Embrapa Gado de Leite: Custo de produção de leite sobe em agosto
*Por Paulo do Carmo Martins e Samuel José de Magalhães Oliveira,
Pesquisadores em economia da Embrapa Gado de Leite, e Manuela Sampaio Lana e Alziro Vasconcelos Carneiro, Analistas em economia da Embrapa Gado de Leite.
O mês de agosto registrou uma elevação de custos de produção de leite, medido pelo ICPLeite/Embrapa, de 0,1%. Ainda que restrita, esta elevação é a quarta seguida (maio a agosto), acumulando 3,5% e confirma uma tendência altista de preços de insumos. No acumulado dos primeiros oito meses do ano, contudo, ainda há deflação de custos, de -1,5%. Mas, nos últimos doze meses, o custo de produção de leite cresceu 2,2%.
Energia Elétrica foi o item de maior impacto
Em agosto os custos do grupo Energia e combustíveis impactaram muito os custos de produção de leite (5,6%). A falta de chuvas está colocando os reservatórios de geração de energia em risco, o que explica tarifas majoradas pela adoção da bandeira amarela. Os grupos Volumosos e Minerais tiveram variação restrita (0,2%). No primeiro caso, puxado pelo preço de fertilizantes. O grupo Qualidade do Leite teve redução de custos (-2,2%), o mesmo ocorrendo com o grupo Concentrado (-0,6%) e Sanidade e reprodução (-0,1%). O custo da Mão de obra permaneceu inalterado. Os dados constam do Gráfico 1.
O ano de 2024 tem apresentado volatilidade nos preços de insumos, com variações positivas e negativas nos meses do ano. O grupo Concentrado teve forte queda de preços no início do ano e em meses subsequentes, principalmente devido à queda de preços de milho, soja e algodão, dentre outros. O acumulado de sete meses foi de -11,6%, o que foi decisivo para uma deflação para o acumulado do ano, que foi de -1,5%. Além da intensidade da queda, o elevado peso desse grupo no cálculo do ICPleite/Embrapa foi decisivo. O grupo Qualidade do leite também apresentou deflação de -4,7%.
Em sentido contrário outros quatro grupos de custos, que compõem o ICPLeite/Embrapa, apresentaram inflação. Energia e combustível acumulou 16,1% nos oito primeiros meses do ano, seguido por Mão de obra, com 5,7%. O grupo Volumosos e Sanidade e reprodução tiveram, respectivamente variações de 5,1% e 4,5%. Os dados constam do Gráfico 2.
No acumulado de doze meses, a variação dos custos de produção registrou inflação de 2,2%, com quatro grupos apresentando crescimento significativo de custos. O de maior intensidade foi o grupo Energia e combustível, com 16,1% de variação acumulada, enquanto que os de maior impacto, pelos seus pesos relativos, foram os grupos Volumosos e Mão de obra, respectivamente com 6,8% e 5,7% de variação anual. O grupo Sanidade e reprodução acumulou aumento de 3,2%. Já o grupo Concentrado apresentou deflação de -2,6%, e o grupo Minerais foi o que apresentou menor redução de custos anuais (-10,8%) conforme Gráfico 3.
O Gráfico 4 mostra a variação mensal do ICPLeite/Embrapa. De agosto de 2023 a janeiro de 2024 os custos cresceram. A partir daí, ocorreu uma queda intensa de maneira intensa até abril, iniciando um novo período de crescimento, mas com menor aceleração.
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