Federarroz defende que produtor não aumente área plantada no próximo ciclo
A safra 2020/2021 de arroz e as perspectivas de mercado, exportação e produção foram tema de live realizada na noite desta terça-feira, 23 de junho, pela Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Cerca de 230 pessoas acompanharam o evento virtual que contou com a presença do presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB/RS), além dos presidente e vice-presidente da entidade, Alexandre Velho e Roberto Fagundes.
Em sua fala inicial, Velho lembrou a linha da Federarroz em buscar a diversificação de culturas para trazer equilíbrio aos custos, gerando renda ao produtor. Além disso, relatou a projeção no aumento do consumo do cereal em 2020 em 5%. “Falamos em um novo patamar do arroz, e me refiro não só a um novo patamar de preço ao produtor e ao consumidor, mas também em relação à gestão dos nossos negócios, à produtividade e isto está ligado à rotação de culturas”, salientou.
Sobre exportação, o dirigente informou que o México já comprou 60 mil toneladas com perspectiva de embarcar ainda 200 mil toneladas nos próximos meses. “O México importa 800 mil toneladas anuais, a maior parte dos Estados Unidos. Precisamos aproveitar esta brecha do câmbio e da entressafra americana e ocuparmos parte deste espaço pois a qualidade do arroz brasileiro é superior à do arroz americano”, destacou.
Em relação ao aumento de área projetado já para o próximo período, Velho alertou que o produtor deve ter como prioridade atualizar seus custos de produção. “Não podemos plantar em áreas que não tenhamos uma alta produtividade e um custo melhor. Por isso não podemos pensar em aumentar área antes de buscar novos mercados e trazer preços mais sustentáveis para o produtor”, explicou.
A posição foi referendada pelo vice-presidente da Federarroz. Segundo Fagundes o produtor tem que se conscientizar que um aumento de área pode prejudicar o setor no próximo ano. “Este ano está sendo positivo, lembrando caso a caso de produtor. É preciso fazer um planejamento melhor de negócio na aquisição dos insumos”, observou.
Para o deputado Alceu Moreira, o grande problema na agricultura é o plantador de risco, que não faz conta nenhuma, pega financiamento e planta. “Este quando chega na época da colheita já está completamente endividado. Ele não tem condições de fazer nenhum tipo de barganha, ele precisa entregar o arroz, deixando o preço defasado, prejudicando quem tem o controle do negócio na mão”, adverte.
O parlamentar também concordou com o alerta da Federarroz sobre um risco de aumento de área no próximo período sem ter a garantia da ampliação de mercados internacionais. “Se aumentarmos em 10% a área de arroz na próxima safra, teremos preços abaixo de R$ 60 a saca. Nós não temos ainda velocidade de exportação. Ainda precisamos criar estrutura para a venda de arroz no mercado internacional”, afirmou.
O presidente da FPA também falou sobre o tema do endividamento, citando conversa que teve com o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmando que o produtor só se endividou pela circunstância econômica do país, pois o custo de produção dele era maior que o valor de venda do produto. “Este produtor é uma máquina produtiva. Se trouxer ele de volta para o crédito formal e dar mecanismos de política agrícola, ele vai voltar a gerar emprego e renda, ele não está nessa situação por ser caloteiro, só não sobreviveu porque ele passou quatro anos com custo acima dos preços”, pontuou.
Um modelo que vem sendo estudado, de acordo com Moreira, é transformar as dívidas em Cédula de Produto Rural (CPR), e levar ao BNDES que compraria essa dívida. “A responsável pela dívida é a revenda ou a cooperativa, pois ela que sabe quem é o produtor que é sério, competente, que está nessa situação por outro motivo. Ele transforma em Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), que é um mercado recebível com grande liquidez, e o mercado internacional compra com juro de 2%”, explicou, afirmando que já existe projeto piloto neste modelo.
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