Milho: CBOT registra novas altas nesta 5ª feira e cotações encostam em US$ 4 por bushel
As cotações futuras do milho negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) seguem em alta nesta quinta-feira (21) e acima do patamar de US$ 4,00 por bushel nos lotes com entrega mais distante. Assim como a soja, o mercado repercute as informações sobre o clima na América do Sul, reportadas durante a semana pelo Notícias Agrícolas. No Brasil, a preocupação se dá por conta do clima seco nas principais regiões produtoras de milho safrinha.
Por volta das 09h38, o contrato maio/16 estava cotado a US$ 3,99 por bushel com alta de 5 pontos, o julho/16 registrava 4,05 por bushel e avanço de 5,25 pontos e o dezembro/16 tinha US$ 4,06 por bushel com 3,75 pontos.
Nesta quinta-feira (21) é feriado de Tiradentes no Brasil. Portanto, as praças de comercialização do mercado interno não funcionam, assim como a BM&F Bovespa. Na véspera, os futuros do milho negociados no terminal brasileiro registraram valorização entre 1,22% e 4,07% com o contrato setembro/16, referência para a safrinha brasileira, cotado a R$ 40,75 a saca.
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Veja como fechou o mercado na quarta-feira:
Milho: Em meio ao tempo seco no Brasil, preços na BM&F registram novas altas nesta 4ª feira e superam os R$ 40/sc
Fernanda Custódio
Mais uma vez, as cotações futuras do milho negociadas na BM&F Bovespa encerraram o dia com altas expressivas. As principais posições do cereal registraram valorizações entre 1,22% e 4,07% no fechamento do pregão desta quarta-feira (20). Todos os vencimentos, inclusive os de 2017, encerraram acima do patamar de R$ 40,00. O contrato setembro/16, referência para a safrinha brasileira, terminou a R$ 40,75 a saca, enquanto o maio/16 era negociado a R$ 49,25 a saca.
Os analistas explicam que, nesse momento, o foco e suporte do mercado estão relacionados ao clima quente e seco observado nas principais regiões produtoras de milho safrinha no Brasil. Em muitas localidades, as chuvas não aparecerem há mais de 20 dias, o que já tem ocasionado perdas no potencial produtivo das plantações. Somente em Goiás, um dos estados mais afetados pelo clima, as perdas podem superar os 20% nesta temporada, conforme informou a Faeg (Federação de Agricultura e Pecuária de Goiás).
Segundo o assessor técnico da entidade, Cristiano Palavro, a perspectiva inicial era de uma safrinha próxima de 8 milhões de toneladas, porém, o potencial produtivo das plantas já foi afetado e a cada dia que passa sem chuva a situação se agrava. No Paraná, a situação é semelhante e, a região Norte é a mais afetada, mas há perdas consolidadas em todo o estado, de acordo com o presidente da Aprosoja Paraná, José Eduardo Sismeiro. "As lavouras cultivadas tardiamente são as mais afetadas pelo clima adverso e as perdas podem superar os 15% nesta temporada", explica a liderança.
Outras importantes regiões, como Triângulo Mineiro, Mato Grosso do Sul, São Paulo e partes de Mato Grosso enfrentam a mesma situação. "Por isso, temos os preços ainda sustentados na BM&F Bovespa. O mercado ainda não consegue enxergar com clareza uma baixa das cotações enquanto tiver stress de clima para a segunda safra. E até mesmo o setembro/16 que tinha caído, estava abaixo de R$ 36,00 a saca, voltou a subir", explica o consultor de mercado da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, Carlos Cogo.
A situação é tão alarmante que as informações já chegaram no mercado internacional. Para Michael Cordonnier, um dos mais respeitados consultores internacionais, a safrinha brasileira poderia ficar, dentro desse padrão climático, entre 51 milhões e 55 milhões de toneladas. Para essa temporada, a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) projeta a safrinha em 57 milhões de toneladas. "Eu estimaria que cerca de 40% do milho safrinha está em vários níveis de déficits de umidade. E se este padrão de tempo persistir, não seria um desastre para a cultura do milho safrinha, mas certamente irá reduzir os rendimentos das lavouras, especialmente das cultivadas tardiamente", completa.
