Milho: Safrinha de 2016 já tem 10 mi de t negociadas com estímulo do dólar
O volume comprometido de milho da safrinha de 2016 já chegou a 10 milhões de toneladas, conforme afirma o consultor de mercado da Brandalizze Consulting, Vlamir Brandalizze. O cenário é decorrente da recente alta do dólar que tem gerado oportunidades de negócios aos produtores rurais brasileiros não só para a safra de 2015, mas também para a próxima temporada. Recentemente, negócios foram feitos no Porto de Paranaguá nos patamares de R$ 39,00 até R$ 40,00 a saca, para entrega em agosto, setembro e até outubro do próximo ano.
A moeda norte-americana, que ganhou impulso com as incertezas políticas e econômicas do Brasil, começou a sua escalada em meados de julho e finalizou o mês de setembro a R$ 3,9655 na venda e valorização mensal de 9,33%. Já no comparativo com o dia 22 de julho, quando a moeda começou a disparada e encerrou a sessão a R$ 3,2257 na venda, com o fechamento de 30 de setembro, a alta é de 22,93%.
O pesquisador do Cepea, Lucílio Alves, relata que as negociações antecipadas acontecem especialmente nos estados da região Centro-Oeste. “Que localidades onde os produtores rurais têm a necessidade de exportar o grão”, diz. Os agricultores utilizaram diferentes tipos de operações, mas de modo geral, são negócios para a exportação, ainda conforme sinaliza o pesquisador.
No caso de Mato Grosso, por exemplo, maior estado produtor de milho na segunda safra, a comercialização da safrinha de 2016 está próxima de 40%. "Negócios antecipados para a próxima safra eram raros e esse ano já temos um bom volume negociado", diz o analista de mercado da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt. Em média, os produtores sul mato-grossenses realizaram negócios entre R$ 20,00 a R$ 21,00 a saca do cereal.
“Mas ainda tivemos casos de travamento (a termo) acima desses valores. Os agricultores têm realizado contratos a termo com as tradings e também operações de barter (troca). Nesse último caso, o produtor já transformou a dívida em grãos, o que é uma estratégia simples e muito eficiente”, orienta Hildenbrandt.
Já nos outros dois estados que compõe a região Centro-Oeste, os negócios caminham de maneira mais lenta, mas ainda assim, os produtores têm conseguido realizar algumas operações. Em Goiás, os agricultores travaram pouco mais de 12% da próxima safrinha. Em Mato Grosso do Sul, o volume negociado até o momento não é muito expressivo, ainda conforme ressaltam os analistas.
Paralelamente, a alta do dólar também é uma preocupação dos agricultores em relação aos custos de produção. Isso porque, o câmbio é fundamental na composição do cenário e a instabilidade da moeda têm deixado os produtores cautelosos. “Mesmo com o foco no início do plantio da soja, as compras para a próxima safrinha deverão se intensificar a partir de agora”, informa Alves.
“Que os custos de produção estarão mais caros, isso é certo. Se os preços das commodities irão acompanhar, isso dependerá do comportamento do mercado e também do câmbio. Mas o grande risco ao produtor rural é adquirir os insumos em reais e o câmbio recuar. Nesse caso, a conta ficará ruim aos produtores, pois em dólar, tanto os preços do milho como soja estão em níveis mais baixos”, alerta o analista da FocoMT Agentes Autônomos, Marcos Hildenbrandt.
O pesquisador do Cepea também orienta que os produtores não fiquem descobertos. “Temos um risco, uma vez que se os insumos subirem mais, os produtores poderão ficar com a margem ainda mais ajustada. Entretanto, se tivermos uma melhora na economia e o câmbio retornar aos patamares de R$ 3,50 a R$ 3,30, que seria um nível de equilíbrio, os preços do milho deverão cair”, completa.
Custos de produção x Retorno Financeiro
Um recente estudo elaborado pela Agrinvest indicou o retorno financeiro aos produtores rurais de diferentes regiões produtoras do país. Considerando o vencimento setembro/16 a US$ 4,07 por bushel em Chicago, basis (prêmio) para agosto em -10 cents, dólar futuro a R$ 4,37 e preço sobre rodas em R$ 38,12 a saca, a consultoria estimou um cenário em reais e em dólar aos agricultores brasileiros.
