Municípios goianos já perderam, em média, 40% da produção de milho
Preocupada com o impacto da falta de chuva em algumas regiões que apostam no milho safrinha, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) se reuniu nesta quinta-feira (28), por meio de sua Comissão de Grãos e Oleaginosas, com produtores dos quatro cantos do estado e realizou um levantamento prévio do percentual de perda da produção em cada uma das regiões. Na média, através dos pareceres dos sindicatos rurais foram de 40% da expectativa inicial.
Para o presidente da Faeg, José Mário Schreiner, a preocupação da Federação é com a capacidade de cumprimento dos compromissos assumidos no custeio da safra. “Nosso maior objetivo é discutir os efeitos negativos gerados por esses problemas e buscar medidas emergências para que mais produtores não sejam tão afetados”, destaca, aproveitado para trazer à tona um problema velho conhecido dos produtores: o seguro rural.
Presentes no encontro, produtores de Bom Jesus, Cabeceiras, Edéia, Itumbiara, Goiatuba, Caldas Novas e Piracanjuba relataram uma perda de cerca de 50% da produção. O impacto aos agricultores de Silvânia, Paraúna, Catalão foi de 60%. Já em Rio Verde, Caiapônia, Mineiros e Jataí, a estimativa de perdas chega aos 40%. Em estado mais grave, Vicentinópolis e Santa Helena tiveram 80% de sua produção comprometida.
A maioria dos produtores já está procurando as administrações municipais de seus respectivos municípios e solicitando ajuda para que o estado decrete situação de emergência. Silvânia foi a primeira cidade a decretar a emergência.
Tributação
Outro assunto que não poderia ficar de fora é o imbróglio que envolve a tributação da soja e do milho em Goiás. Após grande mobilização por parte do setor produtivo e representantes da agropecuária goiana, o governo estadual suspendeu parte dos efeitos do Decreto 8.548, publicado em janeiro de 2016, mas a falta de clareza sobre as regras e as decisões futuras ainda preocupa o presidente da Faeg, José Mário Schreiner.
Na ocasião, e diante da mudança, Schreiner faz questão de ratificar: “as pessoas importam produtos, não impostos”, disse, justificando que alterar as condições de mercado atuais pode inviabilizar a absorção futura destas ampliações da produção, fato que pode ocorrer com esta medida, prejudicando não somente o produtor rural, mas, toda a economia do estado. Atualmente, 70% da soja produzida no estado é processada aqui, agregando valor no produto, que vira farelo, óleo, ou ração animal, e posteriormente carne. Isso coloca Goiás à frente de outros estados.
CAR
Outro ponto discutido foi a possibilidade de prorrogação para a entrega do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Faltando poucos dias para o fim do período de cadastro, produtores de todo o Brasil podem ganhar mais tempo para aderirem ao documento. A possibilidade de prorrogação do cadastro para até 31 de dezembro de 2017 está no relatório da Medida Provisória 707/2015 e aguarda votação do Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília.
Nesse contexto vale lembrar que, mesmo com a forte campanha encabeçada pela Faeg, apenas cerca de 60% dos produtores do centro-oeste já aderiram ao CAR – o percentual segue a média do nacional. Segundo a entidade, há duas formas de se caminhar para uma prorrogação: trabalhar a Medida Provisória 777 ou iniciar o estudo de uma nova legislação. A orientação agora é esperar que o Congresso vote a matéria.
Impeachment
Outro ponto abordado pelo presidente da Faeg, José Mário Schreiner, foi a recente aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, pela Câmara dos Deputados. Ele disse que a entidade entende que a aprovação do pedido de afastamento da chefe de estado representou o início do processo de reconstrução do país. “A Faeg vinha trabalhando em prol da aprovação do pedido por entender que o impeachment é essencial para a volta do crescimento econômico, com equilíbrio e harmonia entre os brasileiros. Para isso, a entidade contou com o valioso apoio dos produtores rurais e de representantes dos principais movimentos sociais urbanos”, disse.
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