Temperaturas mais favoráveis ao plantio nos EUA nas próximas semanas podem pesar sobre Chicago
A nova safra dos Estados Unidos começa em meio a notícias muito discrepantes sobre conclusão da temporada 2022/23 da América do Sul. Depois de uma produção recorde no Brasil e uma quebra histórica na Argentina, a oferta que virá dos campos norte-americanos terá seu desenvolvimento monitorado mais do que constantemente, para soja e milho. As disputas por área ainda deverão ser registradas e as condições de clima nas próximas semanas no Corn Belt serão determinantes para o rumo desta batalha.
As primeiras projeções do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) apontaram para um manutenção da área de soja, aumento para milho e trigo e redução para o algodão. Se todas estas possibilidades irão se confirmar só o tempo - literalmente - dirá. As previsões para os próximos 15 dias são de condições melhores para os trabalhos de campo e desenvolvimento das primeiras áreas de milho semeadas, que já passam de 2% no país.
"A temperatura em boa parte dos EUA vai subir, o que vai proporcionar uma boa janela de plantio para o Leste do Cinturão e Delta. No norte, o excesso de neve pode ainda atrapalhar. Muitos falam da possibilidade de redução de área das Dakotas e Minnesota", afirma o time da Agrinvest Commodities.
No boletim do Commodity Weather Group, os especialitas destacaram que essas temperaturas mais elevadas já na próxima semana no Meio-Oeste e no Delta poderia, inclusive, melhorar as temperaturas do solo nestas regiões, além de contribuir para o derretimento da neve nas Planícies do Norte. Os mapas abaixo mostram que - na imagem central, para o período de 11 a 15 de abril - as temperaturas já estarão bem mais altas do que as atuais para o coração do cinturão.
No mapa do NOAA, o serviço oficial de clima do governo americano, é possível observar a espera também por dias mais quentes no período de 14 a 20 de abril.
As chuvas, porém, ainda deverão ser moderadas nos próximos dias em estados importantes na produção de grãos. "O GFS gerado na tarde desta quinta-feira (6) indica, para os EUA, clima seco na maior parte da região produtora do país. Leves acumulados são previstos para Nebraska, Kansas, extremo oeste de Iowa, coluna central do Texas, leste do Tennessee. Moderados no leste do Texas,
Louisiana, Mississippi e Alabama", afirma o diretor geral do Grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.
O NOAA traz em seu mapa também para os próximos 8 a 14 dias chuvas um pouco melhores somente para a faixa centro-sul dos Estados Unidos.
"O Drought Monitor na semana encerrada no dia 04, em comparação
com a semana anterior, identificou uma piora das condições no noroeste de Minnesota, pontual no oeste do Texas. E podemos identificar melhoras significativas nas condições de seca no centro-norte da Dakota do Sul, sudeste de Michigan", complementa Sousa.
E são todas essas informações, ainda preliminares, que estão ganhando cada vez mais espaço no horizonte dos traders. Os preços dos graõs na Bolsa de Chicago já sentem a pressão inicial e encerram esta semana com patamares menores do que os observados no final da semana anterior, quando os números dos relatórios do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) - Prospective Plantings e Estoques Trimestrais. Segundo Jerry Gulke, presidente da consultoria Gulke Advisory, os futuros do milho no contrato julho perderam quase 16 centavos e o dezembro, 10 cents nesta semana. Para a soja, a baixa acumulada foi de 13 centavos no julho e 10 no novembro. Todas estas são posições importantes de referência para a safra americana.
"Sexta-feira passada – o dia dos relatórios – também foi final do mês e o final do trimestre. Tivemos algumas reversões importantes em 31 de março e, no início de abril, o mercado tentou estender estes ganhos e não conseguiu, caiu e caímos significativamente fora dessas máximas", afirmou Gulke ao portal AgWeb. "O mercado deve refletir um considerável rendimento de milho, além de um aumento de área para o cereal. Na soja, a situação é apertada, mas temos que considerar o fluxo da safra brasileira".
O início da safra 2023/24 ainda é um pouco lento, traz preocupações para algumas regiões, porém, não se trata do momento que define o potencial da produção norte-americana. Há muita água ainda para passar sob as pontes da safra e do mercado. A volatilidade, segundo afirmam analistas e consultores, está apenas começando. Os relatos, até este momento, são de trabalhos de campo em estágios iniciais, de preparação, desenhando um cenário ainda bastante distinto entre as principais regiões produtoras.
Cintos afivelados, plantadeiras niveladas, e que comece a nova fase do mercado global de grãos!
As fotos abaixo, publicadas pela AgWeb, registraram estas diferenças.
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