Baixo nível do Rio Paraná reduz exportações agrícolas argentinas

Publicado em 05/05/2021 13:50

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O Rio Paraná, na Argentina, canal de escoamento de grãos dos pampas para o mundo, ficou tão raso que começou a "cortar" os embarques, em momento em que o país inicia a temporada de exportação.

O nível do Paraná no polo exportador de Rosário, sede de algumas das maiores fábricas de esmagamento de soja do mundo, atingiu apenas 0,90 metro na quarta-feira, de acordo com informações oficiais.

Entre 1996 e 2020, a profundidade média do rio em Rosário em abril era muito maior, de 3,5 metros --zero é um ponto de referência usado pelos capitães de navios, em vez da real profundidade do curso d'água.

"Estamos carregando entre 5.500 toneladas a 7.000 toneladas a menos por navio devido aos baixos níveis de água", disse o chefe da Câmara de Atividades Portuárias e Marítimas (CAPyM), Guillermo Wade.

A Argentina é o maior exportador mundial de farelo de soja e o terceiro de milho, e a profundidade do rio Paraná é chave para a lucratividade do setor.

O rio flui para as rotas marítimas do sul do Atlântico. Assim, um Paraná profundo geralmente permite que os produtos agrícolas sejam carregados em Rosário e descarregados em qualquer parte do mundo. Isso evita o custo de barcaças e transporte rodoviário.

Mas o recente clima seco no sul do Brasil deixou o Paraná mais raso que o normal, e os meteorologistas dizem que a previsão de curto prazo é de que rio de Rosário fique ainda menos profundo ao longo dos próximos dias.

"O custo logístico para a indústria pode ficar entre 250 e 300 milhões de dólares, mas essa é uma estimativa aproximada. Tudo depende sobre como o nível do rio evolui, mas as previsões não são encorajadoras", disse o secretário técnico da bolsa de Rosário, Alfredo Sese.

REDUZINDO TONELADAS

A profundidade do rio, que fica menor no momento em que começam as colheitas de soja e milho, tem alertado exportadores depois que a falta de chuvas em 2020 fez com que o Paraná atingisse seu ponto mais raso em 50 anos.

"O nível do rio está baixando de novo. Não tanto quanto no ano passado, mas a caminho. Isso está reduzindo algumas toneladas dos navios que partiram de Rosário", disse um executivo de uma grande trading que pediu para não ser identificado.

Os agricultores argentinos devem colher 45 milhões de toneladas de soja nesta temporada e 50 milhões de toneladas de milho, de acordo com a bolsa de grãos de Rosário.

Até agora, os produtores trouxeram mais de 33% da safra de soja de 2020/21 e cerca de 20% do milho.

O setor agrícola é a principal fonte de dólares de exportação da Argentina em um momento em que as reservas do banco central estão pressionadas por uma recessão de três anos exacerbada pela pandemia de Covid-19.

A dragagem será um fator importante para garantir que o rio permaneça navegável.

O contrato de manutenção do Paraná está nas mãos da belga Jan De Nul há 25 anos.

Esse contrato expirou oficialmente na semana passada, mas o governo disse que a empresa continuaria seu trabalho por pelo menos mais três meses, enquanto o governo processa as licitações.

Jan De Nul está entre as empresas internacionais que deverão concorrer ao próximo contrato. O governo rejeitou os apelos de alguns legisladores locais para entregar a dragagem do Paraná a uma empresa estatal.

A empresa não quis comentar.

O rio em Rosário está atualmente dragado para cerca de 34 pés (10 m) e os líderes do setor querem que o próximo contrato de dragagem ofereça um canal de navegação mais profundo e mais amplo para melhorar a navegabilidade.

Cada pé adicional de profundidade permite que os navios Panamax, projetados para viajar pelo canal do Panamá, transportem de 1.800 a 2.200 toneladas de carga adicional.

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Fonte:
Reuters

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