Biotecnologias de soja adicionaram 21,2 milhões de tons à produção brasileira nos últimos 10 anos
Um estado do Rio Grande do Sul a mais na produção brasileira de soja, ou seja, 21,2 milhões de toneladas. Esse foi o volume adicional da oleaginosa viabilizado a partir do lançamento de biotecnologias na última década, segundo estudo recém-concluído pela Agroconsult, consultoria referência em análises de safras e produção agrícola. Ao propiciar o incremento na produção de soja, a adoção da biotecnologia colaborou para que a economia movimentasse R$ 114 bilhões a mais, influenciando no dinamismo de diversos setores.
O lançamento de biotecnologias que controlam lagartas, conhecidas como Bt, foi uma revolução trazida pelo avanço científico e que fez rápido sucesso na agricultura brasileira de clima tropical (que favorece a incidência de pragas). Além da diminuição na aplicação de insumos e redução de custos gerais,
o sucesso da sua adesão pode ser explicado pelo salto em produtividade trazido pela tecnologia. Todo setor agrícola se beneficiou com uma produção mais robusta, maior faturamento e rentabilidade.
Já para a área econômica brasileira, houve acréscimo no Valor Bruto de Produção (VBP), no Produto Interno Bruto (PIB), nos impostos e na Balança Comercial e reservas adicionais. “O crescimento na produção de grãos a partir de biotecnologias de soja contribuiu de forma decisiva para a balança comercial brasileira e para gerar reservas monetárias”, afirma André Pessôa, CEO da Agroconsult que liderou o estudo. “Nos últimos 10 anos, foram 12,8 milhões de toneladas exportadas a mais com a contribuição dessa inovação, o que levou a uma geração adicional de reservas de US$ 8,3 bilhões” (cerca de R$ 45 bilhões no câmbio atual).
As biotecnologias trouxeram impactos positivos também na esfera social, como a geração de 107,1 mil postos de trabalho em 2023, ou a economia de R$ 1,2 bilhão, relacionada a demissões evitadas. O aumento na receita influencia os setores que compõem sua cadeia de valor de maneira direta e indireta, gerando impactos nos agregados econômicos. Com a implantação da biotecnologia, o setor gerou R$ 3,4 bilhões em impostos.
O trajeto que levou a cadeia da soja aos elevados patamares de produtividade atuais teve seu lançamento comercial há dez anos, com uma inovação que revolucionou o cultivo: a biotecnologia Intacta RR2 PRO. Desenvolvida pela Bayer, foi a primeira a chegar no Brasil totalmente adaptada à realidade dos produtores locais. “Com desafios de clima, solo, pragas e matocompetição absolutamente únicos, não bastava trazer uma tecnologia aplicada em outro país e esperar que, automaticamente, os resultados desejados fossem alcançados”, lembra Marcio Santos, CEO da divisão agrícola da Bayer no Brasil.
O tempo estimado para que uma nova biotecnologia chegue ao mercado é de 12 a 14 anos, e requer investimentos constantes. No caso de uma inovação sem paralelos, como a Intacta, era preciso construir uma jornada colaborativa com a cadeia do agro. “A evolução da sojicultura é um dos maiores casos de sucesso da economia brasileira e nada disso teria sido possível sem a dedicação conjunta de agricultores, comercializadores, pesquisadores e desenvolvedores de cultivares, produtores de sementes e importantes atores do mercado de soja”, afirma Santos.
Segundo cálculos da Agroconsult, o percentual de adoção das biotecnologias Bt passou de 4% na safra de lançamento, em 2013/2014, para mais de 90% em 2023/2024, segundo as estimativas mais atualizadas disponíveis.
Nos últimos 10 anos, o produtor foi compensado pelo valor adicional investido em sementes (R$ 68,6 bilhões) com a economia de R$ 72,3 bilhões pela otimização no uso de defensivos, por exemplo. Segundo o estudo da Agroconsult, se esse montante for somado à produção adicional de 21,2 milhões de toneladas de soja que rendeu aproximadamente R$ 46,6 bilhões (levando em conta somente os ganhos com a biotecnologia e não outros avanços tecnológicos no manejo), o setor agrícola brasileiro teve um resultado (lucro) R$ 54,8 bilhões maior devido ao advento das biotecnologias.
Graças ao esforço coletivo e ao ambiente propício para inovação, biotecnologias e soluções focadas na realidade local têm impacto rápido e constante no cenário brasileiro, diferentemente de outros mercados como o argentino, que não oferece a mesma solidez jurídica. Por lá, as produtividades médias oscilam bastante a cada safra, chegando a registrar diferenças de quase 20 sacas por hectare a menos, de um ano para outro, quando comparadas com o mercado brasileiro.
Biotecnologia e os ganhos socioambientais
Os impactos ambientais positivos ao longo da última década também foram notáveis e expressivos. Um dos aspectos está relacionado à redução da quantidade de defensivos aplicados no campo, já que nos últimos 10 anos foram economizadas 834 mil toneladas do recurso. Os produtores também deixaram de gastar aproximadamente 183 milhões de litros de combustíveis e 6,2 bilhões de litros de água.
Os benefícios combinados pelo menor uso de defensivos e de novas terras que não precisaram ser cultivadas, já que a biotecnologia, sobretudo Intacta, permitiu o ganho de produtividade em uma mesma área, impactaram também nas emissões de gases de efeito estufa (GEE), poupando a emissão de 24,8 milhões de toneladas de CO2 — o equivalente a um custo evitado de aproximadamente R$ 9,2 bilhões em créditos de carbono.
O que esperar no futuro
Os ganhos produtivos confirmam a importância dos investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento. As necessidades e desafios do produtor não param. Nos próximos dez anos, a Bayer prepara o lançamento de duas inovadoras biotecnologias para soja que irão se somar às atuais, hoje presentes em mais de 80% da área plantada no Brasil.
Plataformas biotecnológicas mais recentes, como a Intacta2 Xtend, têm apresentado uma produtividade média bastante superior às primeiras. Esse impacto pode ser notado na diferença entre os resultados que vêm do campo. Dados do Rally da Safra, realizado pela Agroconsult, mostram que a maioria das amostras (73%) colhidas na safra 2013/2014 (ano em que foi lançada a tecnologia Intacta RR2 PRO) variavam entre 0 e 60 sacas. Já na safra 2023/2024 (quando a biotecnologia Intacta2 Xtend já estava comercialmente disponível para todo o país), a maior parte (79%) das amostras registraram um patamar de 50 a mais de 90 sacas.
“Antecipar tendências e construir um sistema robusto de crescimento sustentável só é possível a partir desse olhar abrangente sobre as necessidades do setor, além de uma troca constante com demais atores da cadeia”, diz Santos. “Criamos, no Brasil, um modelo de negócio único na cadeia da soja, e este modelo viabilizou a atração de significativos investimentos no setor, não só pela Bayer, mas por diversas outras empresas de sementes e biotecnologia. O que coloca nosso país em posição de destaque para seguir na liderança da produção mundial dessa importante oleaginosa pelas próximas décadas.”
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