Embrapa contesta dados sobre emissão de gases na pecuária
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) contestou os dados divulgados na semana passada pelo Observatório do Clima, que atribuem ao setor agropecuário 69% das emissões de gases de efeito estufa. “Esses levantamentos consideram apenas a emissão de gases por parte da pecuária. Não levam em conta a mitigação de gases pela incorporação e estoque de carbono no solo em pastagens bem manejadas, a eficiência de raças precoces, que reduzem a permanência do gado no pasto”, diz Cleber Oliveira Soares, veterinário e chefe geral da Embrapa Campo Grande (MS).
Segundo Soares, a pecuária tem evoluído ao ponto de ser a cultura que mais contribui, no Brasil, com o efeito poupa-terra: “São 600 milhões de hectares nos últimos 40 anos. Isso é um fato. Os sistemas de produção eficientes têm contribuído para mitigar e promover o crédito de carbono. O pasto bem manejado, por exemplo, estoca carbono no solo, assim como as florestas plantadas e o plantio direto. Esses fatores positivos não são divulgados”, acrescenta Soares.
O chefe da Embrapa cita a pesquisa realizada pela Kleffman, publicada na edição de novembro de GLOBO RURAL. Segundo o estudo, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), já ocupa 11,5 milhões de hectares, mostrando que o Brasil já alcançou um dos compromissos estabelecidos no INDC (Contribuições Nacionalmente Determinadas Pretendidas), apresentado na Conferência do Clima em dezembro passado em Paris.
Para Soares, há informações, divulgadas sem embasamento científico, que colocam a pecuária como vilã do aquecimento global. “Estou calejado. Acredito que um dos desafios do agro é mostrar a correlação entre a ciência e o alimento. O Brasil foi de importador a exportador de alimentos graças a tecnologia de ponta usada nas última décadas. A produtividade cresceu aceleradamente sem aberturas de novas áreas”, diz o pesquisador.
Segundo ele, a sociedade não percebeu ainda a importância do país como produtor de alimentos tanto para o mercado interno como para o internacional. “Um bife tem ciência e tecnologia."
Leia a notícia na íntegra no site Revista Globo Rural.
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