Embrapa Gado de Leite: Preços recordes melhoram margens da cadeia, mas assustam consumidor
O leilão mais recente do Global Dairy Trade (GDT), ocorrido em 05 de julho, registrou nova queda nos preços médios de lácteos(-4,1%), mas se mantiveram em patamares elevados (US$ 4,360/ton.). Leite em pó e leite desnatado foram comercializados a US$ 4.064/ton. e a manteiga a US$ 5.648/ton.
Já no Brasil, a taxa de câmbio tem se mostrado volátil, com a curva da cotação do dólar comercial formando dois vales em torno de R$ 4,64 e dois picos de R$ 5,39 uma banda muito larga para um período de noventa dias (05 abril a 05 de julho). Este comportamento oscilante inibe a importação, dada a imprevisibilidade do preço final, que é cotada em Reais, mas influenciado pela cotação do Dólar. No primeiro semestre deste ano o Brasil importou somente 65,9% da quantidade importada em igual período do ano anterior.
Em junho, os lácteos foram destaque na grande mídia, em função do forte e abrupto crescimento dos preços, ocorrido em poucos dias. O gatilho foi a divulgação pelo IBGE, na segunda semana de junho, da queda de 10,3% na captação de leite pelos laticínios, numa comparação entre o primeiro trimestre deste ano e de 2021. A escassez de oferta, que já era sentida, ficou materializada e suplantou a retração da demanda, que já vem ocorrendo desde abril, num ambiente em que o poder aquisitivo dos salários vem caindo.
No varejo, a inflação, medida pelo IPCA, acumulou 5,49% neste primeiro semestre do ano, enquanto o grupo Leite e Derivados teve elevação de preços quatro vezes maior e atingiu 22,38%. O Leite UHT acumulou variação de 41,77% em seis meses, ou sete vezes mais que a inflação do período. Queijos e Leite em Pó tiveram comportamento de preços próximos do IPCA semestral e foram de 10,36% e 7,53%, respectivamente.
Os preços no atacado atingiram cotações históricas. Os valores médios negociados ultrapassaram a barreira dos 20% de crescimento, considerando-se somente a segunda quinzena de junho. O litro do Leite UHT foi comercializado na primeira semana deste mês de julho a R$ 6,50 e o quilo do Queijo Mussarela R$ 43,28. O leite no mercado spot foi comercializado a R$ 4,16. Todos, com viés de alta.
A escassez de leite fez os preços recebidos pelo produtor crescerem no mês de junho, recuperando pequena parte das margens perdidas nos últimos meses e, neste primeiro semestre, cresceram 45,78%, de acordo com o CEPEA/USP, em valores nominais. Quando deflacionados pelo ICPLeite/Embrapa, os preços reais registraram um crescimento de 12,01%.
Em meio ao crescimento generalizado de preços ao longo da cadeia, o custo de produção caminhou em sentido contrário e retraiu em junho. De acordo com o ICPLeite/Embrapa, houve uma deflação de 2,6% no mês, puxada pela queda nos custos de alimentação (rações e volumosos). No primeiro semestre acumulou crescimento de 2,5%, ou menos da metade do IPCA no período, e cerca de quase dez vezes menos que o conjunto do grupo Leite e Derivados, e vinte vezes menos que a elevação de preços do Leite UHT. Vale registrar que os custos de produção continuam em patamares históricos elevados.
Para o segundo semestre a expectativa é que os preços encontrem um ponto de equilíbrio para cada elo da cadeia. Neste mês de julho os preços de trigo, soja e milho estão com tendência de queda de preços na bolsa de Chicago e os combustíveis caíram de preço no mercado interno. Isso deverá reduzir a pressão sobre os custos de produção. O preço ao produtor deverá recuar, como sempre ocorre no segundo semestre. Neste momento, há produtores recebendo o equivalente a US$ 0,80 por litro produzido. A tendência é de alguma aceleração das importações devido à competitividade atual do produto importado. A criação de novos empregos e a injeção de cerca de R$ 42 bilhões na economia, dinheiro novo aprovado no Congresso, deverão estimular o consumo de lácteos.
0 comentário
Leite/Cepea: Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
Comissão Nacional de Pecuária de Leite discute mercado futuro
Brasil exporta tecnologia para melhoramento genético de bovinos leiteiros
Preço do leite pago ao produtor para o produto captado em outubro deve ficar mais perto da estabilidade, segundo economista
Pela primeira vez, ferramenta genômica vai reunir três raças de bovinos leiteiros
Setor lácteo prevê 2025 positivo, mas com desafios