais atrativa antes do evento. Além de uma área relativamente pequena, o clima também não ajudou, prejudicando os rendimentos e aumentando os hectares perdidos. Com a produção fraca nos EUA, mandatos de etanol crescentes e não muito menos demanda por ração, as exportações do país devem cair e o ritmo atual de embarques/vendas suporta essa leitura. “Combinando o que foi dito até agora, os fornecedores do Hemisfério Norte têm tido uma produção baixa e o balanço está apertado”, diz Pedro Schicchi, analista de Grãos e Proteínas Animais da hEDGEpoint Global Markets. 

milho hedgepoint 1

Argentina: estimativa de produção de 48M ton (versus 52M do USDA)

O próximo país na fila a colher o grão é a Argentina. No entanto, os altos preços dos fertilizantes afastaram os agricultores do grão em favor da soja, e o milho ‘temprano’ no país tem enfrentado muitas das mesmas condições climáticas que estão reduzindo a produção de soja. “Assim, no mínimo, não devemos contar com uma safra “cheia” no país, e podemos ver uma safra ruim se o milho ‘tardío’ também não tiver um bom desempenho. Atualmente, estimamos 48M ton de produção, versus 52M do USDA e 49.5M no ano passado”, afirma Schicchi. “Nesse contexto, há muito em jogo para que a colheita brasileira corra bem. A área plantada deve crescer (muito), mas com a colheita da soja ainda em seus estágios iniciais em meados de janeiro, o ritmo de plantio de fevereiro a março e o clima de março a junho serão variáveis fundamentais”, pondera.

milho hedgepoint 2

 

Sem fornecimento dos EUA e da Ucrânia, China prioriza importação do Brasil

Uma mudança chave - se não na oferta e demanda, pelo menos no fluxo comercial - virá da China. Apesar de um déficit interno crescente (produção menos consumo), o país deverá importar 18M ton de milho no ciclo 22/23 o que, embora ainda um volume alto, é 5M ton a menos do que em 21/22. No entanto, devido aos problemas em seus principais fornecedores (EUA e Ucrânia), a China incluiu o Brasil em sua lista de exportadores. Isso poderia deslocar cerca de 4-6M ton de milho das origens tradicionais da China.
 

“Para o segundo semestre de 2023, podemos esperar que as regiões do Hemisfério Norte - ou seja, EUA, UE e Ucrânia - aumentem o plantio de milho, devido ao aperto que enfrentam atualmente. É claro que, na Ucrânia, isso dependerá fortemente do estado do conflito a essa altura, e ainda assim espera-se que eles não voltem aos níveis pré-guerra”, finaliza o analista de Grãos e Proteínas Animais da hEDGEpoint Global Markets.
 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Fonte:
hEDGEpoint Global Markets

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário