Produtores de laranja tentam renegociar dívida
O presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), Flavio Viegas, fez um pedido nesta segunda para que o governo federal alongue a dívida dos produtores, sob o risco de inviabilizar a produção independente de laranja no País. Segundo estimativas feitas pela associação, cerca de 90% dos produtores estão com problema em rolar suas dívidas, majoritariamente nas mãos do Banco do Brasil. “Não queremos perdão. Só queremos prazo maior”, afirmou.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" />
A Associtrus estima que existam hoje entre oito mil e dez mil produtores independentes de laranja, dos quais 90% sem condições de pagar seus vencimentos. O estoque de dívida seria de R$ 1,2 bilhão. As condicionais utilizadas são explicadas, segundo o próprio presidente da entidade, pelo fato de o setor ainda se manter desunido. “É uma estimativa de mercado”, disse.
Viegas traçou um panorama difícil para os produtores, durante entrevista no pavilhão da Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Ele voltou a denunciar a existência de um suposto cartel no setor, que manipularia os preços da Bolsa, reduz os valores pagos aos produtores, transfere a custo baixo a produção para a indústria e impede livre concorrência - e benefícios - para o consumidor final. Para ele, governo federal e estadual são omissos no combate à prática. “A indústria do setor é grande financiadora de campanha", afirmou. "Isso impede que seja levada adiante uma regulamentação maior do setor”.
Dilma e Serra na agenda
Nesta semana, os pré-candidatos à Presidência José Serra (PSDB), na quinta, e Dilma Rousseff (PT), na sexta, visitarão a Agrishow, que reúne 730 expositores de 45 países em mais de 360 mil metros quadrados de área. Viegas disse que irá tentar um encontro com os dois a fim de tentar incluir a situação dos produtores na agenda dos presidenciáveis, mas disse que não tem esperança de sucesso. “Até porque não conseguimos impor nossa representatividade política ainda. No Brasil, o poder do agronegócio ainda não se traduziu em poder político”, afirmou.
Viegas também reclamou da falta de proteção governamental ao produtor. Comparou com a situação dos EUA, onde há subsídio público em caso de quebra de safra com a contrapartida de que a produção seja mantida. Para ele, essa é uma das razões para a diminuição do número de produtores - eram mais de 30 mil no início dos anos 90.
A Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR) nega conspiração do setor para dominar o mercado e prejudicar os citricultores.
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