Grãos e petróleo disparam nas bolsas internacionais com agravamento da guerra
O mercado de commodities agrícolas retomou seus negócios na noite deste domingo (27) voltando a registrar altas muito fortes e, mais uma vez, liderado pelo trigo, que sobe mais de 6% na Bolsa de Chicago. Perto de 22h45 (horário de Brasília), os futuros do cereal subiam entre 48,25 e 58,50 pontos nos contratos mais negociados, com o março sendo cotado a US$ 9,01 e o maio a US$ 9,15 por bushel. Logo na abertura do pregão as altas passavam de 60 pontos.
No mesmo momento, os ganhos da soja em grão variavam de 35,75 a 42,75 pontos, levando o março a US$ 16,33 e o maio a US$ 16,26 por bushel. Para o milho, as altas entre os principais contratos eram de 15 a 24,50 pontos, com o março sendo cotado a US$ 6,84 e o maio a US$ 6,79 por bushel.
Entre os derivados da soja, nova disparada do óleo, subindo quase 4%, acompanhando a explosão do petróleo, que voltou ao mercado subindo mais de 5% e que chegou a testar os US$ 103,00 por barril.
Os mercados retomaram seus negócios - parados desde o fechamento da última sexta-feira (25) - com o conflito agravado entre Rússia e Ucrânia e as sanções pesadas impostas pelos EUA e países da Europa à Moscou. A retirada de alguns bancos-chave do sistema SWIFT foi a que mais repercutiu e a que serve de combustível para as altas das commodities, já que a medida limita e compromete as transações comerciais e o fluxo do comércio global.
Além das relações comerciais e transações estarem comprometidas e limitadas pelas sanções, os portos de ambos os países estão fechados, o que agrava ainda mais uma crise logística global já conhecida, interrompendo de forma ainda mais agressiva o fornecimento de uma série e importantes produtos que saem da Rússia e da Ucrânia.
E por conta disso, como explicou o professor de geopolítica Leonardo Trevisan, da ESPM, os últimos dias foram marcados por uma ausência de parâmetros para os preços e, consequentemente, para os negócios. As últimas sessões nas bolsas internacionais foram de extrema volatilidade paras as cotações dos grãos e as próximas não deverão ser diferentes.
"Isso deve continuar acontecendo nas próximas semanas, essa ausência de parâmetros deve ser uma variável bastante presente, o que dificulta a percepção dos cenários", diz.
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Outra notícia que repercute muito na abertura dos negócios desta nova semana é a de que o presidente Vladimir Putin ordenou que todas as suas forças de armas nucleares estejam em alerta. Ao provocar mais uma escalada nas tensões, o líder russo intensifica as incertezas sobre o atual momento e aquece a volatilidade dos principais mercados.
"Os mercados financeiros e bolsas serão fortemente influenciados, com o dólar se fortalecendo, inclusive aqui no Brasil", afirma Ginaldo Sousa, diretor geral do Grupo Labhoro. "Sem o fim da guerra que julgou-se de curta duração, o mercado de commodities deverá ser muito volátil nos próximos dias, podendo provocar altas expressivas na CBOT, depois de dois dias de fortes quedas, quando se imaginou - e o mundo previu - uma curtíssima guerra entre Ucrânia e Rússia", completa.
Entre as expectativas dos próximos dias - os quais serão cruciais para todos os mercados e suas direções - está a possibilidade de um encontro entre delegações da Rússia e da Ucrânia na Bielorrússia, aliada de Moscou. O mercado monitora o encontro que pode acontecer nesta segunda-feira (28).
Do mesmo modo, no radar dos traders está também a questão logística. Os 18 portos da Ucrânia estão fechados, os russos não operam em sua capacidade e ritmo normais e a atenção segue redobrada.
CLIMA NA AMS PARA A SOJA
Para a soja, o movimento de altas dos preços também tem suporte nas condições de clima da América do Sul, onde as perdas da safra 2021/22 continuam se agravando.
"O clima foi, poderíamos dizer, mais seco do que se esperava para o final de semana para o Sul do Brasil e também para a Argentina", afirma o diretor da Labhoro.
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Adilson Garcia Miranda São Paulo - SP
Parece que esses diretores da Petrobras, não são muito inteligentes. Se o fossem, procurariam o governo para fazer o seguinte acordo. A Empresa não aumenta os combustíveis. E a Câmara dos deputados não Taxa as suas exportações. E como existe muita ociosidade nas Refinarias. Eles podem obrigar esse pessoal a trabalhar mais, E assim aumentaria a produção de Diesel e gasolina, aumentaria o lucro da Empresa, consumidor, governo, e todos ficariam felizes para sempre. Não é simples ?