Conab tira mais 6 milhões de toneladas da safrinha, que agora é projetada 19% menor do que a de 2020
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) divulgou seu boletim de acompanhamento da safra brasileira de grãos para o mês de agosto e trouxe dados sobre as três safras de milho, além de projeções sobre oferta e demanda brasileiras.
Para a segunda safra, a entidade reduziu novamente a expectativa de produção brasileira, dessa vez para 60,322 milhões de toneladas, um volume que é 19,6% menor do que o que foi colhido na safrinha de 2020. Nas projeções anteriores, a Conab estimava produção de 79,799 milhões de toneladas em maio, 69,957 milhões em junho e 66,970 milhões em julho.
“A segunda safra de milho avaliada neste levantamento contempla os danos causados pela seca verificada nos principais estados produtores, adicionados pela ocorrência de massas de ar frio que trouxeram geadas nos principais estados produtores da Região CentroSul, e ganharam intensidade nas últimas semanas”, explicam os técnicos da entidade.
A publicação ainda ressalta que novos cortes podem voltar a acontecer. “Na medida em que a colheita ainda ocorre, ainda é impreciso quantificar os elementos para dimensionar os impactos nas lavouras, uma vez que parte delas se encontra na fase de enchimento de grãos e maturação”.
Primeira Safra
A safra de verão 2020/21 também ganhou uma nova revisão para baixo na comparação com o relatório publicado no mês de julho. Nesse novo reporte, a produção atingida foi de 24,898 milhões de toneladas com redução de 3,1% em relação ao ciclo passado e menor do que as 24,909 milhões estimadas em julho. A entidade aponta ainda que a área cultivada cresceu 3,2% na comparação anual e atingiu 4,370 milhões de hectares.
“O atraso das chuvas interferiu no planejamento das lavouras do milho primeira safra. A área plantada, em linha com uma tendência já observada nas últimas temporadas, apresentou crescimento. No entanto, não foi suficiente para compensar os efeitos do clima, com a produção apresentando forte redução”, diz a Conab.
Terceira Safra
Já para a terceira safra, a publicação manteve a projeção de área cultivada em 581,1 mil hectares para a região do Sealba, Amapá e Roraima, resultando em um acréscimo de 8,5% com relação a terceira safra de 2020.
Apesar do otimismo no plantio, as dificuldades climáticas também estão aparecendo para estas lavouras. “As regiões produtoras mais distantes do litoral, na Bahia, Alagoas e Sergipe, estão sendo afetadas pela falta de chuvas, surpreendendo as lavouras no início de estágios reprodutivos”, aponta o relatório.
Oferta e Demanda
Diante destes cenários, a expectativa da Conab para a produção total caiu para 86,7 milhões de toneladas, redução de 15,5% em relação à safra 2019/20 e menor do que as estimativas de julho (93,4 milhões), junho (96,4 milhões), maio (106,4 milhões), abril (109 milhões), março (108,1 milhões).
“Esse ajuste ocorre diante da constatação em campo de uma significativa redução de produtividade de 25,7% na safra em curso, comparada à safra anterior”, explica a Conab.
A projeção do consumo interno também foi reduzida para 70,9 milhões de toneladas, o que ainda é uma elevação de 3,3% ao observado na safra anterior, mas é menor do que as 71,3 milhões esperadas em julho e as 72,9 milhões de junho. “O volume total de milho a ser consumido internamente é o maior da série projetada pela Conab, e acompanha o bom desempenho do setor de proteína animal brasileiro, principal setor demandante do grão no país”.
Por lado, os dados para importação seguem inalterados com expectativa de 2,3 milhões de toneladas. Vale destacar que, segundo Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, somente no período de janeiro à julho, o Brasil já importou 1.081.771 toneladas de milho, um aumento de 112,6% com relação ao mesmo período de 2020.
Já a exportação foi reduzida para 23,5 milhões de toneladas “ante a constatação de uma menor disponibilidade do cereal após as perdas nas lavouras e da reversão do destino de contratos de exportação para o mercado doméstico”. De janeiro à julho o Brasil já exportou 5.636.985 toneladas de milho, volume 22% menor do que o mesmo período de 2020.
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Sendo assim, o estoque final em 2020/21 deverá ser de 5,1 milhões de toneladas, redução de 51,5% em comparação à safra anterior e também menor do que as últimas projeções de julho (5,5 milhões), junho (7,6 milhões) e maio (10,9 milhões).
“Esse novo arranjo é explicado, principalmente, pela redução da produção total de milho causada pela menor disponibilidade hídrica durante o desenvolvimento das lavouras de segunda safra e de geadas ocorridas nas Regiões Sul e Sudeste durante julho”, diz a Conab.
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