Conversão alimentar e aumento no ganho de peso de suínos em terminação é possível mesmo sem ractopamina

Publicado em 30/08/2023 15:54 e atualizado em 30/08/2023 17:46
Nova tecnologia é alternativa ao aditivo que é proibido por muitos países importadores de carne suína

Logotipo Notícias Agrícolas

A alimentação dos animais quando se fala em suinocultura representa a maior cota na cesta de custos de produção. Conforme informações da Embrapa Suínos e Aves referente a julho deste ano, a alimentação dos suínos representou 73,24% do total de custos. De acordo com Anália Ribeiro da Silva, nutricionista de suínos da Agroceres Multimix, “a gestão do consumo é extremamente importante, tanto do ponto de vista zootécnico quanto do ponto de vista econômico”. 

apresentação aglean agroceres multimix (4)
Anália Ribeiro da Silva 

Dentro do espectro da alimentação na suinocultura, em uma granja de ciclo completo, é na recria e na terminação que estão compreendidos os maiores volumes de ração consumidos. Anália pontua que, somadas, estas duas fases de desenvolvimento dos animais representam pouco mais de ¾ de toda ração que é utilizada na granja. 

O gerenciamento das informações do volume de ração que está sendo oferecido aos animais, quanto de fato é consumido e de que forma os suínos estão aproveitando os nutrientes contidos na formulação, é essencial, conforme a especialista. 

Felipe Norberto Alves Ferreira, também nutricionista da área de suínos da companhia, detalha que existe a necessidade de pesquisa criteriosa para a determinação de qual tipo de alimentação é adequada a cada tipo de animal e em qual fase. 

apresentação aglean agroceres multimix (7)
Felipe Norberto Alves Ferreira

“As linhas de pesquisa se dividem entre desenvolvimento de novos produtos, melhorias de produtos e ingredientes, orientações técnicas e nutricionais, desenvolvimento de conceitos nutricionais”, detalhou. 

Neste sentido, a pesquisa e aplicada para a criação de soluções que tragam eficiência na conversão alimentar do animal, além de evitar desperdícios. 

Nesta terça-feira (29), a Agroceres Multimix apresentou o agLean em um evento realizado em Campinas, São Paulo, para suinocultores de várias partes do país.

apresentação aglean agroceres multimix (5)
Apresentação agLean 

O produto é um blend para ser usado na fase de terminação do suíno, após ele atingir o Pdmax, valor máximo de deposição de proteína, quando a eficiência de conversão do animal diminui. “Ele mantém a taxa de ganho, que é prolongada e sem ter variação na quantidade de ração ofertada, gerando maior eficiência de conversão alimentar”, explicou Anália, destacando a oportunidade na redução dos custos com a nutrição do animal.

Para Ricardo Ribeiral, diretor da Agroceres Multimix, produtos como ractopamina e promotores de crescimento estão com os dias contados. “Em cima disso, a gente já vem fazendo investimentos há bastante tempo no desenvolvimento de alternativas. Chegamos a um produto que não alcança o resultado da ractopamina, mas se aproxima e ganha em grupo de controle. Consequentemente, temos ganho de eficiência na conversão alimentar, o que se torna ainda mais interessante em um ambiente de custos altos e preços baixos (do suínos)”, afirmou.

apresentação aglean agroceres multimix (6)
Ricardo Ribeiral

 

BLEND É NOVIDADE PARA PROMOVER CRESCIMENTO SEM RACTOPAMINA

Focando na terminação dos suínos, onde se concentra o maior consumo de ração e a necessidade de ganho de peso de forma direcionada (mais músculos do que gordura no corpo do animal), surgiu a demanda da criação de uma alternativa.

Francisco Pereira, gerente técnico e nutricionista da Agroceres Multimix, explica que o agLean é um blend que, quando adicionado às rações dos animais em fase de terminação (28 dias pré-abate), pode trazer diferenças. Uma delas é a melhora de cerca de 15% na conversão alimentar nos animais durante este período. 

apresentação aglean agroceres multimix (3)
Francisco Pereira

“O agLean nasceu para atender um mercado que decidiu produzir uma carne isenta de beta adrenérgicos. Alguns países, como China e membros da União Europeia, não compram carne de animal que tenha sido alimentado com uso de ractopamina pelo risco de resíduo na carne”, explicou. 

