Produção de leite cai globalmente frente à menor demanda, e os preços internacionais de lácteos reagem
O cenário internacional segue com incertezas geopolíticas pela permanência de conflitos no Oriente Médio e no leste europeu. Apesar de ainda não impactar significativamente o preço das principais commodities, a extensão do conflito nas imediações do golfo de Aden e no Mar Vermelho fez com que o valor dos fretes marítimos disparasse a partir de janeiro. O crescimento econômico se arrefeceu em importantes economias como o Japão, a Alemanha e a China. Este último país continua a enfrentar crise imobiliária com o valor de ações de importantes construtoras atingindo as mínimas históricas. O corte recente dos juros no gigante asiático é mais uma tentativa de o governo central imprimir maior dinamismo na economia.
Apesar da queda das compras de lácteos pela China e outros importantes mercados consumidores, a oferta global também se retraiu, se ajustando à demanda. Isso permitiu alguma recuperação dos preços no mercado internacional. O preço do leite em pó integral atingiu USD 3.388/ t no último leilão do GDT, valor significativamente superior aos USD 2.500 observados há seis meses.
O crescimento econômico projetado para a economia brasileira em 2024 está em 1,6%, valor menor que o estimado para 2023, cerca de 3%. A economia brasileira parece estar diminuindo o ritmo de crescimento, mas desemprego e inflação permanecem comportados. No entanto, desafios aparecem no horizonte macroeconômico - o aumento dos gastos públicos sem contrapartida de aumento da arrecadação em 2023 reverteu o superávit primário que havia sido conquistado em 2022, levando ao maior déficit do orçamento federal desde 2020, ano da pandemia de Covid 19. O controle dos gastos públicos, bem como a queda dos investimentos observada e o menor valor das principais commodities exportadas pelo país são informações importantes que podem influenciar o ritmo de crescimento da economia brasileira em 2024.
A disponibilidade de lácteos aumentou acima de 5% no ano de 2023, ilustrando a recuperação do consumo observada. No entanto, a captação pelas indústrias lácteas aumentou apenas 1,6%, mostrando que a produção nacional pouco evoluiu no ano de 2023. O aumento do consumo foi viabilizado, basicamente, pelo crescimento de 68,8% das importações neste ano, em relação a 2022. Em 2023 mais de 8% da oferta de leite e derivados no país foi de origem importada.
O maior consumo de lácteos no Brasil em 2023 foi possível não só pelo aumento da renda da população, mas também pela pequena queda no preço dos lácteos que, em média, ficaram 2,5% mais baratos no ano de 2023. O leite UHT viu seu preço diminuir quase 7% no ano passado.
Os preços de insumos pagos pelos produtores voltaram a se elevar nos últimos meses. O ICPLeite, que mede o aumento dos custos de produção de leite, atingiu 1,9% em janeiro de 2024. O valor acumulado em 12 meses ainda está próximo de zero, influenciado pelas deflações observadas no primeiro semestre de 2023. Os preços do leite no mercado spot e o UHT no mercado atacadista de São Paulo estavam aumentando nas últimas semanas, mas apresentam tendência de estabilização nos últimos dias. Este pode ser um indicador que, as altas de preços ao produtor que estão sendo observadas este ano em plena safra, podem perder ritmo.
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