Negócios com grãos travam no Brasil com queda do dólar
SÃO PAULO (Reuters) - Negócios envolvendo soja e milho no Brasil praticamente zeraram nesta segunda-feira diante da forte queda do dólar ante o real, um reflexo do desempenho do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, no primeiro turno das eleições de domingo.
O presidenciável do PSL teve 46 por cento dos votos válidos, contra 29 por cento de Fernando Haddad (PT) --ambos disputarão o segundo turno do pleito presidencial em 28 de outubro.
A avaliação é de que um eventual governo de Bolsonaro seria mais alinhado ao mercado, e por essa razão o dólar <BRL=> recuava cerca de 2 por cento no início da tarde desta segunda-feira, sendo contado abaixo de 3,75 reais mais cedo.
"O reflexo do câmbio sobre os preços e a comercialização (de grãos) é imediato... Estamos vendo um mercado com pouca movimentação. A não ser que haja uma reversão (de sentimento), nesses patamares de preços os negócios não são interessantes", resumiu o corretor César Ricardo Bombardieri, da Moema Corretora de Grãos.
Na avaliação do diretor da Cerealpar, Steve Cachia, "com o dólar desse jeito, o mercado já deu uma recuada hoje de manhã".
"A princípio, os vendedores vão dar uma parada para ajustar, aguardar as notícias. Na sexta-feira, as indicações em Paranaguá eram de 95 reais, 95,50 reais por saca (de soja). Hoje é de 91 reais", destacou Cachia.
Apesar de acentuada neste início de semana, a retração nos negócios vem ocorrendo desde a semana passada, conforme avaliação do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com compradores aguardando novas quedas nos preços em função da pressão do câmbio.
OUTROS FUNDAMENTOS
De acordo com os corretores ouvidos pela Reuters, os próximos dias serão de produtores no aguardo de uma melhor definição acerca do câmbio no país, embora outros fatores tenham potencial de destravar negócios.
"O produtor já fez uma venda bastante significativa dos volumes que ele tinha. Agora só está esperando oportunidades, que podem ser de uma alta em Chicago, outra mudança no câmbio ou qualquer outra alteração internacional", afirmou o corretor Marco Forcin, da América Corretora.
Produtores de soja do Brasil foram beneficiados neste ano pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que resultou em uma taxa de 25 por cento sobre a oleaginosa norte-americana. Com isso, compradores chineses recorreram à commodity brasileira e pagaram prêmios em relação aos preços no mercado internacional.
A disputa entre as duas maiores economias do mundo pesou sobre os preços da soja na Bolsa de Chicago <SX8>, que hoje estão em torno de 8,70 dólares por bushel, o menor nível em cerca de uma década.
Para Cachia, da Cerealpar, é provável, entretanto, que as mínimas já tenham sido observadas.
"Está tendo de excesso de chuvas que está atrapalhando os trabalhos de colheita (nos EUA). Além disso, alguns fatores geopolíticos, como o acordo do Nafta, deram um sentimento bom para o mercado de commodities em geral", avaliou.
(Por José Roberto Gomes)
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