Laranja: Colheita da safra 2021/22 segue atrasada e SP terá janela sem fruta para ofertar
A produção de laranja no corredor citrícola de São Paulo e Minas Gerais está entre as que mais sentiram os impactos da seca intensa dos últimos dois anos. Após o retorno das chuvas no Brasil, o cenário entre os dois estados para a produção da safra nova são distintos, sendo o mais grave em São Paulo, estado que deve até passar por uma janela sem fruta para ofertar ao mercado nos próximos meses.
Segundo dados divulgados pela Fundecitrus em dezembro, a condição climática muito adversa com seca prolongada e geada tirou 30 milhões de caixas de laranja do ciclo 2021/22 quando contabilizado a produção nos dois estados.
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Segundo Antônio Carlos Simonetti, presidente da Associação Brasileira de Citrus de Mesa, as chuvas deste começo de ano em Minas Gerais ajudaram no desenvolvimento já da nova safra 2022/23, a ser colhida no final deste ano. A planta se recuperou após a seca prolongada, e o excesso de chuva no momento atrapalha o avanço dos tratos culturais no pomar, condição que segue sendo monitorada pela associação.
Veja fotos da produção na região de Minduri/Mina Gerais:
Já em São Paulo o cenário ainda é muito crítico e a safra 2021/22 ainda expressivamente atrasada. De acordo com Simonetti, com o retorno da chuva acontecendo de forma muito irregular, o produtor ainda não conseguiu nem finalizar a colheita do ciclo anterior. "Minas já colheu toda safra, só tem fruta verde da safra nova, já em São Paulo ainda estão as frutas da safra passada para colher devido a falta de chuva", comenta.
A preocupação da Associação, de acordo com o presidente, com o cenário atual o estado de São Paulo só deve ter condição para disponibilizar fruta ao mercado apenas entre os meses de maio e junho, além do volume ser mais baixo do que o considerado ideal para essa época do ano.
Veja fotos da produção em São Paulo, com colheita atrasada:
"Resumindo, está atrasada a colheita safra 21/22 e também está atrasada a fruta para a nova safra, o pomar floresceu tarde e então está com a produção atrasada também para o ano que vem. Então vamos ter uma janela de falta de fruta, pomar floresceu tarde, planta debilitada e o desenvolvimento está bem atrasado", acrescenta.
Com relação ao mercado interno, Simonetti destaca que com o consumidor final com poder aquisitivo mais baixo, as negociações estão praticamente paradas. "Nós estamos com falta de fruta, porém a população está sem dinheiro. Não tem como prever o que vai acontecer, mas o mercado está esquisito. Há um tempo atrás não tinha fruta, o preço estava bom e oferta do comprador, agora nós temos, ainda que baixa, oferta de fruta, preço ruim e pouca procura", afirma.
CLIMA TAMBÉM AFETA PRODUÇÃO FORA DO BRASIL
Além do Brasil, as condições climáticas fora do ideal também levam consequência em outros importantes pólos produtores como nos Estados Unidos e na União Europeia.
De acordo com informações publicadas pela Citrus Industry, site internacional especializado no setor, mais uma vez a estimativa é de redução na produção de citros na Flórida, que destaca os novos números publicados pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), no último 12 de janeiro.
Na produção de laranja, o USDA indicou recuo de 3% no mês de janeiro, com 44,5 milhões de caixas. Em outubro, a previsão inicial era de 47 milhões de caixas. O recuo é estimado em 1,5 milhões de caixas em relação ao relatório de dezembro. "A queda de frutas continua sendo um grande problema na safra de laranja", destaca a publicação.
A estimativa da safra de Valência caiu 1 milhão de caixas (4%) em relação à previsão de dezembro, contabilizando 27 milhões de caixas. A produção de laranja de outros tipos caiu 3%, somando 17,5 milhões de caixas. Já a previsão de toranja da Flórida permanece inalterada em relação a dezembro, com 4,1 milhões de caixas, somando volume igual à produção final da temporada passada.
Também foi indicado queda na produção da União Europeia, que agoa está prevista em 6,1 milhões de toneladas, de acordo com o USDA. O número representa queda de 6% em relação ao ciclo anterior e também é 3,3% menor do que a média dos últimos 10 anos na UE.
Espanha e da Itália correspondem a 80% da produção de laranja na UE, sendo os outros 20% distribuídos em áreas de Portugual e da Grécia. De acordo com estimativas, em 2021-22 a área total estimada de laranja plantada na UE pode diminuir 0,8% em comparação com a temporada anterior, para 276.245 hectares.
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