E, por enquanto, as previsões climáticas indicam o retorno das chuvas para algumas regiões na próxima semana. A grande apreensão é que as chuvas deverão ocorrer com baixa intensidade e de forma localizada e irregular. Frente a esse cenário, ainda será necessário a consolidação das chuvas para depois avaliar o potencial de recuperação das plantas nas diferentes regiões produtoras, segundo destacam os especialistas.
Paralelamente, no mercado interno, as cotações também seguem sustentadas em meio à oferta escassa e a demanda firme. Em Paranaguá, o milho para entrega em setembro/16 fechou o dia a R$ 35,00, com valorização de 1,45%. Na praça de Barretos (SP), a alta foi de 13,88% e a saca encerrou a R$ 40,05, em Sorriso (MT), a cotação retomou o patamar de R$ 33,00, com ganho de 10%. Na região de Panambi (RS), a alta foi de 1,20% e a saca fechou a R$ 40,50.
No Oeste da Bahia, a alta ficou em 1,25%, com a saca a R$ 40,50. Em contrapartida, em São João da Boa Vista (SP), a cotação caiu 4,54% e encerrou a quarta-feira a R$ 41,03 a saca. Nas demais praças pesquisadas pela equipe do Notícias Agrícolas o dia foi de estabilidade.
"No mercado interno, continuamos com um panorama de baixa acentuada na virada do segundo semestre, com a chegada da 2ª safra. A direção é de baixa, mas para que se confirme é preciso uma safra cheia. Porém, temos em torno de 35% da produção cultivada fora da janela ideal e parte dela sob risco climático. Sem contar que no final de abril e maio temos preocupações em relação às geadas, especialmente no Paraná e Mato Grosso do Sul", pondera Cogo.
O consultor também sinaliza que há as importações chegando de outros países, como Argentina e Paraguai ao mercado para suprir a demanda do outro lado da cadeia. "E temos a retirada da tarifa de importação de milho para compras fora do Mercosul, cerca de 1 milhão de toneladas, o que seria negativo aos preços. Com isso, os produtores que ainda têm milho da safra de verão devem aproveitar os bons preços. Já as vendas futuras há uma dificuldade, pois os preços futuros estão abaixo do que é oferecido no mercado spot", acredita Cogo.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago (CBOT), as cotações do milho também fecharam a quarta-feira (20) em alta e encostaram no patamar de US$ 4,00 por bushel. As principais posições do cereal acumularam valorizações entre 6,25 e 10,25 pontos. O vencimento maio/16 era cotado a US$ 3,94 por bushel, enquanto o dezembro/16 era negociado a US$ 4,02 por bushel.
De acordo com dados da Farm Futures, o mercado segue atento às informações vindas da América do Sul. No Brasil, a preocupação se dá por conta do clima seco nas principais regiões produtoras de milho safrinha. "Além disso, o país anunciou a retirada da tarifa para importação de milho fora do Mercosul, o que alimentou os rumores de que as compras poderão ser feitas nos Estados Unidos", disse Bob Burgdorfer, analista e editor da Farm Futures.
Por outro lado, o excesso de chuvas na Argentina também está no radar dos participantes do mercado. Já nos EUA, a semeadura do cereal chegou a 13% no último domingo (17), segundo relatório de acompanhamento de safras do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). Ainda hoje, o órgão reportou a venda de 136 mil toneladas de milho para destinos desconhecidos. O volume negociado deverá ser entregue na temporada 2015/16. Essa é a segunda operação reportada essa semana, já que nesta terça-feira (19), o órgão divulgou a venda de 241,516 mil toneladas para destinos não revelados. Do total, foram 65,766 mil toneladas da safra 2015/16 e mais 175,750 mil da safra 2016/17.
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