Enfezamento do milho exige atenção na fase inicial da lavoura, alerta IDR-Paraná
Eliminação de plantas espontâneas (tiguera), tratamento de sementes, uso de híbridos tolerantes e vistorias frequentes para avaliar a presença e necessidade de controle da cigarrinha são os principais cuidados que os produtores devem tomar na implantação de lavouras de milho com o objetivo de minimizar prejuízos com o enfezamento.
“Embora os sintomas apareçam na fase de pendoamento e formação de grãos, os produtores devem atentar que a infecção ocorre imediatamente após a emergência das plantas”, alerta a pesquisadora Michele Silva, do IDR-Paraná (Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná — Iapar-Emater).
Manchas avermelhadas ou amareladas nas bordas das folhas, manchas em formato de riscos e plantas com desenvolvimento prejudicado são os principais sintomas do enfezamento que aparecem na fase reprodutiva da planta. Esse quadro se fecha com a deformação ou malformação das espigas e o comprometimento da produção. O potencial de prejuízos é grande.
A fase mais crítica de infecção, segundo a pesquisadora, vai da emergência até o estágio V8 das plantas de milho — cerca de 40 dias, dependendo do híbrido semeado. “Nesse período, se houver necessidade de diminuir a população de cigarrinhas, a recomendação é fazer aplicações alternadas de inseticidas químicos e biológicos (a base de boveria, tricoderma ou isaria)”, ela orienta.
Silva acrescenta que inseticidas biológicos devem ser aplicados em condição de alta umidade do ar (mais de 55%) e temperatura amena, ao redor de 30°C. “Também é importante usar diferentes princípios ativos, tanto para evitar a seleção de insetos resistentes quanto para preservar os inimigos naturais de pragas que atacam o milho”, ensina.
A rotação de culturas é outra prática incentivada pela pesquisa, que também aconselha um esforço para realizar semeadura simultânea em uma mesma região a fim de evitar a chamada “ponte verde”, que é a existência de lavouras em diferentes etapas de desenvolvimento, o que facilita o “trabalho” de migração das cigarrinhas em busca de alimento e realimenta o ciclo de contaminação dos cultivos.
Michele Silva aponta ainda a necessidade de fazer a colheita com o máximo de cuidado, a fim de não deixar plantas guaxas no terreno e interromper o ciclo do vetor e dos patógenos. Elas servem de reservatório do vetor e da doença para a safra seguinte.
Enfezamento - A doença foi detectada no Oeste do Paraná há cerca de 20 anos, inicialmente de forma esporádica. O problema ganhou proporção nos últimos anos — já se observou perda de até 60% da produção em algumas lavouras do Estado.
O IDR-Paraná começou a pesquisar o enfezamento na safra de 2020, quando realizou uma primeira coleta de plantas adultas e recém-semeadas, cigarrinhas e tigueras nas zonas produtoras do cereal. “Ali, já confirmamos a presença do vírus da risca e das bactérias fitoplasma e espiroplasma, causadores da doença”, conta a pesquisadora.
Além do vírus da risca e das bactérias fitoplasma e espiroplasma (também conhecidas como molicutes), o complexo do enfezamento envolve a cigarrinha-do-milho, inseto que se contamina ao sugar a seiva de plantas infectadas e faz a transmissão da doença quando se alimenta em plantas sadias.
A cigarrinha pode voar num raio de 30 quilômetros, mas alcança distâncias ainda maiores, pois também é transportada por correntes de ar.
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