Algar Agro sai de trading de grãos e foca processamento no Brasil
Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A Algar Agro, braço agroalimentar do grupo empresarial Algar, alterou sua estratégia e não praticará mais as atividades de trading para exportações de grãos, focando seus negócios totalmente no mercado interno, onde detém força com a venda de óleo de soja.
A mudança de rumo encerra quase três anos de operações de exportação de soja e visa dar maior rentabilidade à companhia, atuante no mercado da oleaginosa desde a década de 1970, disse à Reuters o novo presidente da empresa, Djalma Lima Filho.
A empresa, assim como outras do setor, foi atingida em cheio por margens fracas nas vendas de commodities nos últimos anos, diante de grandes safras no mundo que pressionaram os preços. E agora busca formas de melhorar seus lucros.
"Em 2018, nosso foco será total no mercado doméstico. Vamos recuperar a atuação que por muitos anos nos deixou em uma posição de grande rentabilidade... Temos uma capilaridade muito boa em originação (de soja) e a direcionaremos para o mercado doméstico", afirmou o executivo, que assumiu o posto em janeiro.
"Em determinado momento, em especial na região Sudeste, chegamos a ocupar a liderança em 'market share' (em óleo). Em Minas Gerais chegamos a ter 20 por cento de mercado. Com o foco em trading, perdemos essa participação", disse.
A companhia é dona da marca ABC de óleo de soja e também comercializa farelo de soja, azeite de oliva, extrato e molho de tomate.
Lima Filho ponderou, contudo, que a Algar Agro não se arrepende pela aposta nos negócios de trading e frisou que a alteração na estratégia é um "ajuste" após margens apertadas no setor.
Com duas unidades de processamento, em Uberlândia (MG) e Porto Franco (MA), além de 17 armazéns localizados em diversas regiões do Brasil, a Algar Agro deve movimentar neste ano 750 mil toneladas de soja, ante 1,2 milhão no ano passado, disse o presidente da empresa, que anteriormente comandava o grupo agroindustrial colombiano Riopaila Castilla.
Segundo ele, essa queda no volume é natural, já que as atividades de trading não ocorrerão. Todo a soja prevista para 2018 será esmagada, enquanto em 2017 o processamento atingiu 607 mil toneladas, com o restante sendo exportado, principalmente para China e países da Europa.
"Continuaremos originando grãos, principalmente na região Sudeste e no Maranhão, e serão para 'crushing' (esmagamento)... Chegaremos a 750 mil toneladas neste ano, com potencial de crescimento de 30 por cento até 2020", destacou o executivo, citando a nova estratégia da empresa e a própria recuperação da economia do Brasil como razões para essa perspectiva positiva.
O foco voltado ao mercado interno também deve reverberar sobre o faturamento da Algar Agro, previsto em 1,3 bilhão de reais neste ano, ante cerca de 1,5 bilhão em 2016 e 2017, destacou o executivo, que já havia passado pela empresa como diretor industrial e diretor de operações na década passada.
Mas essa queda não é necessariamente uma previsão ruim. De acordo com Lima Filho, a nova estratégia permitirá uma maior margem à Algar Agro.
"Vamos ter um crescimento de 100 por cento no Ebitda Margem frente à média dos três anteriores... Vamos privilegiar a rentabilidade em detrimento do faturamento", destacou.
MAXIMIZAÇÃO DE PRODUÇÃO
A nova estratégia da Algar Agro não prevê novas unidades de processamento ou armazéns, disse Lima Filho, acrescentando que a intenção agora é "rentabilizar" os investimentos de 240 milhões de reais realizados recentemente.
"Nesse horizonte de curto e médio prazo, a ideia é recuperar a captura de valor. Projetos de impacto não estão nos nossos planos. Queremos aumentar o fator de utilização, retomar a excelência de operações. Queremos rentabilizar os investimentos feitos nos últimos cinco anos, com gestão de custos", afirmou.
Em 2018, o fator de utilização da Algar Agro será de 75 por cento da capacidade instalada nas duas unidades, que soma pouco mais de 1 milhão de toneladas por ano.
Nesse sentido, a ideia da empresa é maximizar o uso da capacidade nas regiões onde já atua, sem expansão, "num primeiro momento", para outras áreas do país.
Também segue no radar da Algar Agro a entrada de parceiros para suas atividades, embora, por ora, não haja nada para ser anunciado, disse o presidente, ressaltando que a companhia estará sempre atenta a oportunidades de trading.
No ano passado, circulou a notícia de que a subsidiária brasileira do grupo japonês Mitsui estaria para comprar 30 por cento de participação na Algar Agro. Indagado sobre o potencial negócio, Lima Filho disse que não há nada para se comentar neste momento.
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