Biológicos são realidade nas lavouras do Rio Grande do Sul
A necessidade de maior sustentabilidade no negócio, em especial da soja e do arroz, foi debatida no painel Painel Biológicos – benefícios e desafios desse sistema, na tarde desta terça-feira, 14 de fevereiro, na 33º Abertura Oficial da Colheita de Arroz e Grãos em Terras Baixas, em Capão do Leão - evento realizado pela Federarroz, com a correalização da Embrapa e Senar/RS e patrocínio Premium do Ministério da Agricultura e Pecuária e do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).
O produtor em Dom Pedrito (RS) e diretor da Federarroz, Cristiano Cabrera, aguçou a curiosidade dos ouvintes, destacando que uma associação naquela cidade já está na quarta safra, com 40 mil hectares de biológicos plantados - a maior parte em soja e um pouco em arroz. “A Federarroz há anos faz uma campanha sobre a importância da diversificação e ela é fundamental para o nosso negócio mas isto só não basta. Temos que reduzir custos para aumentar a rentabilidade e é aí que entra a questão do biológico. Nas lavouras de soja e arroz todos os anos aumentam as despesas e ampliar a área plantada é uma ilusão de lucratividade, pois há outros fatores envolvidos”, desabafou, apontando entre eles as questões climáticas. “O nosso clima não é para amadores, temos sofrido bastante. O produtor consegue vencer algumas adversidades mas é bastante complicado. Os custos incham e a receita diminui.”
Os biológicos podem ser industrializados, On Farm ou compostos orgânicos feitos na própria propriedade quase a custo zero, segundo Cabrera. Ele destaca que os biológicos, por exemplo, resultaram em economia e controle de doenças, qualificação de mão-de-obra, inserção das mulheres no negócio, maior especificidade no controle de insetos (mata inseto ativo); e a possibilidade de produção em casa se este for o desejo. “Não há saída ou mudamos ou seremos sempre funcionários da cadeia de insumos. A alternativa é o biológico, pois nós temos que ter a possibilidade de manejar o nosso custo”, afirmou.
O pesquisador da Embrapa Cerrados, Fábio Bueno dos Reis Júnior, detalhou sobre os insumos biológicos, especificamente para a nutrição de plantas. Ele recordou a dependência externa do Brasil de fertilizantes estrangeiros para a sua produção e, também, a baixa eficiência dos mesmos para as plantas e o problema da emissão dos gases de efeito estufa. “Setenta e seis por cento do nitrogênio utilizado na agricultura vem de outros países, mais da metade de fósforo e quase todo o potássio”, pontuou, lembrando que a Rússia fornece um quarto dos fertilizantes utilizados no Brasil.
De acordo com Reis Júnior, os microrganismos promotores de crescimento de plantas “podem ser capazes de substituir total ou parcialmente o uso de fertilizantes industriais com vantagens econômicas, ambientais e sociais.” Ele complementa que não é somente a soja. que se beneficia com os biológicos mas ainda leguminosas arbórea, forrageiras, adubos verdes e outras leguminosas de grãos. “Nós temos que explorar mais a fixação de nitrogênio nos nossos sistemas agrícolas”, pontuou.
O painel também teve a participação do produtor em Santa Vitória do Palmar/RS, Waldemiro Aguiar, apresentando sua experiência no manejo e produção de soja, há cinco anos, e, nesta safra, no arroz irrigado com o uso de produtos biológicos. A adoção da prática, conforme ele, foi uma decisão baseada na necessidade de reestruturação da microbiota e da retomada das origens naturais do solo, entre outros.
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