Manejo externo do greening aumenta eficiência das ações internas
O avanço do greening no Brasil exigiu um manejo mais rigoroso e completo: se antes recomendava-se somente o controle dentro das propriedades, hoje a atuação além das porteiras é fundamental para a efetividade das ações. Isso porque as práticas de controle interno não são suficientes para impedir infecções primárias, que ocorrem quando psilídeos vindos de murtas (damas da noite) e plantas de citros de pomares abandonados, quintais ou chácaras, nas zonas rural e urbana, percorrem longas distâncias e migram para os pomares comerciais. Assim, ações internas e externas às fazendas tornaram-se essenciais e complementares.
Dentro e fora das fazendas
O controle interno do greening baseia-se, principalmente, na inspeção e erradicação de árvores sintomáticas, no monitoramento e controle do psilídeo – com maior frequência de pulverizações nos talhões de borda e nos períodos de brotação – e participação no Alerta Fitossanitário. Apesar de depender de fatores internos – periodicidade de monitoramento e de pulverização, tipo de inseticida usado, tipo e frequência de inspeção e da erradicação de plantas doentes – e de fatores externos – como índice de contaminação na região e clima –, que variam de produtor para produtor, o custo do controle do greening dentro das propriedades, desconsiderando valores gastos com frete e colheita, varia de 14% a 23% do custo total de produção de uma caixa de laranja por hectare, de acordo com estudos do Fundecitrus e do Cepea (Esalq/USP).
Já o controle externo do greening baseia-se no mapeamento, em um raio de 3 a 5 quilômetros no entorno da fazenda, de murtas e plantas de citros que não recebem o controle químico recomendado e na substituição destas por outras ornamentais e frutíferas, erradicação de pomares abandonados e aplicação de inseticida ou liberação da vespinha Tamarixia radiata, inimigo natural do psilídeo, nos locais onde as substituições e erradicações não puderem ser feitas. O custo destas ações, que incluem mão de obra e transporte, erradicação, compra de mudas e de inseticidas e liberação do parasitoide, varia de 0,2% a 2% do custo total para a produção de uma caixa de laranja. “O custo das ações externas é bem menor do que o custo das ações internas, e os resultados mostram que vale muito a pena investir no manejo externo do greening”, diz o pesquisador do Fundecitrus Renato Bassanezi.
Em levantamento realizado pelo Fundecitrus em três fazendas localizadas nas regiões Centro e Norte do estado de São Paulo, a incidência de greening foi comparada antes e depois da adoção das práticas de manejo externo: somente com o manejo rigoroso do lado de dentro das propriedades, a incidência de plantas com a doença aumentava a cada safra; adicionandose as ações nos arredores, o índice de árvores doentes caiu em media 60% e manteve-se abaixo de 2% ao ano.“Por ser uma atividade que necessita de persistência para o convencimento de diferentes pessoas, ainda há uma certa resistência na adoção por parte de alguns citricultores, mas hoje não e mais possível falar em controlar o greening com sucesso sem olhar para as áreas vizinhas”, comenta. “Temos observado nas ações organizadas pela equipe de Transferência de Tecnologia do Fundecitrus que de 80% a 90% das pessoas donas de plantas de citros e murtas ao redor das propriedades comerciais aceitam as propostas para troca de plantas, aplicação de inseticida ou liberação de Tamarixia”, conta Bassanezi.
Controle externo reduz perdas internas
Ao incorporar o controle externo, o citricultor deixa de perder plantas e consegue baixar a incidência anual da doença em seu pomar, permitindo que se reduza a intensidade do controle interno no médio prazo. Estudos realizados pelo Fundecitrus mostraram que o manejo externo eleva a eficiência do manejo interno, pois a pressão das infecções primárias é reduzida.“Em pomares com alta pressão externa de greening, aplicações quinzenais de inseticidas não foram suficientes para controlar a doença, enquanto que em pomares com baixa pressão externa, aplicações a cada três ou quatro semanas foram tão eficientes quanto as aplicações quinzenais”, destaca Bassanezi.
O pesquisador aponta ainda que, para cada R$ 1 investido nas ações externas, deixa de se perder de R$ 5 a R$ 20 ou mais quando as ações são mantidas ao longo dos anos. “Tentar controlar o greening olhando apenas para dentro de sua propriedade não resolve. Se o citricultor fizer isso, ele ficará ainda mais dependente dos inseticidas, o que elevara os custos e os riscos relacionados ao uso frequente destes produtos”, adverte.
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