Novas tecnologias de produção com forrageiras no inverno trazem resultados a produtores de leite em Serafina Corrêa/MT
Novos arranjos produtivos de forrageiras de inverno, além de tecnologias e técnicas para manejo da bovinocultura leiteira estão sendo testados e avaliados a campo em propriedades do Projeto Elite a Pasto, desenvolvido pela Emater/RS-Ascar em Serafina Corrêa. Algumas dessas técnicas já estão consolidadas e sendo aplicadas em propriedades, trazendo resultados para a produção de leite das famílias. Esse foi o tema apresentado pela Emater/RS-Ascar no Dia de Campo sobre Silagem de Inverno, realizado na tarde de quarta-feira (15/06), na propriedade da família do agricultor Nelson Pavoni, na comunidade de São Caetano. O evento também contou com a participação da Embrapa Trigo, com a Unidade de Referência Técnica (URT) em Trigo BRS Reponte, semeado na propriedade em 3 de março deste ano para fazer duas safras de silagem de inverno, além da Biotrigo, iniciando um trabalho de qualificação da ensilagem de inverno.
A propriedade, que já aplicou técnicas como o pastoreio rotatínuo, o aumento dos horários de pastejo no dia, além do ajuste da suplementação volumosa conforme a disponibilidade de pasto em horários em que não ocorrem pastejo e o uso de concentrados de alta energia e baixa proteína em condições de alta oferta de pasto, vem apresentando uma evolução ano após ano, medida com o controle de dados mensais através do app GT Leite, desenvolvido pela equipe municipal da Emater/RS-Ascar e disponível para os produtores do município. "Mesmo com o aumento do custo dos insumos, como o concentrado, sementes, fertilizantes, diesel e outros, a família elevou os resultados econômicos da propriedade em 2021, em comparação com 2020 e 2019, quando iniciaram o controle no aplicativo", ressalta o engenheiro agrônomo Leandro Ebert, extensionista da Emater/RS-Ascar.
Ele explica que trabalhando com alto consumo de pasto de qualidade por dia, a propriedade trabalha com baixo custo operacional, que mesmo tendo passado de R$ 0,65 em 2020 para R$ 0,96 por litro produzido em 2021, com o aumento dos preços recebidos pela produção, a margem por litro de leite se manteve na faixa de R$ 1,10. "Com essa alta margem por litro mantida, mas aumentando a produtividade por vaca de 8,2 para 9,6 mil litros por ano, de 2019 para 2021, na mesma área - ou seja: mais leite com a mesma margem - o resultado é a elevação dos resultados econômicos da propriedade. Os resultados, somente com leite, já descontando as despesas, se equivalem a mais de 90 sacos de soja por hectare no ano, limpo", frisa o extensionista.
Além das técnicas e tecnologias aplicadas na propriedade, Ebert apresentou outras avaliações que estão ou já foram feitas em propriedades do Projeto Elite a Pasto, como parte do planejamento feito com os produtores. Dentre as avaliações em campo realizadas, está o cultivo sucessivo de duas safras de silagem de inverno feito na Unidade de Referência Técnica (URT) de Trigo BRS Reponte, para o verão e outono de 2022, em parceria com a Embrapa Trigo, que foi o tema da segunda estação, apresentada pelo pesquisador Osmar Conte.
Conte apresentou o trabalho feito com a Emater/RS-Ascar em seus 12 regionais, com URTs implantadas entre 15 de fevereiro e 15 de março. De acordo com ele, o posicionamento desse material para implantação logo após a safra de verão, abre uma nova oportunidade para produção de massa de baixo custo com boa qualidade nutricional, aproveitando melhor as áreas, o que é ainda mais importante em pequenas propriedades. Na propriedade da família Pavoni, logo após a ensilagem do material semeado em 3 de março, o que deve ocorrer ainda no mês de junho, será implantado trigo novamente para a segunda safra de silagem.
Durante o evento, também foi dado início a um trabalho em parceria com a CATR e a Biotrigo, visando à melhoria da operação de ensilagem para obtenção de silagens de inverno de maior qualidade. O engenheiro agrônomo Luiz Henrique Michelon, supervisor comercial da Biotrigo, abordou os principais elementos do processo de ensilagem e as recomendações para as principais dificuldades que os produtores têm encontrado a campo.
De acordo com ele, como a maior parte dos produtores se utiliza de prestadores de serviço, há dificuldades em agendar para ensilar o trigo no ponto certo, bem como com equipamentos e no tempo disponível para compactar as camadas adequadamente enquanto os prestadores colhem as lavouras. Os técnicos da Biotrigo ainda fizeram uma prática de avaliação do teor de matéria seca para determinar o ponto de colheita com uma Airfryer, que pode ser feito na propriedade para melhorar a estimativa de data de colheita e acertar o ponto de corte do trigo.
O evento faz parte das atividades previstas no Projeto Elite a Pasto, realizado pela Emater/RS-Ascar com 12 famílias que produzem leite em Serafina Corrêa, o qual visa desenvolver um sistema de produção de leite que permita viabilizar a atividade leiteira para pequenas e médias propriedades com uso de pastagens.
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