Hortifruti/Cepea: 2021 deve ser um bom ano para a citricultura paulista
A citricultura, atividade agrícola de quase um século no Brasil, passou por significativas mudanças nos últimos 10 anos. Especificamente no cinturão citrícola de São Paulo e do Triângulo Mineiro, este período foi marcado por uma forte evasão de produtores da atividade, mas sem redução significativa na produção, graças ao forte investimento em produtividade no período.
Foi na temporada 2011/12 que foi iniciada a agora conhecida “crise de preços da citricultura”. Naquela safra, o cinturão colheu a maior produção da história, ultrapassando as 400 milhões de caixas de 40,8 kg e, safra seguinte, 2012/13, apresentou mais uma safra elevada (385 milhões de caixas). Como as fábricas já estavam com estoques elevados, a indústria anunciou, por meio da CitrusBR, que iriam processar cerca de 250 milhões de caixas na temporada 2012/13 – restando cerca de 135 milhões para o mercado de mesa, que, por sua vez, normalmente absorve entre 50 e 80 milhões. Assim, os preços pagos pela fruta na indústria foram bastante baixos na safra 2012/13 (entre R$ 5,00 a R$ 7,00/cx, na época), e, para dificultar ainda mais a situação, parte da produção foi perdida (especialmente de variedades precoces), gerando prejuízos, principalmente para citricultores independentes (que comercializam no mercado spot ou em contratos de uma safra).
Neste cenário de baixa remuneração, muitos produtores foram saindo da atividade naquela e nas temporadas seguintes. Nem mesmo medidas governamentais (como prorrogação do pagamento de dívidas e inclusão da laranja nos leilões de Pepro e PEP em 2012) foram suficientes para amenizar o cenário, bastante crítico para o setor produtivo. Esta evasão de citricultores só reduziu em meados da temporada 2016/17, quando a área do cinturão caiu para cerca de 400 mil hectares – vale lembrar que, na década de 1990, a área chegou a superar 700 mil hectares –, e assim continua desde então.
Mesmo com a redução significativa na área, a produção total do cinturão, apesar de oscilar entre as safras, se mantém em volumes semelhantes aos verificados antes da crise. Isso porque, neste período, houve ganho tecnológico significativo, tanto pela melhora da remuneração (o que permite manutenção de bons níveis de tratos culturais) quanto pelo manejo mais eficiente e maior adensamento médio dos pomares.
Além disso, o perfil e a quantidade de citricultores mudaram nestes 10 últimos anos. A evasão da atividade, verificada de forma mais significativa a partir de 2012/13, atingiu principalmente produtores independentes (sem contratos de parceria de longo prazo com as processadoras), sendo, na maioria, de pequeno e médio portes. Assim, houve maior concentração do setor produtivo de laranja, devido à maior participação de grandes produtores e de pomares industriais.
Diante disso, afinal, a citricultura paulista e do Triângulo Mineiro está melhor do que há 10 anos? No que diz respeito ao padrão tecnológico dos pomares e à rentabilidade média, existe um consenso no setor de que sim, a citricultura está melhor do que há 10 anos. E esta análise do desempenho da atividade está na edição de maio da revista, Hortifruti Brasil. Você já conferiu? Clique aqui para ler.
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