Mercado global de cacau enfrenta consequências de déficit prolongado e alta volatilidade
O mercado global de cacau vive um momento histórico de desequilíbrio entre oferta e demanda, após mais de três anos consecutivos de déficit, segundo a nova revisão da consultoria StoneX. O relatório divulgado pela StoneX aponta para um superávit modesto de 96 mil toneladas no ciclo 2024/25, o primeiro após um período crítico de escassez, marcado por choques climáticos, doenças nas plantações e subinvestimentos prolongados nas regiões produtoras da África Ocidental.
Desde 2023, os preços do cacau registraram forte valorização nas bolsas internacionais, impulsionados principalmente pela queda expressiva da produção na Costa do Marfim e em Gana, responsáveis por cerca de 60% da produção mundial. A Costa do Marfim deve encerrar o atual ciclo com produção de 1,8 milhão de toneladas — 13% abaixo da média dos últimos cinco anos. Gana, por sua vez, apresenta recuperação parcial, mas ainda opera aquém da média histórica.
“O mercado parte de um cenário de déficit acumulado de 732 mil toneladas nos últimos três ciclos e, apesar da projeção de superávit para 2024/25, a recuperação ainda é frágil”, afirma o analista de Inteligência de Mercado da StoneX, Rafael Borges.
A StoneX também destaca a resiliência do Equador, que caminha para uma produção de cerca de 480 mil toneladas (aumento anual de 11,6%), e a tendência de recuperação também no Brasil, que deve fechar o ciclo com 205 mil toneladas após adversidades climáticas severas em 2023 e início de 2024.
Entre os demais produtores globais, há sinais de aumento nos investimentos locais, incentivados pelos preços altos da amêndoa. Camarões, Nigéria, Indonésia e outros países registram revisão positiva nas estimativas de produção, embora o clima ainda represente um fator de risco.
Por outro lado, o ritmo da demanda global apresenta retração. A moagem de cacau deve cair 2,8% no ciclo, refletindo o impacto dos preços historicamente elevados, mudanças no consumo e a desaceleração econômica global, especialmente após a adoção de tarifas comerciais pelos EUA. A correlação de longo prazo entre demanda por cacau e o PIB global — próxima de 98% — reforça essa tendência.
Apesar da leve recuperação nos estoques globais (estimados em 1,423 milhão de toneladas), a relação estoque/demanda permanece apertada, em 30% — nível ainda considerado crítico.
“A alta volatilidade dos preços deve continuar até que haja maior clareza sobre o desempenho da safra intermediária no Oeste Africano e o comportamento da demanda no segundo semestre de 2025, assim como as perspectivas para a oferta em 2025/26”, resume o analista Borges, da StoneX.


0 comentário

Hortitec 2025: IAC expõe recentes tecnologias nas áreas de horticultura e sanidade

Campo Futuro levanta custos de produção de frutas e leite

Mandioca/Cepea: Cotações variam pouco na semana

Manga/Cepea: Mais do mesmo: preços avançam no Semiárido nordestino e oferta se retrai

Cenoura/Cepea: Safra gaúcha é favorecida pelo clima ameno

Maçã/Cepea: Colheita da safra 2024/25 está em reta final