Com perspectiva de safrinha menor, milho acumula alta semanal de 10,94% na BM&F; set/16 a R$ 44,10
A semana foi positiva para as cotações do milho negociadas na BM&F Bovespa. Os principais contratos do cereal acumularam valorizações entre 5,32% e 8,65%. Nesta sexta-feira (8), o julho/16 fechou o pregão a R$ 42,85 a saca, o novembro/16 era negociado a R$ 46,49 a saca. Já o setembro/16, referência para a safrinha brasileira, saiu o patamar de R$ 39,44 a saca, registrado na última sexta-feira (1) e fechou a semana a R$ 44,10 a saca, um ganho de 10,94%.
As altas mais expressivas foram observadas nos pregões de quinta-feira e sexta-feira. Isso porque, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) reportou o 10º Levantamento da Safra e projetou a safrinha em 43.053,6 milhões de toneladas para essa temporada. O número surpreendeu os participantes do mercado, uma vez que em junho, a entidade havia estimado a segunda safra do cereal em 49.995,5 milhões de toneladas.
No total da temporada 2015/16, o Brasil deverá colher 69,14 milhões de toneladas, ainda conforme projeções da companhia. No ciclo anterior, os produtores brasileiros colheram 84,67 milhões de toneladas do cereal. E com as estimativas, a perspectiva é que os estoques finais de milho fiquem próximos de 4,47 milhões de toneladas.
Na visão do consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, a entidade trouxe um aperto ainda maior na relação entre oferta e demanda. "E os estoques não cobrem nem um mês de consumo", reforça o consultor. No país, o consumo de milho gira me torno de 4,5 milhões de toneladas por mês.
Enquanto isso, no mercado interno as cotações tiveram uma semana mista, conforme aponta o levantamento da equipe do Notícias Agrícolas. Na região de Araçatuba (SP), o preço caiu 22,22% e fechou a semana a R$ 34,19 a saca. Ainda em São Paulo, na região de Assis e Avaré, as cotações apresentaram perdas entre 12,83% e 5,02%, respectivamente.
Na região de São Gabriel do Oeste (MS), os valores também caíram, ao redor de 1,59%, com a saca do cereal a R$ 31,00. Nas praças paranaenses, Ubiratã, Londrina e Cascavel, o recuo foi de 1,47%, com a saca de milho a R$ 33,50.
Contrariamente, em Sorriso (MT) a alta foi de 7,69% e a saca encerrou a semana a R$ 28,00. Já em Ponta Grossa (PR), a valorização ficou em 5,26%, com a saca do grão a R$ 40,00. No Porto de Paranaguá, a saca finalizou a semana estável, em R$ 34,00 a saca para entrega em setembro/16.
No caso do mercado doméstico, além das influências dos preços em Chicago e também do dólar, a evolução da colheita da segunda safra contribui para pressionar as cotações. No maior estado produtor, o Mato Grosso, a colheita já está concluída em 37,41% da área semeada nesta temporada, segundo dados do Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
O índice está acima do registrado no mesmo período de 2015, de 30,55%. Na semana anterior, o percentual de colheita estava em 25,78%. Por enquanto, a região mais adiantada é a Médio-Norte, com 47,59% colhida, seguida da localidade Nordeste, com 47,34% da área já colhida.
No Paraná, a colheita já está completa em 28% da área semeada neste ciclo, de acordo com dados do Deral (Departamento de Economia Rural). O órgão ainda informou que cerca de 60% das lavouras apresentam boas condições.
Dólar
A moeda norte-americana fechou o pregão desta sexta-feira com queda de mais de 2%, cotada a R$ 3,2945 na venda. Segundo a agência Reuters, os investidores acompanharam as informações sobre a meta fiscal para 2017e a ausência do Banco Central depois de cinco dias de intervenção no mercado para suportar as cotações. Na semana, o dólar acumulou alta de 1,91%.
Bolsa de Chicago
Apesar da alta de mais de dois dígitos registrada nesta sexta-feira (8), o balanço semanal é negativo aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Os contratos da commodity acumularam quedas entre 0,92% e 1,46%, de acordo com levantamento realizado pelo economista do Notícias Agrícolas, André Bittencourt Lopes.
Ainda hoje, as principais posições do cereal exibiram valorizações entre 13,25 e 14,25 pontos. As cotações permanecem abaixo do patamar de US$ 4,00 por bushel, o vencimento julho/16 era cotado a US$ 3,49 por bushel e o dezembro/16 era negociado a US$ 3,62 por bushel. Somente nesta sexta-feira mais de 6.200 mil contratos foram comprados pelos participantes do mercado, conforme dados reportados pelas agências internacionais.
Durante o dia, os vencimentos buscaram uma recuperação técnica. Porém, essa é a terceira semana seguida de desvalorização aos preços do milho. E o principal fator de pressão continua sendo o mesmo: o clima nos Estados Unidos. As indicações de chuvas no Meio-Oeste do país aliviaram as preocupações dos investidores, o que fez com que muitos liquidassem suas posições compradas.
Por enquanto, as informações reportadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país - indica chuvas dentro da normalidade e algumas localidades até abaixo no período de 16 a 22 de julho. No mesmo intervalo, as temperaturas deverão ficar acima da média em todo o cinturão produtor do cereal.
"Não acabou o risco de problema com o clima na safra dos EUA, estamos no período de mercado climático, conhecido por grande volatilidade. Se voltarmos a ter indicações de tempo seco, os preços podem recuperar parte das perdas", disse o consultor de mercado da FCStone, Glauco Monte.
As lavouras do cereal estão em uma das fases mais importantes no desenvolvimento da cultura, a polinização. E, diante da estimativa de aumento na área plantada com o grão, superior a 38 milhões de hectares, a perspectiva é que sejam colhidas mais de 370 milhões de toneladas do milho nesta temporada, caso o clima permaneça favorável.
Além do clima nos EUA, os investidores ainda acompanham as informações do mercado financeiro. Há uma incerteza geral nas economias globais diante da possibilidade da saída do Reino Unido - Brexit - da Zona do Euro e quais os impactos nos mercados. O cenário também tem deixado os fundos de investimentos nervosos.
Aliado a esse quadro, os investidores também buscaram um melhor posicionamento frente ao novo reporte do boletim de oferta e de demanda do USDA. O relatório deve ser divulgado na próxima segunda-feira (11) e pode influenciar o andamento das negociações.
Vendas semanais
No caso do milho, as vendas ficaram em 813 mil toneladas na semana encerrada no dia 30 de junho. O volume ficou abaixo das apostas dos investidores, entre 900 mil a 1,3 milhão de toneladas do grão. Da safra 2015/16, foram vendidas 369,8 mil toneladas do cereal. Já da nova temporada, o número ficou 443,2 mil toneladas. Por outro lado, os participantes do mercado já se posicionam frente ao novo relatório de oferta e demanda do departamento que será divulgado na próxima segunda-feira (11).
Confira como fecharam os preços nesta sexta-feira:
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