Feijão carioca ocupa 85% do mercado nacional; conheça tipos de sementes

O Brasil é o maior produtor e o maior consumidor de feijão do mundo --a cada ano, são produzidas cerca de 3,5 milhões de toneladas das sementes. Mas você conhece os tipos disponíveis e quais os mais comercializados?

De acordo com o doutor Sérgio Augusto Morais Carbonell, diretor do Centro Apta de Grãos e Fibras do Instituto Agronômico (IAC), o feijão carioca --que acaba de completar 40 anos-- ocupa mais de 85% do mercado nacional, enquanto o preto corresponde a 10% das vendas e todos os outros, somados, chegam a 5%.

Abaixo, Carbonell fala sobre as variações do feijão e explica por que o tipo carioca é o mais barato, além de fornecer outras informações em relação a cultivos e tecnologias.

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Folha Online - Quais os tipos de feijão existentes?
Sérgio Augusto Morais Carbonell - Antes de 1970, havia uma diversidade de tipos, comercializados em feiras livres e pequenos comércios tipicamente sazonais, como o preto, o rosinha, o jalo, o mulatinho, o roxinho, o bolinha, o vermelho e o branco. Após o [aparecimento do] carioca (pouco antes de 1970), que trouxe incrementos na produção em mais de 40%, passando de 2.000 kg/ha (antes a média era de 1.200 kg/ha), ele ficou caracterizado por ser "resistente" a doenças na época, mas ainda diferente do padrão consumido pelo brasileiro. Houve uma campanha da SAA (IAC e Cati) no sentido de introduzir esta tecnologia (nova de cultivar o carioca) no mercado no sistema produtivo. Isso teve sucesso devido às qualidades agronômicas do produto e suas tecnologias (textura, sabor, rendimento de panela, volume, cor, caldo etc), tanto na indústria de beneficiamento e supermercados, quanto pelo consumidor. Esses fatores favoreceram seu ingresso e manutenção no sistema, tornando-se padrão de produção e consumo no Brasil, em poucos anos.

Folha Online - Quais são as características do feijão carioca?
Carbonell - O feijão conhecido como carioca é na verdade um tipo (ou especificamente um grupo comercial) que apresenta várias cultivares comerciais. O denominado carioquinha, lançado pelo IAC quase em 1970, é o início de todos os cariocas atualmente consumidos no Brasil, que tem mais de 15 cultivares em uso atualmente. Já foram comercializados mais de 50 tipos/cultivares nestes últimos 39 anos de grãos carioca. No entanto, o carioquinha ainda é produzido em algumas lavouras pelo Brasil. Suas características são: sementes de coloração creme com listras marrons-claros (observadas no grão comercial carioca) e sabor e odor que seguem o padrão de tipos cariocas, com caldos marrons e densos, além de tegumento fino de alta palatabilidade e cozimento rápido. Cerca de mil sementes de tamanho mediano correspondem a aproximadamente 220 g.

Folha Online - O feijão carioca é mais barato que os outros? Por quê?
Carbonell - Sim, quando consideramos que as tecnologias aplicadas para sua produção são menores que as usadas em outros tipos de feijões. Nos últimos anos, houve grande investimento em programas de melhoramento para o carioca, o que não aconteceu com os outros tipos. Por isso, eles são mais produtivos e com varias resistências e tolerâncias a doenças, pragas, fatores climáticos etc.