Corretor vê importação de 250 mil t de milho argentino pelo Brasil
SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil já fechou negócios de importação de cerca de 250 mil toneladas de milho argentino, para desembarques entre abril e maio em portos de Santa Catarina, em momento em que criadores de aves e suínos enfrentam custos altos do cereal brasileiro, disse um corretor do Paraná.
Outros integrantes do mercado consultados pela Reuters comentaram sobre informações que circulam no mercado de que as importações estão ocorrendo, mas não tinham a confirmação dos negócios ou dos volumes.
"Aproximadamente 250 mil toneladas já foram fechadas", disse o corretor, que pediu anonimato. Ele acrescentou que nesta quarta-feira realizaram-se negócios em torno de 180 dólares por tonelada (incluindo custos do produto posto no caminhão, no porto).
As importações, ainda que em volumes atípicos e relativamente elevados, são pequenas perto das exportações brasileiras, que atingiram níveis recordes de mais de 30 milhões de toneladas em 2015 e estão estimadas em 28 milhões em 2016 pelo setor exportador.
O Brasil tem sido o segundo exportador global de milho, atrás dos Estados Unidos, tirando vantagem de grandes colheitas, mas tem enfrentado uma escassez localizada em algumas regiões, após muitos produtores terem preferido plantar soja para a colheita no verão e milho na safra de inverno.
As importações do cereal deverão ocorrer até o início da safra de inverno, que muitos acreditam que será recorde, pressionando as cotações domésticas e encerrando as compras externas, segundo o corretor.
Ele estima que os embarques estarão finalizados por volta de 15 de abril.
"O produto tem que chegar rápido, está cotado a 45 reais por saca (60 kg) no oeste de Santa Catarina. O preço do milho está insuportável (para criadores), mas quando a colheita chegar cai 10 reais por saca", disse ele.
A fonte do mercado estimou que o milho argentino será desembarcado nos portos catarinenses de São Francisco do Sul e Imbituba.
A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) já havia alertado no início do ano para a possibilidade de o Brasil ter que importar milho este ano.
Já o diretor-geral da Associação Brasileira de Exportadores de Cereais, Sérgio Mendes, afirmou à Reuters ter ouvido relatos sobre sondagens de importações.
Ele declarou ainda que não vê problemas em eventuais importações. "O Brasil se firmou como um exportador confiável, que cumpre contratos... e se precisar importar, importa, sem problemas", afirmou.
Em janeiro e fevereiro, o governo brasileiro registra importações de pouco mais de 40 mil toneladas no acumulado, produto com origem paraguaia.
(Por Roberto Samora)
1 comentário
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geraldo emanuel prizon Coromandel - MG
O mercado de análises, com raras exceções, está podre..., comparável à política brasileira.... Onde estão os propalados estoques que, até bem pouco tempo, achatavam os preços do milho? Que os números do governo não são críveis todos sabemos, mas tem muito analista que não tem coragem de revelar quem são seus clientes e fontes pagadoras... Estou de saco cheio desses vendidos. A que ponto chegamos, importação de milho, preços recordes em todo Brasil (porque efetivamente não ha milho) mas os estoques fictícios continuam altos ??!!.
Para quem acompanhou as noticias das exportações no segundo semestre/2015, e as intenções de plantio do cereal, a situação atual não é nenhuma grande novidade. Digo mais: preparem-se pois com o retardamento na implantação da safrinha (que se tornou a grande safra) corremos o risco não só de comprar milho argentino, mas teremos de abastecer no USA. O grande problema resume-se na falta de políticas públicas que absorvam o excesso de produção, quando ocorre, e abastece o mercado quando constata-se momentos como o presente. Somos o pais do improviso, do "salve-se quem puder". Que digam nossa avilcultura e suinocultura.
Não foi por falta de aviso. Sempre dissemos que o BR estava excedendo nas exportações de milho e que faltaria milho para o suprimento interno. Ademais, a escassez soberana que se instalou, somente terminaria com a nova entrada da safrinha. Os prêcos perderam as referencias e salvem-se quem puder. Alias, a safrinha terá que ser altamente produtiva, se não os preços elevados para milho brasileiro continuarão elevados.