Milho: Após ganhos fortes, mercado inicia 5ª feira com leves quedas, próximo da estabilidade em Chicago
Os futuros do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT) iniciaram a sessão desta quinta-feira (2) com leves quedas. As principais posições das posições do cereal exibiam ligeiras perdas entre 0,50 e 2,00 pontos, por volta das 7h56 (horário de Brasília). O vencimento julho/16 era cotado a US$ 4,13 por bushel, enquanto o março/17 era negociado a US$ 4,21 por bushel.
O mercado voltou a cair depois dos ganhos registrados no dia anterior. Ainda ontem, os futuros do cereal subiram entre 7,75 e 9,00 pontos, com a influência das especulações sobre o clima nos Estados Unidos e da queda registrada no dólar no cenário internacional. No caso do clima, os investidores estão atentos às chuvas, uma vez que os solos já estão encharcados em muitas áreas e a continuidade das precipitações poderiam ocasionar problemas como replantio.
Contudo, até o último domingo (29), cerca de 72% das lavouras apresentam boas ou excelentes condições, conforme dados do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
Já o dólar em queda frente às principais divisas do mundo reforçou as expectativas dos investidores de um aumento na demanda mundial pelo grão produzido nos Estados Unidos. Em meio às estimativas de redução na produção de milho na América do Sul.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Milho: Com alta em Chicago, preço sobe 1,33% em Paranaguá e bate os R$ 38,00/sc nesta 4ª feira
Em meio aos ganhos registrados no mercado internacional, a saca do milho para entrega setembro/16 subiu 1,33% e bateu R$ 38,00 no Porto de Paranaguá nesta quarta-feira (1). Na BM&F, as cotações apresentaram ligeiras valorizações entre 0,11% e 1,15%. O vencimento julho/16 era cotado a R$ 46,15 a saca e o setembro/16, referência para a safrinha brasileira, em R$ 43,15 a saca, com ganhos de 0,58%.
Além da relação ajustada entre oferta e demanda, que tem dado suporte aos preços no mercado doméstico, as preocupações com o real tamanho da safrinha ainda segue no radar dos investidores. "De uma perspectiva para colheita da safra total entre 87 milhões a 88 milhões de toneladas, hoje trabalhamos com uma produção ao redor de 79 milhões a 80 milhões de toneladas. Uma queda entre 8 milhões a 9 milhões de toneladas devido ao clima seco. E tudo isso deve levar a uma redução nas exportações, estamos com um ágio no mercado interno muito grande em relação às exportações", destaca o consultor de mercado da França Junior Consultoria, Flávio França.
O consultor ainda pondera que os embarques já totalizam pouco mais de 7 milhões de toneladas de milho na temporada e que há em torno de 13 milhões a 14 milhões de toneladas do grão que foram negociadas no ano anterior. "Somando, teríamos algo entre 20 milhões a 21 milhões de toneladas para exportação e a impressão é que dificilmente iremos embarcar mais milho. Não dá para vender milho novo até que o mercado interno se ajuste a paridade de exportação e isso não está próximo de acontecer", explica.
Ainda hoje, a agência Reuters reportou que ao longo de 2016 as exportações de milho deverão ficar próximas de 23 milhões de toneladas, segundo informações concedidas pela Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais). Anteriormente, a projeção era de embarques dá ordem de 30 milhões de toneladas na temporada.
Por outro lado, é consenso entre os analistas de que a colheita da safrinha irá pressionar as cotações do cereal. "Os preços atuais não deverão se manter, mas iremos ficar distantes da paridade de exportação, isso dá para ver nos números da BM&F", diz França. Por enquanto, o Paraná já colheu 1% até o último dia 30 de maio, conforme informou o Deral (Departamento de Economia Rural). No Mato Grosso, a colheita já supera os 1,11% da área cultivada, de acordo com dados levantados pelo Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária).
Já o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze, sinaliza que "somente em junho, os produtores deverão colher cerca de 25 milhões de toneladas de milho, o que ajudaria a abastecer as indústrias brasileiras e acalmar o mercado. Os preços nos atuais patamares têm inviabilizado a produção de aves e suínos".
Contudo, após a pressão da colheita, mais ao final do ano, as cotações ainda poderão voltar a subir, conforme ponderam os analistas. "Após a pressão da colheita é possível que os preços voltem aos atuais patamares praticados. Não teremos muita folga, esse é um problema que só será resolvido com a safrinha de 2017. E precisaremos de uma boa safra de verão, inclusive, é possível que haja uma recuperação de área na safra de verão, especialmente nos estados do Sul do Brasil, como Rio Grande do Sul e Santa Catarina", reforça França.
Enquanto isso, os consumidores brasileiros têm recorrido às importações do cereal para garantir o abastecimento. Recentemente, o Ciep (Conselho Interministerial de Estoques Públicos de Alimentos) aprovou a venda de 160 mil toneladas de milho, com o limite mensal de seis toneladas por produtor rural. "Esse seria o número muito baixo, já que o Brasil consome mais de 4 milhões de toneladas de milho por mês", reforça Brandalizze.
Dólar
A moeda norte-americana fechou o pregão desta quarta-feira (1), com queda de 0,68%, cotada a R$ 3,5879 na venda. O movimento é decorrente da recuperação do bom humor nos mercados externos e com operadores citando fluxos corporativos de venda de divisas no Brasil, segundo dados da agência Reuters.
Bolsa de Chicago
O pregão desta quarta-feira (1) foi positivo aos preços do milho negociados na Bolsa de Chicago (CBOT). Após iniciar o dia em queda, as principais posições do cereal consolidaram os ganhos e encerraram a sessão com altas entre 7,75 e 9,00 pontos, equivalentes a valorizações entre 1,87% e 2,22%. O vencimento julho/16 era cotado a US$ 4,13 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 4,16 por bushel.
No mercado internacional, os investidores ainda acompanham as informações sobre o clima nos EUA. "Ainda é muito cedo para falar dos impactos das chuvas, porém, se elas continuarem, poderemos ver algumas inundações no Meio-Oeste dos EUA e o replantio é inviável. Já estamos fora da janela ideal, mas, por enquanto, o que temos é o solo encharcado. A logo prazo, as previsões indicam um clima mais seco", afirma.
No final desta terça-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) informou que o cultivo do grão está completo em 94% da área projetada nesta temporada. Os dados são referentes até o último domingo (29). Na semana anterior, o índice estava em 86%.
O órgão ainda informou que em torno de 78% das plantas já emergiram, número acima do observado na última semana, de 60%. Em igual período de 2015, o percentual de lavouras emergidas estava em 81% e a média dos últimos cinco anos é de 75%. Em relação às condições das plantações, o USDA indicou que 72% das lavouras apresentam condições boas ou excelentes, 24% estão em condições medianas e 4% apresentam condições ruins ou muito ruins.
"Também tivemos compras alimentadas pelas preocupações com a produção no Brasil", disse Bob Burgdorfer, analista e editor do portal Farm Futures.
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