Soja & Milho: Lucro é bom para ambos nos EUA, mas insuficiente para mudar realidade da área
De US$ 13,80 a US$ 14,10 nos vencimentos mais curtos e de US$ 12,00 a US$ 12,80 para os mais distantes, referentes à safra 2021/22. Estes são os intervalos para os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago na análise de Vlamir Brandalizze. Embora haja mais fundamentos influenciando no andamento das cotações agora, o mercado climático para os Estados Unidos vai ganhando cada vez mais espaço no radar dos traders.
O plantio vai caminhando nos Estados Unidos diante de condições favoráveis de clima neste momento, principalmente com mais chuvas chegando às regiões mais ao norte do cinturão produtor e que vinham sofrendo com o tempo. Todavia, mais do que o clima, a área efetiva a ser plantada pelos produtores americanos é o que mais inspira especulação do mercado desde que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), em 31 de março, trouxe números bem menores do que as expectativas do mercado.
+ USDA: Plantio 21/22 dos EUA avança para 4% da área até último domingo (11)
O QUE ESPERAR DA SAFRA 2021/22?
O analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, traz cálculos que mostram que a média do custo de produção por hectare de soja nos Estados Unidos fica em US$ 1135,99, resultando em um lucro de US$ 402,45, considerando uma produtividade de 57,84 sacas por hectare, o contrato novembro/21 em Chicago em US$ 12,51 e um basis de -45 centavos de dólar.
Para o milho, o retorno financeiro estimado, no atual cenário, é de US$ 344,09 por hectare, contabilizando um custo de produção de US$ 1705,92/ha, produtividade média esperada de 186,74 sacas por hectare e o basis também negativo de 30 cents.
Em ambos os casos, o retorno financeiro é melhor do que no ano passado, de forma considerável, porém, ainda insuficiente para promover mudanças expressivas nos passos a serem dados pelos produtores norte-americanos. "Não é fácil mudar toda a intenção de plantio, entregar sementes/insumos do milho e virar para a soja", explica Araújo.
Fonte: Agrinvest Commodities
Dessa forma, o mercado deve seguir esperando por uma safra apertada vinda dos Estados Unidos, tanto de soja quanto de milho, sem grandes espaços para perdas.
Ainda de acordo com as estimativas e os cálculos da Agrinvest com uma área colhida de 35,09 milhões de hectares na soja, a safra esperada é de 119,86 milhões de toneladas - com uma produtividade média de 56,94 sacas por hectare - o que resultaria em estoques finais de apenas e alarmantes 620 mil toneladas, uma relação estoque x uso de 0,50%, uma das menores da história.
Fonte: Agrinvest Commodities
O analista, porém, alerta sobre os baixíssimos estoques. "Isso não deverá ocorrer porque, quebrando a produtividade, haverá o racionamento da demanda. Será preciso preço alto para conter essa demanda, não é possível ficar com estoques tão baixos", explica.
Os números vão se movendo e se alterando a depender, claro, da produtividade a ser obtida nesta nova temporada que se inicia nos Estados Unidos. A partir de maio, o USDA já começa a trazer suas estimativas mensais de oferta e demanda para a safra 2021/22, o que pode intensificar as especulações e a volatilidade no mercado americano.
No milho, contabilizando uma área plantada de 36,89 milhões e colhida de 33,84 milhões de hectares, a safra poderia alcançar as 381,25 milhões de toneladas, ao se alcançar um rendimento médio de 187,78 sacas por hectare. Neste ambiente, os estoques finais do cereal chegariam em 32,03 milhões de toneladas, com uma relação de estoque x uso de 8,34%.
Fonte: Agrinvest Commodities
Os Estados Unidos vêm de duas safras de perdas em função de adversidades climáticas e, consequentemente, de estoques de passagem apertados nas últimas temporadas. No paralelo, a demanda foi crescendo de forma agressiva e, mesmo com a 'guerra comercial' ainda entre China e EUA, as compras de soja e milho da nação asiática no mercado norte-americano foram recordes na temporada 2020/21.
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Na soja, quando a safra 2019/20 foi de apenas 96,67 milhões de toneladas, com uma demanda mais fraca, os estoques finais ficaram em 14,28 milhões de toneladas. Já na sequência, depois de uma colheita de 112,54 milhões de toneladas, os estoques foram são estimados em apenas 3,23 milhões, com uma relação estoque x uso que já é baixa, de apenas 2,59%, contra 13,28% da safra anterior.
CLIMA NOS EUA
Nas últimas 24 anos, cerca de 10% das regiões do Delta e do Meio-Oeste americano, de acordo com o Commodity Weather Group (CWG), receberam alguns volumes de chuvas, aliviando o sofrimento de alguns pontos com o tempo seco. Foram volumes que variaram, em ambas regiões, de 2,56 a 10,24 mm, ainda limitadas, mas que amenizam o quadro.
Já para os próximos cinco dias, são esperados volumes mais expressivos, os quais podem ficar entre 6,4 e 32 mm nas áreas de milho do Delta e do Meio-Oeste americano, com pontos onde as precipitações poderiam alcançar até 76,8 mm.
No intervalo de 18 a 22 de abril, nos próximos 6 a 10 dias, ainda de acordo com o CWG, as chuvas deverão ficar abaixo do normal para quase toda a área produtora de grãos nos EUA - como mostram os mapas abaixo - e voltam à normalidade em alguns pontos entre os dias 23 e 27.
Fonte: Commodity Weather Group
"O plantio no Delta e no Meio-Oeste continuará a ser beneficiado com chuvas, mesmo que limitadas, nos próximos 10 dias. Atenção, porém, à germinação do milho por conta do tempo frio que ainda é registrado no Meio-Oeste", afirma o boletim diário do Commodity Weather Group.
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