Em Chicago, milho reflete números do USDA e fecha sessão desta 5ª feira com desvalorização de mais de 3%
Pelo 2º dia consecutivo, os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) fecharam em forte queda. No fechamento da sessão desta quinta-feira (30), as principais posições da commodity exibiram perdas entre 10,75 e 14,00 pontos, uma desvalorização de mais de 3%. Os vencimentos se distanciaram do nível dos US$ 4,00 por bushel, com o julho/16 a US$ 3,58 por bushel e o dezembro/16 a US$ 3,71 por bushel.
Segundo dados do noticiário internacional, a queda de hoje é um reflexo dos novos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). No caso da área, o número ficou em 38,08 milhões de hectares, o que representa um crescimento de 7% em relação ao ano anterior. O número ficou acima da última projeção do departamento, divulgada no começo do mês, de 33,27 milhões de hectares.
A estimativa também ficou acima das apostas dos participantes do mercado que giravam entre ao redor de 37,23 milhões de hectares a 38,04 milhões de hectares. "Essa é a terceira maior área plantada com o milho no país em 72 anos e muito mais do que os investidores esperavam para essa temporada", informou o site internacional Farm Futures.
Paralelamente, os estoques trimestrais foram estimados em 119,89 milhões de toneladas, um aumento de 6% em relação ao mesmo período do ano anterior. A perspectiva era que o USDA indicasse os estoques entre 112,71 milhões de toneladas e 117,48 milhões de toneladas.
"O milho tem uma dose dupla de más notícias. Estimando um rendimento médio próximo de 179,92 sacas por hectare e considerando um clima normal em julho, a safra pode chegar a 373,4 milhões de toneladas, o que poderia facilmente sobrecarregar a demanda", disse Bryce Knorr, analista e editor do site Farm Futures. No início de junho, o departamento estimou a produtividade das lavouras em 177,8 sacas por hectare e a saca 2016/17 em 366,54 milhões de toneladas.
E após a divulgação dos relatórios, é consenso entre os analistas de que o foco dos participantes do mercado será o comportamento climático nos EUA. Especialmente no mês de julho, já que as lavouras de milho entram em fase de polinização no país, uma das mais importantes para o desenvolvimento da cultura.
Nos próximos dias, as previsões climáticas ainda indicam chuvas próximas da normalidade em grande parte do Meio-Oeste do país. No mesmo período, as temperaturas deverão ficar acima da média, ainda de acordo com informações reportadas pelo NOAA - Serviço Oficial de Meteorologia do país. Os investidores seguem atentos ao clima, já que o mês de julho é o mais importante ao desenvolvimento da cultura nos EUA, uma vez que as lavouras entram em fase de polinização.
A demanda também é uma variável importante e que também é observada pelos investidores. Ainda hoje, o USDA reportou a venda de 120,4 mil toneladas de milho ao México. Do total negociado, em torno de 80,26 mil toneladas deverão ser entregues na temporada 2016/17. Já o restante, em torno de 40,13 mil toneladas serão entregues no ciclo 2017/18.
Já as vendas para exportação foram estimadas em 1.004,6 milhão de toneladas do cereal na semana encerrada no dia 23 de junho. Mais uma vez, o número ficou dentro das apostas dos investidores que giravam entre 1 milhão a 1.450 milhão de toneladas. No total, cerca de 468,5 mil toneladas são da temporada 2015/16 e o restante, de 536,1 mil toneladas no ciclo 2016/17.
Mercado brasileiro
Na BM&F, as cotações futuras do milho também registraram perdas mais fortes no pregão desta quinta-feira (30). As principais posições do cereal encerraram o dia com desvalorizações entre 1,47% e 3,42%. O contrato julho/16 era cotado a R$ 38,93 a saca, já o setembro/16, referência para a safrinha, finalizou o dia a R$ 39,75 a saca, com perda de 2,48%. Apenas o vencimento março/17 registrou leve alta, de 0,70%, cotado a R$ 43,30 a saca.
Além das perdas na Bolsa de Chicago, a desvalorização cambial também pressionou as cotações do cereal praticadas na bolsa brasileira, conforme ponderam os analistas. No caso do dólar, a perda foi de 0,73%, com a moeda negociada a R$ 3,213 na venda. Esse é o menor nível de fechamento desde 21 de julho de 2015, quando o câmbio fechou o dia a R$ 3,1732.
Já no porto de Paranaguá, a saca do cereal para entrega em setembro/16 caiu 1,47% e encerrou o dia a R$ 33,50. No restante do Brasil, as cotações alternaram altas e baixas nesta quinta-feira, conforme levantamento realizado pela equipe do Notícias Agrícolas. Em Assis (SP), o preço recuou 15,22% e saca fechou o dia a R$ 38,10. Na região de São Gabriel do Oeste (MS), a queda foi de 3,13%, com a saca a R$ 31,00.
Em Ponta Grossa (PR), a perda foi maior, de 5%, com a saca a R$ 38,00. Nas outras praças paranaenses, Ubiratã, Londrina e Cascavel, a saca fechou o dia a R$ 34,00, uma queda de 1,45%. Na contramão desse cenário, em Tangará da Serra e Campo Novo do Parecis, ambas no Mato Grosso, a alta foi de 12%, com a saca do milho a R$ 28,00. Já em Avaré (SP), o ganho foi ainda mais expressivo, ao redor de 14,30%, com a saca a R$ 39,08.
No mercado interno, os investidores seguem observando a evolução da colheita do milho safrinha. Nos principais estados produtores, Mato Grosso e Paraná, os trabalhos nos campos já ultrapassam os 15%. Ainda há muitas especulações em relação ao real tamanho da safra brasileira, já que em muitas regiões, as lavouras foram severamente castigadas pelas adversidades climáticas.
Ainda nesta quinta-feira, o Governo federal indicou que não irá mais realizar a venda de 500 mil toneladas de milho dos estoques públicos. A medida foi reportada no início de junho e tinha como objetivo conter altas dos preços, que estavam em níveis recordes. De acordo com dados da agência Reuters, o Ministério da Agricultura disse que as medidas não serão mais necessárias, "pois os preços estão se normalizando". Atualmente, o Brasil tem pouco mais de 880 mil toneladas de milho nos estoques públicos, segundo dados oficiais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Confira como fecharam os preços nesta quinta-feira:
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