Estimativas dos Custos de Produção em Real por Hectare/ Custos Logísticos - Fonte: Agrinvest
No caso do retorno financeiro em reais, o produtor do norte do Paraná, teria uma lucratividade próxima de R$ 1.562,80 por hectare, levando em consideração um custo de produção ao redor de R$ 1.815,32 e uma produtividade média de 110 sacas por hectare. Já os agricultores do oeste do estado, teriam um retorno de R$ 1.496,80 por hectare, com mesmo custo estimado e rendimento médio das lavouras.
Na região sudoeste de Goiás, o retorno aos agricultores estaria próximo de R$ 1.441,42 por hectare, em quadro com custo ao redor de 2.082,96 por hectare e produtividade média de 130 scs/ha. Enquanto isso, no sul de Mato Grosso do Sul, considerando o custo de R$ 1.912,31/ha e rendimento de 110 scs/ha, os produtores conseguiriam um retorno em torno de R$ 1.315,82/ha. Para o norte do estado, o retorno ficaria pouco abaixo, em cerca de R$ 1.102,82/ha, com mesma projeção de custos e rendimentos.
Por outro lado no Mato Grosso, os números variam bastante, de acordo com cada região do estado. No sul, por exemplo, o agricultor conseguiria um retorno ao redor de R$ 734,61/ha, levando em conta um custo aproximado de R$ 2.438,77/ha e produtividade média de 130 scs/ha. No sudeste, o retorno do produtor mato-grossense seria um pouco menor, em torno de R$ 681,84/ha, considerando a mesma projeção de rendimento, porém, com custos próximos de R$ 2.374,55/ha.
No oeste do estado, a margem é ainda menor aos agricultores, próxima de R$ 552,12/ha, os custos estimados estão ao redor de R$ 1.958,27/ha e rendimento médio de 130 scs/ha. E norte de MT, o retorno projetado aos produtores deverá ficar em R$ 224,18/ha. Situação levando em consideração os custos em torno de R$ 2.208,21/ha e produtividade próxima de 130 scs/ha.
No mesmo levantamento, a consultoria também estimou o retorno financeiro aos produtores em dólar, levando em consideração as mesmas variáveis descritas acima. Entretanto, o cenário não é tão animador e em algumas localidades, especialmente no MT e MS, os agricultores poderão amargar prejuízos com a safrinha de 2016.
O norte mato-grossense é a localidade mais preocupante, uma vez que a projeção é de retorno negativo aos produtores em US$ 129,17/ha. No sudeste do mesmo estado, a projeção é que o retorno aos agricultores também fique negativo, em US$ 38,04/ha. Nas outras duas regiões do estado avaliadas pela consultoria, oeste e sul, as margens estimadas são negativas aos agricultores, em US$ 33,70/ha e US$ 31,21, respectivamente.
No norte do MS, a margem estimada aos agricultores é positiva, em US$ 96,08/ha. O mesmo acontece no sul do estado, onde o retorno projetado está em US$ 103,63/ha. No Sudoeste de GO, o retorno estimado aos produtores é de US$ 159,61/ha. Para o oeste paranaense, a margem projetada é um pouco maior, ao redor de US$ 194,16/ha, já no norte do estado, a expectativa é que o retorno financeiro fique em US$ 209,26/ha.
1 comentário
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elcio sakai vianópolis - GO
O papel aceita tudo, porém na minha região em Goiás, são raras as pessoas que conseguiram tirar produções de milho acima de 115 sacas/há. sou de Luziânia-Go e minha produção de milho safrinha este ano foi de 102 sacas por ha, uma produção que considero boa, já que a chuva ajudou, pois já teve anos de produção de 70 sacas/há. Essa produção estou falando de média, já que houve talhões que produziu acima de 120 sacas e outras abaixo de 80 sacas.
Acho que a Fernanda Custódio está sendo otimista demais, produções altas de milho, nós produtores conseguimos, quando há muita água, luminosidade e boas técnicas. Na safrinha há uma diminuição de água e luminosidade, circunstância limitante que não deixa o milho expressar todo o seu potencial produtivo.