Leite/Cepea: Preço ultrapassa R$ 3,55/litro em agosto, mas queda em setembro deve ser expressiva
Assim como esperado pelo setor, o preço do leite captado em julho e pago aos produtores em agosto registrou mais uma forte alta, de 11,8% frente ao mês anterior, chegando a R$ 3,5707/litro na “Média Brasil” líquida do Cepea – novo recorde da série histórica, iniciada em 2004. Com isso, o leite no campo acumula valorização real de 60,7% desde o início de 2022 (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto/22). Contudo, o movimento altista parece ter chegado ao fim, e pesquisas do Cepea ainda em andamento mostram que a “Média Brasil” de setembro (referente à captação de agosto) pode recuar em torno de 50 centavos.
Com os estoques de derivados limitados nos atacados e a baixa oferta de leite cru no campo entre junho e julho, os preços dispararam ao longo de toda a cadeia. No entanto, o elevado patamar alcançado na gôndola desencadeou uma retração do consumo em agosto. Os canais de distribuição passaram a pressionar os laticínios por cotações de derivados mais baixas. Pesquisas do Cepea mostram que houve quedas de 15,3% e de 10% nos preços do UHT e da muçarela negociados no estado de São Paulo em agosto, respectivamente. E esse movimento de desvalorização persiste em setembro.
Com vendas fracas e estoques de lácteos crescentes nos laticínios e canais de distribuição, as compras de leite no spot também se enfraqueceram em agosto. Na média mensal de Minas Gerais, os preços caíram 30,8%, de R$ 4,54/litro em julho para R$ 3,14/litro em agosto.
Ademais, o expressivo aumento das importações nos últimos meses tem contribuído para elevar a disponibilidade de lácteos no mercado interno. De acordo com dados da Secex, em agosto, o volume importado de lácteos subiu quase 64%, e o déficit da balança comercial se aproximou de 170 milhões de litros em equivalente leite.
Também é importante observar que a produção de leite cru tem crescido nos últimos meses: o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) do Cepea subiu 6,3% de junho para julho, puxado pela elevação da produção no Sul do País. Neste contexto, a expectativa dos agentes de mercado é de que os preços recebidos por produtores em setembro recuem fortemente.
Mesmo assim, deve-se destacar que o potencial de aumento da oferta ainda é um ponto de incerteza para o setor – o que pode manter firme a concorrência por fornecedores em algumas bacias leiteiras. Isso porque o incremento da produção nos últimos meses esteve atrelado ao estímulo da alta do preço do leite, que melhorou o poder de compra do pecuarista frente à ração. Porém, é preciso considerar que as cotações dos grãos permanecem em patamares elevados, mesmo que abaixo dos do ano passado. Isso tem impedido uma queda mais intensa do Custo Operacional Efetivo (COE) da atividade, dificultando o amplo investimento a campo. Desde janeiro, o COE acumula alta de 3,8%. Entretanto, esse aumento é quase quatro vezes menor que o registrado no mesmo período do ano passado.
Confira o Boletim do Leite completo abaixo:
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