Cacau: Clones que podem ser resistentes à monilíase serão testados no Peru
Como forma de prevenção à entrada da monília no Brasil, fungo que pode devastar as lavouras de cacau, a Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) colocará em quarentena clones que foram desenvolvidos no Brasil para resistência à monilíase. Posteriormente, o material genético será testado em campo no Peru, país que já foi afetado pela doença.
A partir de outubro, a unidade de Recursos Genéticos da Embrapa, situada em Brasília, receberá o material desenvolvido pelo serviço de pesquisa da Ceplac na Bahia. A quarentena deve durar de seis a oito meses. A monília é uma das 20 pragas quarentenárias mais perigosas que ameaçam a agricultura brasileira. O fungo já foi identificado em países que fazem fronteira com o Brasil, como o Peru, Bolívia e Colômbia. Na Costa Rica, a praga dizimou 100% das lavouras.
A Ceplac importou dez materiais genéticos da Costa Rica, Peru e Equador para desenvolver clones de cacaueiros que sejam resistentes à monília caso a doença entre no Brasil. A primeira importação de materiais genéticos resistentes à monilíase ocorreu em 1978, sendo um clone vindo de Trinidad e Tobago e outro do Peru.
Em 2010, o Brasil trouxe mais quatro materiais da Costa Rica e um do Equador. Em 2015, a Ceplac recebeu outros três da Costa Rica. Além de resistência à monília, a última remessa importada da Costa Rica apresenta características de alta produtividade.
A partir do material recebido dos países já afetados, a equipe de pesquisa e melhoramento genético da Ceplac desenvolveu clones que são resistentes à vassoura de bruxa, praga já existente no Brasil, e podem ser resistentes também à monília.
Como o país ainda não tem a doença, os clones não podem ser testados nas fazendas brasileiras. E antes de serem levados para teste no exterior, eles devem ficar isolados em quarentena para evitar que alguma doença do Brasil seja levada para fora.
Em paralelo ao trabalho de pesquisa e melhoramento genético, o Ministério da Agricultura desenvolveu um programa de prevenção ao fungo. Uma das medidas é a adoção do Protocolo de Biossegurança Doméstica, que tem como objetivo alertar sobre a gravidade da doença e estabelecer algumas orientações para pessoas que querem visitar países afetados ou visitantes que chegam de áreas infectadas pelo fungo.
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