Pereira destaca que, quando o animal chega em um certo ponto na terminação, ele começa a acumular mais gordura do que músculo, em uma espécie de platô que é o valor máximo de deposição de proteína. 

“Quando o animal é mais jovem, ele tem mais músculo, mas chega um momento em que há uma mudança em que ele começa a acumular mais gordura e perde a conversão alimentar. Para depositar proteína, a cada grama de proteína, ele deposita 4 partes de água, e quando ele deposita gordura, é praticamente apenas gordura. Ele gasta muitos recursos para depositar toucinho, e a gente sabe que o mercado não aceita animais com grande teor de gordura”, explica Pereira. 

Ainda conforme a explicação do especialista, a ractopamina também é indicada para utilização nos 28 dias antes do abate do animal. Comparando as duas alternativas (ractopamina e agLean), a primeira promove um aumento de peso entre 3,5kg a 4kg, e o agLean, cerca de 2,3kg. 

“Chegamos em um produto que podemos considerar que atinge 60% da eficácia da ractopamina. Ainda não chegamos no objetivo final, mas estamos a 60% de uma coisa que é fantástica (a ractopamina), e nós não paramos ainda”, afirma o nutricionista sobre a constante busca pela evolução no produto.

SETOR PRODUTIVO DE OLHO NA NOVIDADE

Jair Miguel Maule, do Grupo Hoepers Maule, de Santa Rita do Trivelato, no Mato Grosso, é suinocultor e comercializa os animais na modalidade independente. Ele explica que a alguns anos o setor passa por bastante dificuldade em relação aos custos de produção, então há a busca por produtos que possam ajudar na remuneração do produtor. 

“A gente tenta buscar uma redução no custo de ração, que equivale a 70% do nosso custo de produção, e um ganho de peso no animal para termos um maior faturamento na venda”, disse. 

Maule aponta que a novidade é vista com bons olhos, como uma chance de que possa proporcionar bons resultados no futuro. “O Brasil produz muita carne, e uma maneira de tirar estes estoques do nosso país é por meio da exportação, encontrando e ampliando mercados. O uso de ractopamina é restrito em muitos países, então por que não o Brasil entrar nessa situação de produzir uma carne com boas condições e com ampla aceitação no mercado externo? Quanto mais a gente conseguir exportar, mais a gente pode melhorar os preços aqui dentro, e este produto é um dos caminhos”, detalhou.

RACTOPAMINA BANIDA NO CHILE

Vicky Sará, que é gerente de produtos para a área de nutrição animal da Novagri, no Chile, explica que a produção suinícola chilena é proibida de utilizar a ractopamina, seja para a produção de carne vendida no mercado interno quanto para a que é exportada. 

“No Chile não se usa ractopamina, e para nós é muito interessante um produto como o agLean porque vem a substituir a ractopamina. Não há nada que se possa usar para o ganho de peso na última etapa de desenvolvimento dos animais antes do abate”. 

Ela explica que a Novagri deve levar um lote inicial do agLean para o Chile e realizar testes em uma granja piloto para, então, passar a comercializá-lo no país. Segundo Vicky, o registro do aditivo junto às autoridades sanitárias chilenas já foi realizado e aprovado. 

“Para mim é muito importante estar no Brasil para entender mais sobre o produto para poder levar as informações a respeito para lançar o produto no Chile”. 
 

Já segue nosso Canal oficial no WhatsApp? Clique Aqui para receber em primeira mão as principais notícias do agronegócio
Por:
Letícia Guimarães
Fonte:
Notícias Agrícolas

RECEBA NOSSAS NOTÍCIAS DE DESTAQUE NO SEU E-MAIL CADASTRE-SE NA NOSSA NEWSLETTER

Ao continuar com o cadastro, você concorda com nosso Termo de Privacidade e Consentimento e a Política de Privacidade.

0 comentário