Prejuízos aos produtores de arroz são irreversíveis, afirma CNA
Segundo dados apresentados na audiência pública, enquanto o rizicultor tem comercializado sua lavoura ao preço médio de R$ 19/saca, o custo de produção tem sido de R$ 29,20/saca. O preço mínimo definido pelo governo é de R$ 25,80/saca. Além dos problemas climáticos que afetaram a lavoura e o câmbio favorável às importações, agravou este cenário o aumento da entrada do arroz vindo do Paraguai, Uruguai e Argentina no Brasil, o que fez o estoque de passagem do produto chegar a 2,5 milhões de toneladas, 75% do volume armazenado no bloco sul-americano. “O prejuízo está dado e é irreversível. Não há mecanismo que reduza estes estoques de passagem e não temos como barrar esta entrada porque o governo argumenta que o comércio global é favorável para nós, e o arroz vira moeda de troca”, afirmou Schardong. Um dos motivos listados por ele para confirmar o quadro desfavorável é o baixo custo de produção dos outros países em relação ao Brasil.
O representante da CNA explicou que uma colheitadeira na Argentina de R$ 243 mil é vendida no Brasil a R$ 311 mil. Outro fator que onera o produtor é a questão tributária. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a arrecadação de tributos sobre o custo de produção e sobre o produto chega a R$ 1,4 bilhão. Ele disse, ainda, que o arroz exportado pelo Brasil hoje tem sido de baixa qualidade. O endividamento foi outro motivo mencionado por Schardong. Segundo ele, 65% dos produtores de arroz não tem mais condições de buscar recursos junto aos bancos para financiar a lavoura, e acabam obrigados a buscar outras fontes, com juros mais altos. “O que temos hoje é uma luta inglória”, resumiu.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Renato Rocha, reforçou a exposição de Schardong e e apresentou um histórico da situação do rizicultor. Nos últimos 21 anos, o produtor teve prejuízo em 14 anos. Ele criticou também a forma como o governo operacionalizou os mecanismos de apoio á comercialização do produto para tentar reverter a queda de preços. “O governo não uso nenhum mecanismos na hora certa”, afirmou. Para o representante da Organização das Cooperativas de Santa Catarina (OCESC), Vanir Zanatta, as medidas para tentar uma recuperação dos preços do cereal “chegaram tarde”. Ele revelou que 80% dos produtores catarinenses utilizaram toda a produção para pagar os bancos.
Pelo lado do governo, o secretário-adjunto de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, disse que o governo adotará medidas para levar os preços de comercialização do arroz pelo menos aos patamares do preço mínimo de R$ 25,80. Já o secretário de Política Agrícola do Mapa, José Carlos Vaz, informou que o governo tomará todas as medidas necessárias de apoio aos produtores. Para o presidente do Sindicato das Indústrias do Arroz do Rio Grande do Sul, Elton Doeler, a indústria , a exemplo dos produtores, também passa por dificuldades, diante de fatores como distorções tributárias entre os estados e o alto volume estocado no Mercosul. “Também não estamos satisfeitos. Quando o governo lançava um mecanismos de apoio à comercialização, o produto valorizava. Hoje isso não acontece mais por causa da diferenças tributárias entre os estados”, justificou.
Também participaram do debate o diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto, e o presidente do Instituto Riograndense do arroz (Irga), Cláudio Pereira. Os autores do requerimento para a realização da audiência pública foram os deputados Afonso Hamm (PP-RS) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS).
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