Pará pode quadruplicar escoamento de grãos em 10 anos
O Pará pode superar a média nacional de exportação de grãos a partir da implantação de políticas públicas voltadas para o escoamento da produção no Estado. Foi o que afirmou o secretario da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Carlos Alberto Batista, durante o primeiro dia da IV Conferência Nacional de Defesa Agropecuária, que ocorre esta semana, em Belém (PA).
Com estrutura prevista para ser instalada no prazo de até dez anos, o Estado estará com capacidade para escoar mais de 40 milhões de toneladas de grãos (soja e milho), produzidos nos principais mercados brasileiros, superando os dez milhões da atual média nacional. “O Pará tem um potencial hidroviário e uma localização geográfica impar na logística nacional. Com toda a infraestrutura prevista para ser instalada, vai sozinho quadriplicar o escoamento de produção da media nacional atual”, disse o secretário.
Para isso, estão sendo abertas licitações que atendam as demandas de infraestrutura nas rotas de exportação da região Norte, como a ampliação do porto de Itacoatiara, no Estado do Amazonas. No Pará, o projeto contempla a construção do Terminal de Fertilizantes e a ampliação do Porto de Santarém, além da implantação do Terminal Portuário de Outeiro e de outros portos, como o de Vila do Conde, em Barcarena. Será fornecido também, dentro do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal, recurso para reconstrução e manutenção de rodovias, segundo relatou Carlos Alberto durante a palestra “A política de defesa agropecuária versus a logística brasileira no século XXI”.
Os avanços são possíveis graças à atual política nacional que consiste em inverter o curso da logística do escoamento da produção agrícola, que, desde a década de 1950, centralizava no modelo modal rodoviário, com a construção apenas de estradas. A atual política vai desenvolver a região Norte, melhorar a receita de quem produz grãos e desafogar as estradas e portos das regiões Sul e Sudeste do país, que estarão livres para focar na industrialização.
“Desde 1950, o modelo de governar era construir estradas, gestão centralizada no modal rodoviário, encarecendo o custo de quem produzia no setor agrícola. Agora, a gente já vislumbra os portos às proximidades da linha do Equador, no Norte e Nordeste, pois estão próximo do Canal do Panamá, que esta sendo ampliado, e do porto holandês de Roterdã, o maior da Europa. Assim, será possível escoar a produção dos nossos principais mercados, como a do Estado do Mato Grosso. O projeto vai contribuir para ajudar o Brasil de ponta a ponta”, explicou Carlos Batista.
Tirando boa parte do escoamento da produção do modal de transporte rodoviário, o produtor de grãos do Mato Grosso, por exemplo, vai ter um custo logístico 35% mais barato, podendo faturar ate R$ 6 por saca de milho e soja. Isso vai implicar na geração de emprego e renda, pontuou o secretário.
Para o chefe de Defesa Agropecuária da Superintendência Federal de Agricultura no Pará (SFA/PA), Milton Cunha, a ação é necessária para avançar também com o trabalho de Defesa Agropecuária. “E necessário melhorar a estrutura logística, que esta numa situação preocupante, para avançarmos no trabalho de Defesa Agropecuária, que deve acompanhar o crescimento da logística, representada pelo aumento na demanda. Mesmo com os problemas, muita coisa tem sido realizada“, alertou Cunha.
O diretor da Agencia de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Mario Moreira, disse que o investimento contribuirá com a produção do sul paraense, que é a nova fronteira agrícola do Estado. “A região tem potencial para produção de grãos. Santana do Araguaia hoje planta 50 mil hectares de grãos, entre soja e milho. Para o próximo ano, com certeza chegaremos a 100 mil hectares, e em cinco anos, poderemos chegar a 300 mil hectares de produção de soja e milho. O sul do Pará será um importante polo de produção de grãos, que logo terá destaque nacional”, concluiu.
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